Continuando com a nossa saga de posts em preparação
para a estreia de Batman v Superman: A
Origem da Justiça em cinemas do mundo todo na semana que vem (24/03), nós
já passamos por dez filmes e (junto com o que vou falar abaixo) agora faltam
apenas três deles. Talvez nem todos eles sejam excelentes (ou nenhum deles,
quem sabe?), mas tudo em seu tempo. Hoje nós vamos falar de:
Aviso: Caso você ainda não tenha
assistido o filme, saiba que a crítica a seguir está repleta de spoilers! Você
foi avisado...
Lançado
três longos anos após o grande renascimento da franquia, em 2008, Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) foi, novamente,
dirigido por Christopher Nolan,
escrito por ele em conjunto com seu irmão Jonathan
Nolan (recorrente nos roteiros dos longas do diretor) e trouxe,
basicamente, o mesmo elenco de antes, com algumas mudanças, sendo ele composto
por Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman
e os novos Heath Ledger, Aaron Eckhart e Maggie Gyllenhaal.
Você
provavelmente sabe que, depois que Batman
Begins chegou aos cinemas, muita gente que criticava as escolhas para o
filme (como ator e diretor, algo extremamente comum, como eu já disse lá na
minha crítica de Batman) mudou de
opinião quase que imediatamente. O fato é que os fãs clamavam por uma
sequência, uma nova investida do Homem-Morcego sob a visão de Nolan e, por mais
que tenha demorado três anos (um tempo insuportável para alguns), essa
sequência chegou. E chegou com o pé na porta, mesmo que algumas das coisas que contribuíram
para a publicidade do filme tenham sido horríveis.
Antes
do filme entrar em produção, foi anunciado que o ator largamente conhecido por
comédias românticas e seu trabalho em O
Segredo de Brokeback Mountain, Heath Ledger, seria o responsável por dar
vida à nova versão do tão aclamado vilão, o arqui-inimigo de Batman, o Coringa.
E todo mundo sabe da onda de ódio que a internet se tornou. Coletivamente, a
maioria das pessoas foi aos tantos fóruns expressar sua indignação com tal
escolha. Frases como “Provavelmente a
pior escalação de elenco de todos os tempos”, “Eu NÃO verei esse filme se esse cara estiver nele”, “E assim começa a segunda queda do Batman nos
cinemas... eu espero que isso seja apenas uma piada” e “O Coringa precisa de um ator ‘com gravidade’,
não algum imbecil que teve sorte” foram algumas das que rolaram por aí. Não
acredita? Então clica aqui.
Parecia
que The Dark Knight já era uma furada
antes mesmo de sair do papel. Mas, mesmo com as críticas, a Warner seguiu em
frente e o filme foi feito. No entanto, eis que a terrível tragédia aconteceu.
O ator, Heath Ledger, foi encontrado morto no dia 22 de janeiro de 2008, poucos
meses antes da estreia do filme.
E
por mais horrível que isso seja, tal tragédia definitivamente ajudou na
propaganda e divulgação do longa, e foi responsável por arrastar milhares de
pessoas ao cinema para ver seu último trabalho e, enfim, honrar o nome do ator.
Há aqueles que estimam que o longa não teria feito tanto sucesso caso o ator
não tivesse morrido. Eu definitivamente não vou falar sobre isso. Não interessa
o que teria acontecido, e sim o que aconteceu.
Sem
mais delongas, vamos falar sobre o filme de uma vez por todas:
Batman: O Cavaleiro das Trevas é, para
muitos, um drama criminal e não um filme de super-heróis. Ao contrário de seu
antecessor, que seguia uma estrutura narrativa não-linear (algo muito comum na
filmografia do diretor), este longa é muito mais tradicional. Há aqueles que
dizem que Nolan não estava muito afim de retornar à Gotham para uma sequência,
e pode-se perceber que isso talvez seja verdade. O novo longa não é muito
conectado ao anterior e muitas coisas antes estabelecidas são basicamente “jogadas
pela janela” pelo novo roteiro.
Gotham
está diferente, mas provavelmente não do jeito que Bruce Wayne (Christian Bale)
queria. Os criminosos hoje têm medo de saírem a noite, e a simples aparição do
Bat-sinal entre as nuvens é o suficiente para fazerem muitos deles recuarem. O
tenente-detetive James Gordon (Gary Oldman) segue, junto com o novo promotor da
cidade, Harvey Dent (Aaron Eckhart), jogando cada vez mais bandidos de Gotham na
cadeia. Ainda assim, existem os mais audaciosos e o Batman vem involuntariamente
criando seguidores. Cidadão comuns de Gotham vestem o manto do Morcego, se
armam e vão à luta contra a escória. Ao mesmo tempo, um novo vilão chega à
cidade.
