quinta-feira, 14 de abril de 2016

O Espetacular Homem-Aranha | Quando eles resolveram matar o tio Ben de novo... (Crítica)



Capitão América: Guerra Civil está quase chegando aos cinemas e, se você ainda não sabe, estamos fazendo uma série de críticas de todos os filmes do Cabeça de Teia, em preparação. Já cobrimos toda a trilogia de Sam Raimi e chegou a hora de falar da trilogia de dois de Marc Webb.
            

Atenção: Caso você ainda não tenha assistido ao filme, saiba que a crítica a seguir está repleta de spoilers! Você foi avisado...
            

Feito para recomeçar a história do personagem e lançado em 2012, O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man) foi dirigido por Marc Webb, escrito por James Vanderbilt, Alvin Sargent e Steve Kloves e trouxe um elenco completamente reformulado, com Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Irrfan Khan, Martin Sheen e Sally Field.
            
Depois da baixa recepção do público e da crítica no terceiro filme da trilogia de Raimi e a subsequente saída do diretor, a Sony desistiu de um quarto longa e decidiu se focar num reinício, um reboot. Desta forma, tudo foi repaginado e nós tivemos que ver o tio Ben morrendo de novo.
            
Trazendo Marc Webb, um cara que até então só tinha feito o filme (500) Dias com ela e vários videoclipes e o resultado é um longa de 136 minutos que mais parece um extenso videoclipe de rock alternativo com o Homem-Aranha e nenhum estilo próprio do diretor, algo inexplicável após Sam Raimi ter praticamente estampado todo seu estilo em sua trilogia que estava há apenas cinco anos atrás.




Além disso, o roteiro é um pouco furado, com histórias secundárias e personagens que desaparecem sem explicação (como o personagem de Irrfan Khan) e personagens muito mal desenvolvidos, como o Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) que é completamente jogado na mistura sem sequer um passado digno e que, quando finalmente se transforma no Lagarto, tem o pior plano do mundo: transformar toda a população de Nova York em lagartos... Pô, isso é pior do que destruir o mundo.
            
O problema é que cenas como a conclusão do personagem de Khan e cenas que explicam o passado de Connor foram rodadas, mas foram cortadas da edição final.
            
Andrew Garfield faz um bom trabalho como Peter Parker, embora ele, vestido de hipster e quase sempre parecer estar numa ressaca, seja mais otário do que deveria, andando de skate na escola mesmo quando seus professores dizem que ele não pode, humilhando Flash Thompson de propósito (embora haja debates a respeito disso, visto que o Peter original de Lee e Ditko em ’64 era bem cuzão com o bully) e sendo um maldito stalker meio obsessivo tirando fotos de Gwen Stacy (Emma Stone) de longe. Tobey Maguire era chorão e bobalhão, verdade. Mas ao menos ela era um personagem relacionável, “simpatizável” e “gostável”, e não um completo babaca. Ao menos ele é definitivamente o gênio que deveria ser. Onde Garfield mais brilha, no entanto, é como o Teioso e você percebe que ele, que na vida real é um grande fã do personagem, está realmente tentando fazer jus ao herói.



          
Uma das principais reclamações com a trilogia original de Sam Raimi foi devido ao fato de que o Aracnídeo não é o smart-ass/piadista engraçadinho que deveria ser, algo que eu acho completamente infundado, já que ele tem sim seus momentos, mas talvez as reclamações sejam porque não são muitos momentos, e nem são tão frequentes. Enfim, a Sony aparentemente ouviu tais reclamações e adicionou nesse filme uma cena onde ele praticamente destrói um ladrão de carros e ainda zoa o policial que eventualmente aparece. A cena é muito boa, mas pense bem: é só uma em todo o filme. Três minutos em 136. E é só nesse momento, nessa cena, em que ele o faz. Nunca novamente.
            
Falando em Gwen Stacy, ela é outra que não é muito bem desenvolvida. Seu romance com Parker é completamente acelerado e pouco crível (mesmo que a química entre os dois seja muito boa, talvez porque os dois atores estavam namorando na época), embora a interpretação de Emma Stone (que dificilmente dá uma bola a fora) é ótima e a única coisa que entrega carisma à personagem. Ela só iria ganhar um desenvolvimento decente no próximo longa.
            
E, enquanto Martin Sheen faz um bom trabalho como tio Ben (embora seja impossível fazer algo melhor que Cliff Robertson, que descanse em paz), mesmo tendo que repetir basicamente a mesma frase que foi “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, mas com outras palavras, a tia May de Sally Field só serve para se preocupar, anos-luz de distancia da personagem que vimos na pele de Rosemary Harris que, além de guardiã, ainda era uma verdadeira figura materna e conselheira. Além disso, a caçada de Peter ao assassino de seu tio simplesmente DESAPARECE depois de uns 10/15 minutos e NUNCA MAIS é mencionada novamente, muito menos o arco é concluído.



            
Demoram 94 minutos para finalmente vermos o confronto entre o Homem-Aranha e o Lagarto (aquela cena no esgoto não conta, afinal ela é só o vilão arranhando o herói no peito e fim) e a cena é muito boa, com direito à hilária e costumeira aparição de Stan Lee. A luta final, no entanto, é bem fraca.
            
O modo que o longa pega na mão de quem assiste e explica cada detalhe chega a ser revoltante e insultante. Há até mesmo uma cena onde Peter chega ao esconderijo de Connor no esgoto e há uma orgia de evidências e exposição de roteiro, com direito até a vídeos revelando os planos do vilão, apenas esperando alguém dar play.
            
Por fim, há toda aquela história envolvendo o passado dos falecidos pais de Peter que é incrivelmente importante e interessante e... não. Não é. É desnecessária, chata e arrasta o filme mais do que devia.
            
Ah, e o uniforme do Aranha é ridículo e parece uma bola de basquete. Ao menos ele tem lançadores de teia. Pronto, fica aí meu rage desnecessário. Desconsiderem...
            
O Espetacular Homem-Aranha é um filme um tanto fraco e nada espetacular. É um reboot bem regular que poderia (veja bem: poderia) significar coisa boa no futuro. Infelizmente, com personagens fracos e mal desenvolvidos e roteiro furado, ele é só duas horas e dezesseis minutos de alguém que se parece com o Homem-Aranha buscando criminosos ao som de rock alternativo e uma trilha sonora bem meia-boca de James Horner. Quem sabe no segundo filme, né não?



AVALIAÇÃO: 2.5/5
"Regular"

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