sábado, 19 de março de 2016

Superman: O Retorno | Dezenove anos depois: a tentativa de reviver o Homem de Aço. (Crítica)



Bem, a nossa saga de preparação para Batman v Superman: A Origem da Justiça está quase chegando ao fim. Nós já passamos por nove filmes e, contando com esse que falaremos logo abaixo, só faltam quatro. Enfim... sem mais delongas, vamos voltar à Metropolis:
            

Aviso: Caso você ainda não tenha assistido o filme, saiba que a crítica a seguir contém alguns spoilers! Você foi avisado...
            

Lançado em 2006, dezenove anos após aquela catástrofe que foi Superman IV: Em Busca da Paz, Superman: O Retorno (Superman Returns) foi dirigido por Bryan Singer — principalmente conhecido por seu trabalho dirigindo os dois primeiros X-Men —, escrito por Michael Dougherty e Dan Harris e trouxe um elenco completamente repaginado, composto por Brandon Routh, Kate Bosworth e Kevin Spacey.
            
Depois do quarto filme da franquia e a recepção terrível, nem mesmo a Warner quis tocar no nome “Superman” por um bom tempo, quase a mesma coisa que ela fez com o Batman, só que esse hiato demorou mais que o dobro do Homem-Morcego.
            
É verdade que já na década de 90 a Warner já estava tentando arrumar um jeito de trazer o Homem de Aço de volta às telonas. Muitos devem conhecer o tal do Superman Lives, um filme que seria dirigido por Tim Burton e teria Nicolas Cage no papel principal, contando a história da morte e ressurgimento do herói. O projeto nunca realmente saiu do papel e, ao longo dos anos, diversos outros nomes como Brett Ratner e J. J. Abrams se envolveram. No fim das contas, foi só em 2006, sob a visão de Bryan Singer, que o Homem de Aço finalmente retornou aos cinemas, muito diferente do que era planejado na década anterior e muito mais semelhante aos filmes clássicos.



            
De fato, este novo filme faz, claramente, uma homenagem aos clássicos (especialmente os dois primeiros), talvez até demais. Diversos elementos dos filmes da década de 70 retornam, e eles vão desde os créditos iniciais até alguns elementos de roteiro como uma Lois Lane (Kate Bosworth) “semianalfabeta” (sempre perguntando aos outros como que se escreve tal palavra), os trejeitos de Clark Kent (Brandon Routh), como insistir em dizer palavras como “swell” (que Lois jura que ninguém mais no mundo fala daquele jeito), e até mesmo algumas falas retornam, como a que Lex Luthor (Kevin Spacey) afirma que seu pai lhe disse há muito tempo. Além disso, o próprio Lex de Spacey é extremamente semelhante à versão do personagem vivido por Gene Hackman, anos atrás.
            
Aliás, o enredo também traz algumas semelhanças ao do primeiro Superman, de ’78, mas também tem sua originalidade: após astrônomos descobrirem restos de Krypton que supostamente ainda continham vida, Superman desaparece por cinco anos. Naturalmente, Kal-El retorna à Terra, numa nave espacial extremamente semelhante à qual ele viajou pela primeira vez. Eventualmente, Clark retorna ao Planeta Diário para descobrir que tudo mudou, principalmente com Lois. A repórter “se casou” e teve um filho, e venceu o prêmio Pulitzer pelo seu artigo “Porque o mundo não precisa do Superman”. Na ausência do Homem de Aço, Lex Luthor foi solto da prisão (em parte porque, na ausência de Superman, o mesmo não pode testemunhar no julgamento), encontrou uma rica senhora, se casou e, após sua morte, herdou toda a sua fortuna. Lex então viaja à Fortaleza da Solidão no ártico e rouba os cristais que lá se encontravam. E é aí que a coisa começa a desandar.



            
O roteiro tem vários problemas, e o principal deles é o plano de Luthor: ele é simplesmente burro. O cara descobre que, caso aqueles cristais kryptonianos sejam jogados na água, eles crescem (mais ou menos como o que aconteceu no primeiro filme para formar a Fortaleza da Solidão), então ele resolve jogar um grande cristal, misturado com kryptonita (que ele encontra num museu) pouco além da costa leste dos EUA, criando um novo continente (eis a semelhança com Superman: O Filme: Lex quer sua própria terra). De acordo com sua lógica, esse continente apenas cresceria e, lentamente, os outros continentes seriam submersos pelo mar e as pessoas pagariam muito caro para poderem viver nessa nova terra. O único problema que Luthor aparentemente não pensou é que seu continente é feito de cristal e pedra e é, portanto, infértil. Ninguém vai viver por muito tempo lá.
            
Além do “genial” plano do vilão, a adição de diálogos toscos e até meio clichês não ajudam muito.
            
A direção de Bryan Singer é bem sólida, embora a fotografia não seja muito agradável e seja meio “desbotada”. A verdade é que eu não consigo descrevê-la ao certo.
           
Os efeitos especiais, por fim, não envelheceram nada bem e a ideia de fazer um Superman todo de computação gráfica em muitas cenas não foi nem um pouco inteligente.

As atuações são muito boas. Embora o Lex Luthor de Kevin Spacey seja, em alguns momentos, um pouco exagerado, nada é ruim. Lois Lane é muito bem interpretada por Kate Bosworth e a escolha de Brandon Routh para trajar a capa vermelha não foi uma má escolha, embora Christopher Reeve seja meio que insubstituível.
            
Ainda assim, Superman: O Retorno não é exatamente um filme ruim, mas também não é muito bom, tanto que sua bilheteria refletiu isso: embora o filme tenha recebido criticas geralmente positivas na época, sua bilheteria mundial de US$ 391 milhões não foi o suficiente para que o longa fosse considerado lucrativo, tendo custado cerca de US$ 209 milhões para ser produzido. No fim das contas, a Warner se mostrou decepcionada com o retorno financeiro e decidiu recomeçar tudo de vez com um reboot. E esse reboot viria em 2013.


AVALIAÇÃO: 2/5
"Medíocre"

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