Primeiramente, há algo que merece bastante destaque: finalmente, a maldição das armaduras do Homem-Morcego foi quebrada, com uma roupa que permite que o ator vire seu pescoço! O problema é que, com isso, se perde a visão de uma figura mais imponente e o símbolo do morcego fica quase invisível.
Há
de se dizer que The Dark Knight entra
em conflito com o seu antecessor em muitas maneiras, como por exemplo o fato do
Homem-Morcego dizer que está querendo criar um símbolo de esperança e
incentivar os cidadãos de Gotham a irem à luta, quando em Begins ele queria criar um símbolo de medo, ou o fato de que Rachel
Dawes (Maggie Gyllenhaal) está toda “excitadinha” com Harvey quase morrendo
durante um tribunal sendo que ela deixou Bruce Wayne justamente por causa da
mesma coisa.
As atuações são boas. O Bruce Wayne de Bale é ótimo, mas seu Batman continua se tornando
cada vez mais cômico com sua voz horrível até mesmo quando ele não está
tentando assustar bandidos. O Coringa de Heath Ledger é incrível, de verdade, e
fez todos aqueles que antes juraram ódio ao ator se sentirem envergonhados por
o terem feito (mas, mesmo assim, eu ainda prefiro o Coringa de Jack Nicholson.
Gosto pessoal). Já o Duas-Caras de Eckhart, que tem cerca de 15 minutos de
tela, protagoniza muitos momentos de over-acting/exagero, beirando o modus
operandi de Hayden Christensen em Star Wars.
O
roteiro é quase tão bagunçado quanto o do filme anterior e, mesmo continuando a
seguir a ideia de trazer um universo mais realista ao cinema, muita coisa burra
e irreal ainda passou despercebida pelos roteiristas. O fato do réu durante o
julgamento estar segurando uma arma no colo e em plena visão do juiz, ou o incrivelmente
estúpido sonar de celulares não ajudam muito. Alguns diálogos clichês e sem
sentido também fazem presença, como o “eu não me alistei pra isso” proferido
por um OFICIAL DA SWAT que se alistou justamente pra isso.
O
plano do vilão é ridículo. O Coringa pretende tirar Lau, o contador dos
criminosos, da prisão. Para tal ele precisa tirar Batman e Gordon do caminho
para que ele possa fazer “sua ligação” e explodir a prisão. O problema é que
não tem como o Coringa saber exatamente quando a polícia iria perceber que Dent
desapareceu, quando ele seria interrogado sobre isso, quando o Batman iria
aparecer no interrogatório e quando as coisas ficariam mais intensas e ao
Batman teria de tirar a informação do Coringa na base da porrada... ou seja:
ele não teria como colocar timers nas bombas onde Dent e Dawes estão que
estariam cronometrados tão precisamente que só daria tempo do Batman salvar um
deles.
Além
de tudo isso, o longa ainda sofre de problemas de ritmo, tanto que parece que
ele acaba três vezes: quando Dent vai para o hospital, quando o Coringa é preso
e, finalmente, quando ele realmente chega ao fim.
Por
fim, mesmo passando o filme inteiro se negando a matar qualquer pessoa, Batman
empurra Dent do prédio e ele morre.
A
direção de Nolan é mais firme do que antes. As cenas mais calmas continuam
sendo executadas muito bem e as cenas com mais ação são filmadas com mais
perícia, mas ainda assim demonstram a inabilidade do diretor para tal com a
presença de cortes rápidos e câmera inquieta. Alias, existem alguns erros de
continuações, principalmente durante a perseguição enquanto a policia transfere
Dent de um presídio para o outro, onde alguns cortes deixam a impressão que
existiam um plano entre eles.
Batman: O Cavaleiro das Trevas é um
filme muito bom, mas está longe de ser a obra divina meu-deus-que-filme-perfeito
que é considerado na cultura pop. O longa tem algumas boas atuações (uma delas
ótimas), mas mais uma vez conta com um roteiro bastante bagunçado, uma direção descuidada,
outro romance que não funciona e um vilão com um plano ainda mais ridículo do
que antes.
AVALIAÇÃO:
3.5/5
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