sexta-feira, 18 de março de 2016

Batman Begins | Uma abordagem mais realista nesse renascimento do Cavaleiro das Trevas. (Crítica)



Continuando a série em preparação para Batman v Superman: A Origem da Justiça que chega aos cinemas no próximo dia 24, nós já passamos por OITO filmes ao longo da mesma quantidade de dias. Passamos por filmes bons, filmes ruins, filmes tão péssimos que mal podem ser chamados de filmes e, embora ainda faltem cinco filmes (incluindo esse que vou falar a respeito logo abaixo), finalmente, podemos voltar a falar da coisa boa que o cinema de super-heróis tem para oferecer.
            

Aviso: Caso você não tenha assistido o filme (por algum motivo), saiba que a critica a seguir está repleta de spoilers! Você foi avisado...
            

Lançado em 2005, Batman Begins foi dirigido por Christopher Nolan, escrito por ele e David S. Goyer e trouxe um elenco completamente novo, com nomes como Christian Bale, Katie Holmes, Liam Neeson, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman, Cillian Murphy e Ken Watanabe.
            
Hoje em dia você já deve saber que a franquia cinematográfica do Homem-Morcego basicamente morreu após 1997, quando aquela atrocidade chamada Batman & Robin chegou aos cinemas do mundo todo. Mesmo que a Warner já estivesse planejando um terceiro filme dirigido por Joel Schumacher, depois da recepção do quarto longa do Morcego, todo o projeto foi descartado e por anos eu imagino que a menção do nome “Batman” pelos corredores da Warner foi proibida.



            
Mesmo assim, em 2005, o Homem-Morcego renasceu pelas lentes do diretor de Amenésia e Insônia, um tal de Christopher Nolan, e o resultado, meus amigos, foi ótimo.
            
Batman Begins é um filme que segue uma estrutura narrativa não-linear, ou seja, não segue aquela estrutura básica de começar no começo da história e acabar no fim dela. Batman Begins, assim como vários outros filmes do diretor, seguem uma estrutura permeada por flashbacks e flashforwards. Em outras palavras, este longa não começa onde a história começa, e sim um pouco mais a frente, para depois voltar ao começo, e então avançar um bocado, e aí voltar novamente... entendeu?
            
Begins para mim é a melhor rendição solo do personagem no cinema até o momento e portanto é, de longe, o melhor da trilogia Batman do Nolan. No mínimo ele é o mais coerente. Mas calma! Leia o que eu tenho a dizer antes de me crucificar!
            
Pois bem, nesse longa nós vemos, pela segunda vez, a origem do herói (algo que Hollywood talvez nunca esqueça, já que vamos revê-la em Batman v Superman, mais ou menos o que acontece com o Homem-Aranha), embora dessa vez com muito mais detalhes. Vemos o assassinato dos pais do pequeno Bruce, vemos Bruce Wayne (Christian Bale) indo atrás da Liga das Sombras, após um breve encontro com Henri Ducard (Liam Neeson), onde lá é treinado pelos homens de Ra’s al Ghul (por acaso, o nome se pronuncia como “Reish” al Ghul, e não “Ráz” al Ghul, como o filme faz pensar ser por algum motivo estranho), e finalmente volta para Gotham com a ideia de combater o crime, se tornando um símbolo.



            
E esse é um dos melhores pontos da história de Batman Begins: o fato de Bruce não querer inspirar pessoas a fazer o bem e sim combater o mal. Nesse caso, ele faz isso deixando bem específico que quer criar um símbolo. Um símbolo de medo.
           
A atuação é incrível. Chris Bale merece aplausos por interpretar muito bem três personagens diferentes, fazendo os dois Bruces perfeitamente. Gary Oldman como Jim Gordon é incrível. Depois desse Gordon, eu nunca mais consegui imaginar outra pessoa como o personagem. O mesmo vale para o Alfred Pennyworth de Michael Caine. Por mais que a interpretação de Michael Gough tenha sido muito boa, o Alfre de Caine é simplesmente perfeito. E a escolha de Liam Neeson para interpretar Ra’s al Ghul é uma escolha tão brilhante que não há palavras, embora seu tempo de tela como Ra’s efetivamente é bem reduzido, assim como o Espantalho de Cillian Murphy.
            
