sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Jackie | Natalie Portman interpreta a viúva de John Kennedy em um filme problemático. (Crítica — Especial Oscars 2017)


O que acontece hoje não é exatamente uma pausa como foi com “Dois Caras Legais” mais cedo, até porque esse longa recebeu três indicações ao Oscar. Decidi falar sobre ele aqui por ter a oportunidade de acertar “dois coelhos com uma cajadada só”, porque além de ter indicações à premiação, ele também estreou ontem (02/02) nos cinemas brasileiros.




Jackie é dirigido por Pablo Larrain, escrito por Noah Oppenheim e estrelado por Natalie Portman, Peter Sarsgaard e John Hurt (que descanse em paz). O longa recebeu três indicações ao Oscar: melhor atriz, melhor figurino e melhor trilha sonora.

O longa conta a história de Jackie Kennedy (Natalie Portman) imediatamente após o assassinato de seu marido, o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy (Caspar Phillipson), e como ela lidou com a perda, pelo que ela passou, como sua fé foi abalada e como ela decidiu honrar a memória dele.

Embora “Jackie” provavelmente seja o melhor filme sobre o assunto que vai aparecer por aí, ele está longe de ser um filme perfeito. A direção de Larrain é um tanto problemática em alguns pontos. No que se diz a respeito de seu trabalho com os atores, por exemplo, não há do que reclamar, as atuações aqui são ótimas, mas falo disso mais a frente.  O mesmo pode se dizer da representação dos anos 60: é tudo bastante autêntico e bem feito, desde os figurinos e cenários até o modo como o diretor criou algumas cenas de maneira a parecerem que são fitas verdadeiras da época. Os maiores problemas estão no jeito em como ele comanda as câmeras, junto do diretor de fotografia Stéphane Fontaine, e no andamento da trama.




Visualmente falando, “Jackie” dificilmente é um filme atraente. Com raríssimas exceções, todos os planos são enquadrados no perfeito centro, mas não de uma maneira como Kubrick fazia ou sequer como Anderson faz: chamativas pela perfeição ou pela extravagância. Aqui, é quase tudo muito “ameno”... Larrain e Fontaine não mexem muito com os lados do plano então seu olho não mexe com frequência e tudo transmite uma sensação de estagnação.

O outro problema, como dito anteriormente, é o andamento da trama, que não é contada de forma linear. Existem muitos flashbacks e flashforwards que são executados de uma maneira que pode te deixar um pouco confuso quanto ao tempo em que se passa o que você está assistindo.

As atuações são todas ótimas e todo mundo faz um ótimo trabalho, mas o maior destaque de todo o filme é definitivamente Natalie Portman. A atriz interpreta Jackie de maneira magistral nesse que é, possívelmente, seu melhor trabalho desde “Cisne Negro” (Black Swan, 2010). A viúva Kennedy é, durante a maior parte do tempo, dura como uma pedra, mesmo após ter perdido seu marido, mas de vez em quando ela “baixa” sua guarda e dá um vislumbre da dor pela qual está passando e são esses, disparados, os melhores momentos do longa, que aparecem nas cenas entre ela e o personagem de John Hurt e na sua entrevista pelo personagem interpretado por Billy Crudup, que também faz um ótimo trabalho.

“Jackie” é, como eu disse, possívelmente o melhor filme sobre o assunto que vai existir e ver o assassinato de John Kennedy pela perspectiva da viúva é definitivamente, na falta de palavra melhor, interessante. Mas o longa ainda assim tem alguns problemas e o principal fator que desperta interesse é a atuação de Natalie Portman, merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz Principal.


AVALIAÇÃO: 3/5
"Bom"

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