sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida | O Universo Cinematográfico da DC ainda precisa de um pontapé inicial. (Crítica)



E ele finalmente estreou. O filme que estava facilmente no "top 5 filmes mais esperados de 2016" de todo mundo finalmente chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (04/08). Com o fracasso de O Homem de Aço e, principalmente, Batman v Superman: A Origem da Justiça nas bilheterias (afinal de contas, o filme com três dos heróis mais famosos do mundo não conseguiu arrecadar nem US$ 1 bilhão. Confira as críticas da versão dos cinemas aqui e da versão estendida aqui), divisores de opiniões, a DC/Warner, além de todos os fãs, apostavam bastante neste longa para dar o "pontapé inicial" no Universo Cinematográfico da editora.

Esquadrão Suicida (Suicide Squad) é dirigido e escrito por David Ayer e traz um grande elenco composto por Will Smith, Margot Robbie, Jared Leto, Viola Davis, Joel Kinnaman, Cara DelevingneJai Courtney e outros.

Este não é o primeiro longa baseado em quadrinhos a trazer renegados completamente desconhecidos por 99% da população, vide Guardiões da Galáxia, e este não seria o primeiro a fazer isto bem. Isto é, caso ele tivesse feito isso bem, o que não foi o caso. Esquadrão Suicida foi muito decepcionante.




Certamente o longa não é de todo descartável, claro que não. Esquadrão Suicida começa problemático, mas marginalmente interessante. Temos, por exemplo, os flashbacks que estabelecem aos poucos o passado dos personagens mais importantes como o Pistoleiro (Will Smith) e Arlequina (Margot Robbie), mas é exatamente por aqui, justamente por esse motivo de ter que apresentar personagens desconhecidos ao Universo Cinematográfico da DC, que o filme apresenta, pela primeira de muitas vezes, um dos seus maiores problemas. Ao longo de todos os seus 123 minutos de duração, sempre temos aquele personagem que tá sempre ali pra contar a história e explicar alguma coisa. É aquela velha história do show, not tell, que quer te dizer o que aconteceu e como você deve se sentir a respeito daquilo.

Falando em Pistoleiro e Arlequina, se Esquadrão Suicida tem algo ponto alto (mas alto MESMO), é essa dupla. Não só pela atuação fantástica de ambos como pela verossimilhança dos personagens no longa com o material original. Se você é daqueles que não suporta quando um personagem no filme soca com a mão direita em vez da esquerda, como no material original, aqui você vai se sentir muito bem. Tome a Arlequina de Robbie, por exemplo. Basta você ter conhecimento da clássica personagem que surgiu lá na série animada do Homem-Morcego na década de '90 e perceberá que ela tem toda aquela essência, dos trejeitos e maneirismos aos one-liners e até o martelo gigante. Embora ainda mais sexualizada que no desenho animado (!!!), não é exagero dizer que ela carrega o filme nas costas junto de Will Smith. E já que estamos aqui, vale mencionar que Viola Davis também faz um bom trabalho como Amanda Waller, fazendo justiça à personagem dos quadrinhos, ao menos num primeiro momento.

E, já que eu citei o Homem-Morcego, comentemos: sim, o Batman do Ben Affleck está no longa e ele é incrível, mesmo aparecendo por, no máximo, uns 3 minutos. Só deixa ainda mais ansioso para o filme solo do personagem.




Jai Courtney, por mais incrível que pareça, entrega uma performance cheia de carisma, mesmo quando todas as chances estavam contra ele (1. Ele nunca, NUNCA entregou um personagem carismático antes. Melhor ainda: ele nunca fez um outro personagem antes, todos os seus personagens anteriores eram o mesmo. e 2. Ele foi escalado para interpretar um vilão do Flash... isso, por si só, já é bem ruim, mas não foi qualquer vilão, foi o Capitão Bumerangue!), pasmem, ele conseguiu entregar algo ótimo, pela primeira vez na história!

Por fim, Joel Kinnaman (que ficou conhecido por ter interpretado o Robocop no reboot de 2014) também fez um trabalho decente como Rick Flagg, o líder do grupo.

