O que acontece hoje não é exatamente uma pausa como
foi com “Dois Caras Legais” mais cedo, até porque esse longa recebeu três indicações ao Oscar. Decidi falar sobre ele aqui por ter a oportunidade de
acertar “dois coelhos com uma cajadada só”, porque além de ter indicações à
premiação, ele também estreou ontem (02/02) nos cinemas brasileiros.
Jackie
é dirigido por Pablo Larrain,
escrito por Noah Oppenheim e
estrelado por Natalie Portman, Peter Sarsgaard e John Hurt (que descanse em paz). O longa recebeu três indicações ao Oscar: melhor atriz, melhor figurino e melhor trilha sonora.
O longa conta a história de Jackie Kennedy (Natalie Portman) imediatamente após o assassinato
de seu marido, o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy (Caspar
Phillipson), e como ela lidou com a perda, pelo que ela passou, como sua fé
foi abalada e como ela decidiu honrar a memória dele.
Embora “Jackie” provavelmente seja o melhor filme
sobre o assunto que vai aparecer por aí, ele está longe de ser um filme
perfeito. A direção de Larrain é um tanto problemática em alguns pontos. No que se
diz a respeito de seu trabalho com os atores, por exemplo, não há do que
reclamar, as atuações aqui são ótimas, mas falo disso mais a frente. O mesmo pode se dizer da representação dos
anos 60: é tudo bastante autêntico e bem feito, desde os figurinos e cenários
até o modo como o diretor criou algumas cenas de maneira a parecerem que são
fitas verdadeiras da época. Os maiores problemas estão no jeito em como ele
comanda as câmeras, junto do diretor de fotografia Stéphane Fontaine, e no andamento da trama.
Visualmente falando, “Jackie” dificilmente é um
filme atraente. Com raríssimas exceções, todos os planos são enquadrados no
perfeito centro, mas não de uma maneira como Kubrick fazia ou sequer como
Anderson faz: chamativas pela perfeição ou pela extravagância. Aqui, é quase
tudo muito “ameno”... Larrain e Fontaine não mexem muito com os lados do plano
então seu olho não mexe com frequência e tudo transmite uma sensação de
estagnação.
O outro problema, como dito anteriormente, é o
andamento da trama, que não é contada de forma linear. Existem muitos
flashbacks e flashforwards que são executados de uma maneira que pode te deixar
um pouco confuso quanto ao tempo em que se passa o que você está assistindo.
As atuações são todas ótimas e todo mundo faz um
ótimo trabalho, mas o maior destaque de todo o filme é definitivamente Natalie
Portman. A atriz interpreta Jackie de maneira magistral nesse que é,
possívelmente, seu melhor trabalho desde “Cisne Negro” (Black Swan, 2010). A
viúva Kennedy é, durante a maior parte do tempo, dura como uma pedra, mesmo após
ter perdido seu marido, mas de vez em quando ela “baixa” sua guarda e dá um
vislumbre da dor pela qual está passando e são esses, disparados, os melhores
momentos do longa, que aparecem nas cenas entre ela e o personagem de John Hurt
e na sua entrevista pelo personagem interpretado por Billy Crudup, que também faz um ótimo trabalho.
“Jackie” é, como eu disse, possívelmente o melhor
filme sobre o assunto que vai existir e ver o assassinato de
John Kennedy pela perspectiva da viúva é definitivamente, na falta de palavra
melhor, interessante. Mas o longa ainda assim tem alguns problemas e o
principal fator que desperta interesse é a atuação de Natalie Portman,
merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz Principal.
AVALIAÇÃO: 3/5
"Bom" |
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