Mas, mesmo sendo um grande filme, Batman Begins ainda está cheio de problemas. E muitos dos quais só são problemas dentro do universo do filme. Não entendeu? Eu já explico... mas vamos por partes.
            
Primeiramente, a direção de Nolan é um problema. E não me leve a mal quando eu digo isso. Chris Nolan é um diretor muito bom de verdade e todas as suas decisões como a insistência de usar efeitos especiais práticos sempre que possível e sempre prezar para que seus filmes sejam feitos de modo que possam ser aproveitados da melhor maneira possível (veja IMAX ao invés de palhaçada 3D, por exemplo) são características louváveis. E ele também não é um roteirista ruim.



            
Na verdade, o maior problema de Nolan, principalmente na sua trilogia Batman, é a sua inabilidade de capturar cenas de ação e, especialmente, de luta. Mesmo no próprio Batman Begins, Nolan se utiliza de recursos como a edição e câmeras inquietas para mascararem tal problema. E isso se vê, por exemplo, na primeira cena de luta do Homem-Morcego com meia-dúzia dos capangas de Falcone nas docas de Gotham. No seu subconsciente, você sabe que tá rolando uma luta, mas, efetivamente, não vê nada de luta. Apenas gritos e pessoas caindo em meio aos incessantes cortes e movimentos da câmera. De forma que eu sou obrigado a concordar com o crítico Armond White quando ele diz que, quando se trata de filmar cenas de ação (e deixe-me enfatizar isso muito bem: QUANDO SE TRATA DE FILMAR CENAS DE AÇÃO), um diretor como Michael Bay faz isso melhor que Christopher Nolan.
            
A atuação, como eu disse, é ótima mas também tem falhas. O Batman de Christian Bale (e esse ponto já foi abordado múltiplas vezes pela internet afora) não é lá muito convincente, e sua voz incomoda muito. De certo, eu sei que ele usa aquela voz de “câncer de garganta” como um artifício para assustar os criminosos, mas outras versões do herói já fizeram isso de forma muito melhor, sem a necessidade de chegar na beira do absurdo e quase cômico. A atuação de Katie Holmes como Rachel Dawes definitivamente não é boa. Aliás, sua personagem é completamente descartável. Ela só está lá porque Bruce Wayne tem que ter um interesse amoroso. E só. E isso nos leva ao roteiro altamente problemático.



            
Nolan é um cara que é muito mais cérebro do que coração, de forma que raramente um de seus romances dá certo e convence. Isso somado à inabilidade de David S. Goyer de escrever personagens femininas que sirvam pra alguma coisa só prejudica o resultado final de Begins. Afinal de contas, como eu disse, Rachel Dawes é completamente inútil (e, de vez em quando, até idiota) e o romance dela e de Bruce não é nem um pouco efetivo. Mesmo assim, esse não é o único problema do roteiro.
            
Para uma trilogia que tanto se calca no realismo e tenta trazer aos cinemas uma versão realista do Homem-Morcego, tem muita coisa burra nesses roteiros (e eu não digo isso só pelo fato de que um cara vestido de morcego pulando pelos telhados da cidade já é irreal o bastante). E Batman Begins não é exceção. Exemplos:
            
Os Wayne resolvem levar seu filho, que tem um medo mortal de morcego, à sua primeira ópera... sobre morcegos. E a família, que é a mais rica da cidade, resolve deixar a ópera pelos fundos num beco que é popularmente conhecido como Beco do Crime.
            
Durante seu tempo preso, Bruce Wayne sabe chutar tanta bunda que os guardas da prisão têm de jogá-lo na solitária para proteger os outros presos. Onde ele aprendeu a lutar tão bem se ele ainda não havia ido treinar com a Liga das Sombras? Em outro lugar antes disso? Talvez, mas o filme nunca mostra tal. Erro de roteiro.



            
A compra de um hotel não requer contratos nem nada disso, basta enfia um cheque no bolso de um dos funcionários.
           
