terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Chegada | Denis Villeneuve ataca novamente! (Crítica — Especial Oscars 2017)

Para mim, pessoalmente, todo novo filme de Denis Villeneuve é um evento. Quase um feriado. É algo que eu preciso assistir o quanto antes. O diretor canadense tem uma filmografia ainda relativamente pequena, mas impecável. Em minha mente só vêm dois outros diretores no mundo com um currículo tão brilhante quanto este: David Fincher e Ben Affleck. Isso deve ser o suficiente para você aí que está lendo entender a magnificência do que estou falando aqui. Vamos seguir em frente com nosso especial:




A Chegada (Arrival) é dirigido por Denis Villeneuve, escrito por Eric Heisserer e é baseado no conto Story of Your Life (1999), de Ted Chiang. É estrelado por Amy Adams, Jeremy Renner e Forest Whitaker e recebeu 8 indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor design de produção, melhor montagem, melhor edição de som e melhor mixagem de som.

No longa, um punhado de naves extraterrestres pousa em 12 lugares diferentes no planeta Terra e ninguém tem a mínima ideia de suas intenções. A renomada linguista americana Dra. Louise Banks (Amy Adams) é chamada juntamente com o físico Ian Donnelly (Jeremy Renner) pelo governo para tentar decifrar e interpretar o “idioma” dos visitantes e desenvolver um modo de comunicação com o objetivo de entender o propósito deles aqui.

Como eu disse no começo deste texto, quando se trata de Villeneuve, todo e qualquer novo filme dele é um grande evento para mim (tô de olho em você, “Blade Runner 2049”). E não é à toa: as obras do cara já moram nas minhas listas de “melhores filmes do ano” desde 2013. Estamos falando do homem responsável por Os Suspeitos (Prisoners, 2013 — Não confundir com aquele outro “Os Suspeitos” de 1995 com Kevin Spacey, cujo nome original é “The Usual Suspects”), O Homem Duplicado (Enemy, 2014) e Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, 2015). Cada um desses longas é um exemplo de como se fazer um filme, e “A Chegada” não é diferente.




Logo de cara, permita-me dizer que este, assim como seus “antecessores”, é um filme extremamente bem dirigido. De maneira similar *àquela* magistral direção de “Sicario”, por exemplo, Villeneuve até repete a mesma fórmula aqui, ao menos no início. A habilidade do diretor canadense de construir e sustentar um suspense cada vez mais intenso durante o primeiro ato do longa é admirável: durante boa parte do tempo você ouve falar sobre a chegada dos alienígenas à Terra. Você assiste à filmagens amadoras das naves, mas que propositalmente não te permitem enxergar direito. Quando a revelação das naves finalmente acontece, não só a apresentação do momento como todo o suspense que sustentou essa cena pelos últimos minutos fazem seu queixo ir ao chão. E a jogada se repete. Você ouve relatos de pessoas que viram os extraterrestres, e elas se recusam a descrevê-los. A angústia e a vontade de saber como os ditos-cujos só aumentam, você consegue senti-las na boca do estômago.... quando a revelação finalmente acontece, lá se vai seu queixo pro chão mais uma vez. Melhor comprar uns curativos. Além disso, “A Chegada” não é nenhum “Independence Day” ou “Aliens: O Resgate” ou “Guerra dos Mundos” (graças aos deuses). Em outras palavras, este não é uma ficção científica de ação. Muito pelo contrário, na verdade. O longa se apoia bastante no suspense e na tensão, então se alguma comparação é necessária para se ter alguma base do que esperar do modo como o longa toca o barco, tenha em mente o filme “Sinais”, de M. Night Shyamalan. Mas, ainda assim, “A Chegada” não é a mesma coisa. É vastamente diferente.

Falando nas “apresentações”, permita-me dizer que este filme não está concorrendo ao Oscar de Melhor Fotografia à toa. Mais uma vez, assim como “Sicario”, “A Chegada” é um banquete aos olhos. Tome como exemplo o maravilhoso longo plano que finalmente nos apresenta a nave extraterrestre: parada ali, coberta de neve, majestosa sobre as insignificantes instalações humanas quase como que ao sopé de uma montanha. E não é apenas isso, claro. O longa está coberto e recheado com deliciosos planos durante todos os seus 116 minutos. “A Chegada”  pode não ter Roger Deakins como “Sicario” teve, mas o atual diretor de fotografia, Bradford Young — que trabalhou anteriormente em “Selma: Uma Luta pela Igualdade” (Selma, 2014) e “O Ano Mais Violento” (A Most Violent Year, 2014) —, preenche a vaga mais do que bem.

Mesmo assim, tais cenas não teriam o impacto que têm se não fosse, também em grande parte, graças às atuações de Jeremy Renner e, principalmente, Amy Adams. Ambos dão, com certeza absoluta, uma das melhores atuações de suas carreiras. O que te faz pensar qual o obscuro motivo de Adams não ter sequer recebido uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Principal.




O roteiro brinca um pouco com o pânico que um evento desses causaria caso realmente acontecesse, e até chega a alertar para os problemas que podem ser causados pela disseminação de notícias falsas (algo extremamente atual), o que leva à um certo momento no longa (que eu não vou dizer exatamente qual é por motivos de SPOILERS. Mas você entende assim que assiste ao filme) que até tem boas intenções, mas que pareceu não ter nenhum motivo para acontecer, visto que não muda o curso de nada e não tem grandes consequências na história. Enfim...

Este não é o primeiro filme de enredo complicado que Villeneuve dirigiu (“O Homem Duplicado” é a prova), e o terceiro ato pode até dar um nó nos espectadores mais desavisados. Mas o longa não engana nem tenta fugir sem dar uma explicação aos acontecimentos. Basta assistir com bastante atenção desde o primeiro plano e tudo vai fazer sentido.

No fim das contas, “A Chegada” é um grande filme. Se é ou não o melhor filme da carreira do diretor até o momento vai depender de quem está sendo perguntado (em minha humilde opinião, “Sicario” ainda é superior), mas é definitivamente um dos melhores filmes sobre invasão alienígena que já tivemos, digno de figurar pelo menos entre o Top 5! É outro forte concorrente ao prêmio de Melhor Filme (além de Melhor Fotografia e... bem... todos os outros) e Villeneuve ao de Melhor Diretor. Confesso que gostaria de ter falado sobre ele bem mais cedo, mas não tive a oportunidade, até ele ser indicado ao Oscar! De qualquer maneira, este é um filme que respeita sua audiência (*cof* *cof* “Interestelar” *cof* *cof*) e vale cada centavo.


AVALIAÇÃO: 5/5
"Extraordinário"

Um comentário:

  1. É uma boa opção para uma tarde de filmes. Os filmes de ficção são os meus preferidos, mas Assistir Arrival se tornou no meu filme preferido. Sua historia é muito fácil de entender e os atores podem transmitir todas as suas emoções, é muito interessante. Eu recomendo muito e estou segura de que se converterá numa das minhas preferidas.

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