sexta-feira, 6 de maio de 2016

Capitão América: Guerra Civil | Talvez não o melhor filme da Marvel, mas uma baita experiência mesmo assim. (Crítica)



E a Guerra Civil da Marvel finalmente chegou aos cinemas na semana passada! Quem diria que, há pouco menos de duas décadas atrás, era raridade um super-herói ganhar um filme, ainda mais se ele não fosse ridiculamente popular, como o Superman ou o Homem-Aranha. Hoje, temos não só filmes de personagens completamente desconhecidos, como o Homem-Formiga ou os Guardiões da Galáxia, como também temos adaptações de arcos inteiros, sagas completas no mundo dos quadrinhos, e que, no fim das contas, são bons! (Isso automaticamente exclui X-Men 3: O Confronto Final, por exemplo, que tentou trazer a Fênix).
            
Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War) foi, assim como o último filme do Bandeiroso, dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely e trouxe, basicamente, todo o elenco principal de Vingadores: Era de Ultron (com duas exceções) e mais um monte de outros heróis. Dito isso, temos Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Don Cheadle, Anthony Mackie, Paul Rudd, Frank Grillo, Jeremy Renner, Paul Rudd e os recém-chegados ao MCU Tom Holland, Marisa Tomei, Chadwick Boseman e Daniel Brühl, além da surpreendente volta de William Hurt, que estava longe do MCU desde o segundo filme desse extenso universo compartilhado, O Incrível Hulk. Ufa! Basicamente, esse é o maior encontro de super-heróis da história do cinema, até o momento.
            
Em Guerra Civil, toda a destruição causada pelos heróis ao longo dos filmes anteriores finalmente teve consequências. Com a destruição de Nova York em Os Vingadores, Washington em Capitão América: O Soldado Invernal, Sokovia em Vingadores: Era de Ultron (curiosamente eles não contaram Londres, em Thor: O Mundo Sombrio) e, mais recentemente, em Lagos, na Nigéria, governos do mundo inteiro se juntaram e criaram os Tratados de Sokovia, algo que, em prática, controlaria as ações dos Vingadores, minimizando danos. Por motivos um tanto pessoais, Tony Stark (Robert Downey Jr.) se propõe a assinar os Tratados, enquanto Steve Rogers (Chris Evans) se põe completamente contra esse tipo de controle. Pronto, está armada a Guerra Civil. :D



            
Esse filme é impressionante em diversas maneiras. Possui duas características dos trabalhos dos Russo Brothers na Marvel: o tom é muito mais sério (sem deixar de lado o característico humor dos longas da Marvel, claro), algo que foi esboçado em Capitão América 2 e um pouco mais aproveitado em Vingadores 2, mas que brilha de verdade só aqui. Além disso, ele se mostra não como um filme de super-heróis, como Os Vingadores, por exemplo, mas sim como um filme de ação que, por ironia do destino, tem pessoas superpoderosas.
            
Por falar nisso, a ação nesse longa beira o espetacular (e eu nem tô falando do Teioso. Já já conversaremos sobre ele). O stunt-team, ou equipe dos paranauês, como quiser chamar (até porque “malabarismo” não é exatamente a palavra certa) fez milagres. Se em O Soldado Invernal a ação já era visceral, pé no chão e altamente empolgante, coisa que faria até mesmo Jason Bourne abrir um sorriso de orelha à orelha, aqui as coisas são ainda melhores. Existem cenas que não fazem nada menos do que te deixar boquiaberto, ainda mais aquelas protagonizadas pela Viúva-Negra (Scarlett Johansson). Jason Bourne está orgulhoso.
            
Por outro lado, o trabalho com as câmeras chega a incomodar em certos momentos. Com ainda mais cortes secos super-rápidos que seu antecessor, o novo filme do Capitão traz também aquela “técnica” que primeiro frita o cérebro do espectador e depois o enche de raiva: a famigerada shaky cam, ou câmera sacudida. Uma doença que infecta Hollywood e que eu nunca imaginei que veria em um filme da Marvel, mas eis que ela surge. Não sei ao certo o motivo dela estar aqui, já que não é para mascarar a ação, que claramente é mais do que competente. Isso é um tanto decepcionante, na verdade, além de me deixar inseguro a respeito dos dois últimos filmes da Terceira Fase do MCU, as duas partes de Vingadores: Guerra Infinita que também estarão nas mãos dos irmãos Russo.



            
O que é sempre bom lembrar é que esse ainda é um filme do Capitão América e não dos Vingadores, o que significa que boa parte dos seus 147 minutos é voltada à busca do herói pelo seu melhor amigo de infância, Bucky Barnes (Sebastian Stan) e essa parte da história funciona muito bem, embora isso não queira dizer que o conflito entre o Capitão e o Homem de Ferro seja ruim.
            
Muito pelo contrário, esse conflito é muito bem desenvolvido, e você entende cada um dos lados completamente. Tendo isso em mente, tomar um partido logo no início do filme e não se questionar nem mesmo uma vez ao longo da experiência certamente quer dizer que você tem um coração de pedra. Por ser extremamente bem desenvolvido e criar um grande dilema moral, quando o conflito físico finalmente começa, você se importa com cada um dos personagens.
            