O plano dos vilões não é lá muito brilhante: vamos infectar a tubulação de água de Gotham com um veneno que precisa ser INALADO para ter algum efeito. Depois vamos roubar uma super-máquina da Wayne Enterprises que evapora água e teremos uma cidade alucinando! PROFIT!
            
Inclusive, se os vilões vêm adicionando o veneno na água de Gotham (que aliás nunca iria passar por aquele cano embaixo do Arkham naquela velocidade porque a falta de pressão faria com essa água não fosse a lugar nenhum. Ela deveria estar jorrando pra fora do cano) há semanas, como é deixado bem claro, o filme realmente espera que eu acredite que absolutamente ninguém reportou aos hospitais ou à polícia ver alguns gnomos e demônios depois de ferver água ou usar um evaporador?
            
Além disso, esse veneno precisa decidir o que quer fazer com as pessoas. Após exposição, Bruce Wayne ficou em coma por dois dias. Carmine Falcone foi à loucura. Jonathan Crane também ficou louco mas voltou à lucidez em poucas horas sem o antídoto e a Rachel, do nada, corria risco de vida.
            
Além de outros problemas como uma assistente da promotoria de Gotham descer do trem num beco escuro sabendo que vive em Gotham, e os membros da Liga das Sombras — um grupo de ninjas vigilantes extremamente treinados — que são nocauteados por um velho mordomo usando um taco de golfe.



            
O príncipe bilionário de Gotham retorna após 7 anos em que foi presumido como morto. Na mesma época, um vigilante misterioso surge e ninguém, absolutamente ninguém, faz a conexão?
            
E, por fim, talvez o maior problema: o Batman mata (e não só nesse filme). “Ah, mas você não falou isso nas suas críticas de Batman e Batman: O Retorno!”
            
Eu realmente não falei, mas eu vejo isso como um problema muito maior na trilogia do Nolan justamente porque o personagem enfatiza, mais de uma vez, que ele não quer e nem vai matar ninguém (toda a treta com a Liga das Sombras acontece justamente porque ele não quis matar o assassino) e sabe o que acontece no fim? Ele mata o Ra’s al Ghul. “Não vou te matar, mas também não tenho que te salvar.”, adivinha só Batman: foi você quem danificou os controles do trem e mandou o Jim Gordon ir destruir a ponte. Você matou ele e Gordon foi cúmplice.
            
E eu sei que muitos desses erros são extremamente pequenos, mas para uma trilogia que recebe tanta atenção justamente por sua abordagem mais realista do personagem, eu os considero bastante imperdoáveis.
            
Aliás (e isso é só comigo, veja bem), existe certa infidelidade aos quadrinhos: o Maior Detetive do Mundo não faz quase nenhum trabalho de detetive, Lucius Fox (Morgan Freeman) é quem cria todos os apetrechos tecnológicos do herói e não o próprio Bruce Wayne (que deveria ser um gênio).
            
E o Batman não mata o Rei Joffrey quanto tem a chance.
            
Batman Begins não é um filme ruim, mas está um tanto longe de ser maravilhoso. A direção é descuidada e o roteiro é meio furado, mas o filme ainda é uma ótima obra. As atuações são ótimas e grande parte da ideia por trás do Batman de Nolan funciona muito bem. E a trilogia só tende a melhorar... não é? Não? Ok.



AVALIAÇÃO: 4/5
"Ótimo"

Um comentário:

  1. Um filme simplesmente perfeito.Os filmes devem sempre ter uma história que capte o espectador, e Dunkirk tem uma historia muito interessante, acho que sem dúvida seu êxito se deve ao o trabalho dos atores, a direção e a trilha sonora, pois é extraordinário e consegue nos comover, sobre tudo um de meus atores preferidos, sem dúvida é um dos melhores filmes com o ator Cillian Murphy, tambem Chirstopher Nolan é responsável do um excelente filme com bons efeitos especiais, o que não me surpreende, pois em outras ocasiões já demonstrou ser um dos melhores de todo Hollywood, espero ansiosamente seu próximo projeto.

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