quinta-feira, 30 de junho de 2016

Batman v Superman: A Origem da Justiça — Edição Definitiva | A prova viva de que "História > Duração". (Crítica)



Quando ainda em Março, quem diria que, em pouco mais de três meses dali, eu estaria escrevendo sobre Batman v Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice) mais uma vez? Mesmo assim, aqui estou, após assistir a tal Ultimate Edition (ou Edição Definitiva, como foi nomeada aqui no Brasil) que prometia adicionar nada menos que 30 minutos inéditos ao longa já bastante... bem... longo, oras. Mas a pergunta de 1 milhão de reais é: Esses 30 minutos extras mudam alguma coisa?

Em uma palavra: sim. Mas eu imagino que você não esteja aqui para ler uma palavra, não é? Mas, antes de seguir, que tal você dar uma conferida na minha crítica original ao filme que eu escrevi quando ele estreou no cinema? Se você ainda não viu, clique aqui.

Leu a crítica? Então vamos elaborar essa aqui...

Atenção: A crítica a seguir contém spoilers. Você foi avisado.

Sim, a meia hora extra é realmente benéfica ao longa de Zack Snyder. Ela não faz milagres, claro, e alguns problemas só seriam consertados se o filme fosse refeito (ou não?), mas é impressionante a quantidade de lacunas que ela preenche e o tanto de "sentido" que ela injeta na produção como um todo.

Logo na cena que se passa na África, já temos muito material inédito. Primeiro, vemos Jimmy Olsen (Michael Cassidy), disfarçado de fotógrafo (sim, ele estava no corte do cinema, mas não sabia-se com certeza sua identidade até Snyder confirmá-la), e seus parceiros da CIA atacando o complexo do tal general com um drone. Antes de invadir o local para salvar Lois Lane (Amy Adams), Superman (Henry Cavill) é visto destruindo o drone e o míssil disparado, o que poderia ter matado sua amada e os africanos. No corte de cinema essa sequência era um pouco confusa, mas aqui toda a armação de Lex Luthor (Jesse Eisenberg) e Anatoli Knyazev (Callan Mulvey) para incriminar o Homem de Aço se torna mais clara.

Aliás, logo aqui já podemos ver os motivos da classificação "R" para essa versão estendida. O sangue que é acrescentado quando personagens são baleados (e não é acrescentado só aqui, como no filme inteiro) e um amontoado de corpos que seriam carbonizados por Knyazev para incriminar Superman. Mais pra frente também vemos uma cena com um esfaqueamento e um breve plano mostrando uma bat-bunda enquanto Bruce Wayne (Ben Affleck) está no banho.




Falando em Homem de Aço, é impressionante a quantidade de cenas que o personagem tinha antes dos cortes para o cinema, o que equilibra muito mais o filme quando posto em comparação com o número de cenas que o Morcego tem. Há muitos momentos onde vemos com mais clareza a raiva do Superman pelo Batman aumentando. Em uma cena, Clark procura por Kahina Ziri (Wunmi Mosaku), a mulher que testemunhou contra Superman no tribunal, e só encontra um senhor que vive no mesmo prédio comentando como a população está com medo do Homem-Morcego. "Ele é mau e está caçando", diz o homem.

Mais tarde é visto que esse homem é o pai de Kahina e que ela havia sido contratada por Luthor para incriminar o Homem de Aço. No seu depoimento, ela comenta como seus pais foram mortos pelo herói e na versão estendida podemos ver que isso não era verdade, já que, como dito, seu pai estava bem vivo. Não só isso como a personagem tem seu desfecho, morta por Knyazev depois de ter se arrependido e contado a verdade à Senadora Finch (Holly Hunter), empurrada na frente de um trem.

Em outra cena, vemos o desfecho do criminoso marcado pelo Morcego no início do filme. Com o nome de Santos, ele é preso, transferido para Metropolis e esfaqueado até a morte por outro preso, a pedido de Knyazev. Com isso, temos outra cena inédita de Clark conversando com uma Sra. Santos, que lhe explica como o homem também era um pai e comenta "O Batman é o juiz. Ele decide quem vive". Essa se mostra como a gota d'água para o Superman.




A presença de pessoas comuns também é maior nessa versão, reforçando a importância da mídia no filme e a divisão do público a respeito do Superman (uns o aceitam, outros não): vemos dois policiais assistindo a um jogo de futebol americano entre Gotham e Metropolis (os mesmos policiais que confrontariam o Morcego no porto, no início do filme, onde encontrariam as garotas traficadas e Santos marcado), vemos garçons assistindo ao Daily Show com comentários sobre as ações do Superman e ainda vemos civis discutindo o que o Superman teria a ver com o atentado ao Capitólio.

Além disso, temos a explicação do motivo do herói não ter impedido a explosão: a cadeira de rodas era revestida em chumbo, o único material que bloqueia a visão de Raio-X e a super-audição do Homem de Aço. Ainda sobre o atentado, vemos uma cena onde Lois visita o apartamento de Wallace Keefe (Scoot McNairy), o funcionário da Corporação Wayne que perdeu as pernas, e descobre sua geladeira cheia, indicando que ele não sabia que iria morrer no Capitólio. Ou seja, era tudo uma armação apenas de Luthor e Keefe era completamente inocente.

Por fim, vale mencionar que a tão comentada personagem de Jenna Malone não é a Batgirl ou qualquer outro boato que os fãs tenham criado. Ela nada mais é do que Janet Klyburn, uma analista forense dos Laboratórios S.T.A.R.




No fim das contas, é claro que Batman v Superman: Edição Definitiva não é milagrosa, mas a meia hora a mais é muito benéfica para o longa, descomplicando o primeiro ato e, acima de tudo, melhorando MUITO o problema de ritmo com a adição das novas cenas. Talvez essa se mostre como uma lição para a Warner não insistir em sacrificar pedaços de um filme, que aos seus olhos não são importantes, apenas para ter um corte mais "confortável" para os cinemas. Afinal de contas, as pequenas engrenagens numa máquina são tão importantes quanto as maiores.

Parece que ninguém ainda reparou como longas como O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei têm 201 minutos de duração e isso não os impediu de quebrar a barreira dos US$ 1 bilhão em bilheteria.

Talvez, só talvez, se fosse essa a versão que despontou nas telonas do mundo todo, as coisas teriam sido diferentes...


AVALIAÇÃO: 4/5
"Ótimo"

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