Os recém-chegados ao universo da Marvel certamente foram recebidos com muita apreensão e, de certa forma, cumpriram com as expectativas. O Pantera Negra de Chadwick Boseman, por exemplo, é ótimo e, mesmo surgindo nesse longa e tendo um tempo de tela limitado para se desenvolver, consegue ser bastante cativante. Um legítimo badass.



            
O mesmo pode ser dito do Homem-Aranha de Tom Holland. Sua apresentação é eficiente e sua interação com o resto dos heróis na emblemática batalha num aeroporto é mais do que divertida. Cheio de piadas e com uma boca que fecha tanto quanto a do Mercenário Tagarela Deadpool, o Aranha aqui é como o fanboy na plateia, incrédulo e espantado com tudo que está vendo, “tietando” cada um sempre que surge a menor oportunidade. O único problema de seu personagem é que ele é mais um fan-service do que algo integral e importante ao enredo. Se ele não estivesse aqui, não faria a menor diferença em termos de história, e é um tanto triste ver o Teioso aparecer efetivamente em uma cena, e nunca mais depois. Por outro lado, sua introdução é, no mínimo, memorável. Apadrinhado por Tony Stark, o jovem Peter Parker é realmente um garoto pobre do Queens, dono de um péssimo computador da década de ’90 e um praticante de dumpster diving, dotado de um uniforme terrível antes de ganhar um upgrade do bilionário. O personagem é divertido e relacionável, mas muito subestimado.
            
Mas afinal, é ou não é o melhor Homem-Aranha dos cinemas? Difícil dizer. Tanto enaltecimento pela internet afora mais parece sintoma da mágoa deixada por O Espetacular Homem-Aranha 2 ou uma vontade louca de firmar a Marvel como a maior e única autoridade quando se trata de adaptações de quadrinhos, graças à passagem de Batman v Superman recentemente.
            
Ao meu ver, ainda é cedo para enaltecer tanto assim o personagem que a Casa das Ideias botou na telona. Parece ser mais sensato esperar pelo seu aguardado filme solo, que chega em Julho do ano que vem. Tiraremos tais conclusões só então.



            
Mesmo com suas qualidade, Capitão América: Guerra Civil ainda está um pouco longe da perfeição. Além do incômodo que é a fotografia, ainda existem alguns problemas no roteiro. Um em específico que também estava em Era de Ultron me incomodou bastante: o desenvolvimento dos personagens. Tanto o Homem-Aranha quanto o Homem-Formiga de Paul Rudd não são muito bem-desenvolvidos, mas não de forma tão ruim quanto na segunda emplacada dos Vingadores, com os gêmeos Maximoff. Por mais que os dois funcionem muito bem na cena em que entram em ação, fica aquele gosto amargo de que um não foi usado como deveria e abandonado logo depois da ação e o outro não evoluiu nada desde o filme passado, também sendo abandonado logo após o confronto. Além disso, existe um confronto emocional com Tony Stark que envolve os seus pais e que também não convence muito, além de parecer um pouco apressado.
            
A computação gráfica é algo que chega a dar vergonha. Em uma cena de perseguição numa rodovia, o Pantera Negra te tira completamente do filme por uma CGI bem meia-boca e o mesmo ocorre com o Cabeça de Teia em sua aparição no aeroporto. Completamente inconcebível que um filme da Marvel apresente tais problemas, visto que Homem de Ferro, de oito anos atrás, por exemplo, não era tão estranho assim. E até hoje não o é.
            
No entanto, diferente de Era de Ultron, esse longa não tem nenhuma cena inexplicável e desnecessária que só existe pra estabelecer uma sequência.



           
O vilão, Barão Zemo (Daniel Brühl), também não é lá muito convincente. Você entende os seus motivos, mas a ele falta presença, e mesmo sendo o responsável por puxar as cordas e arquitetar tudo, é comum você se esquecer dele durante o longa. Mais um pra conta de vilão “méh” da Marvel, algo que vem rolando desde o término da Fase Um.
            
A trilha sonora de Henry Jackman é bacaninha. Não é memorável nem nada disso, mas é empolgante o suficiente quando precisa ser, mas ainda assim não chega nem aos pés do incrível trabalho de Alan Silvestri em Os Vingadores.
            
Dizer que Capitão América: Guerra Civil é o melhor filme da Marvel é exagerar um pouco, algo que talvez também seja um sintoma de Batman v Superman (“ah, a DC fez um filme meia-boca? Pois a Marvel vai fazer O MELHOR FILME dela, só espera!”), mas é inegável que há qualidade aqui, e é inegável que eles estão caminhando para um possível estouro no gran-finale que será a Guerra Infinita contra o Titã Louco. Basta dar atenção aos personagens novos e seguir a fórmula, porque ela parece que ainda está dando certo.



AVALIAÇÃO: 4/5
"Ótimo"

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