Dito isso, basta falar que, daí pra frente, o longa só desmorona.

A direção de David Ayer é extremamente problemática. Das decisões meio adolescentes (como no momento em que os personagens estão sendo apresentados, com ficha técnica e tudo) que remetem à novela Malhação (sério!) até a montagem completamente picotada, com muitas cenas que foram claramente retiradas (algumas das quais até estavam nos trailers, mas não no corte final)... fica claro que o resultado final não é o filme que o diretor planejava e parece que a Warner (de novo) meteu a mão onde não devia após as críticas negativas da Batman v Superman.




Muita coisa foi cortada e muita coisa desnecessária adicionada, como se o estúdio tivesse visto a necessidade desesperada de apresentar os personagens e cair na ação. Falando na ação, há momentos bastante bacanas, mas grande parte dela se resume a cenas meio avulsas que parecem não pertencerem ali, como uma cena em específico que envolve a Arlequina num elevador. Com o fim do primeiro ato, o que temos é um filme completamente bagunçado. Uma bola de neve formada por clichês e cenas de ação pra todos os lados e tom irregular. Não estranhe se o terceiro ato te lembrar o reboot do ano passado de Quarteto Fantástico.

A vilã do filme, a Magia de Cara Delevingne. é ridícula. Não passa de um MacGuffin, ou seja, um motivo pra unir os heróis no início e que depois perde toda a importância até voltar a ser mencionado no clímax. Ela é um compilado de clichês, com poses retorcidas e caras e bocas. Em alguns momentos eu juro que ela parece estar dançando ula. É uma mistura de Zuul, do Caça-Fantasmas originais, com tudo que há de mais burro no Universo Cinematográfico da DC. Seu plano? Ficar parada num prédio esperando o Esquadrão aparecer e acabar com ela, enquanto periodicamente manda uns servos — que se parecem zumbis mas que são tão úteis quanto aqueles carinhas de collant cinza em algum Power Rangers — para atrapalhar os "heróis". Pense em desperdício de atriz.

Além disso, entre os personagens sem-vergonha do filme, também temos o Amarra (Adam Beach)... é inacreditável que eles tiveram culhões pra fazerem o que fizeram.




E, é claro, não podemos esquecer dele, que talvez seja o elemento mais esperado do filme desde seu anúncio: O Coringa de Jared Leto. Em poucas palavras: ele é ruim. Elaborando um pouco mais: É triste ver isso acontecer depois de uma performance tão ótima quanto a de Heath Ledger em 2008 ou quanto a de Jack Nicholson em '89? Sim, é, mas não há nada a se fazer. Servindo apenas como uma escolta, o Coringa de Leto é um personagem que brota aqui e ali durante o filme, mas que, no total, tem um tempo de tela extremamente pequeno. Embora não dê para criticá-lo por ser uma desvirtuação completa do clássico personagem, afinal de contas ele não é o primeiro, é difícil entender o que eles tentaram fazer com esse Coringa. Ele é um psicopata, de fato, mas só. A parte do palhaço foi completamente esquecida e substituída por ruídos bizarros constantes e decisões que o personagem original jamais tomaria. Não foi dessa vez... mas quem sabe no filme solo do Batman.

Tendo em mente aquela ótima animação de 2014 Batman: Assault On Arkham, não seria errado esperar que este longa tivesse aprendido algo com ela. Não foi o caso, infelizmente.

No fim das contas, Esquadrão Suicida não é péssimo, mas também não é "SUPER DEMAIS UHULL MELHOR FILME". Eu me arrisco a dizer que ele sofre de problemas similares aos de Batman v Superman e também não está lá muito diferente em qualidade. Com um humor que funciona hora sim, hora não, um segundo e terceiro atos completamente desfuncionais e bagunçados, uma vilã ridícula e uma direção extremamente problemática, com direito à uma montagem que deixou de lado mais cenas do que devia, talvez o filme tenha uma versão melhor guardada em algum lugar por aí, apenas esperando para ser lançada como uma versão estendida em blu-ray, porque essa chega a parecer um Fuga de Nova York, só que nem de longe tão gloriosa quanto.


AVALIAÇÃO: 2.5/5
"Regular"

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