Continuando a série em preparação para Batman v Superman: A Origem da Justiça
que chega aos cinemas no próximo dia 24, nós já passamos por OITO filmes ao
longo da mesma quantidade de dias. Passamos por filmes bons, filmes ruins,
filmes tão péssimos que mal podem ser chamados de filmes e, embora ainda faltem
cinco filmes (incluindo esse que vou falar a respeito logo abaixo), finalmente,
podemos voltar a falar da coisa boa que o cinema de super-heróis tem para
oferecer.
Aviso: Caso você não tenha assistido o
filme (por algum motivo), saiba que a critica a seguir está repleta de
spoilers! Você foi avisado...
Lançado
em 2005, Batman Begins foi dirigido
por Christopher Nolan, escrito por
ele e David S. Goyer e trouxe um
elenco completamente novo, com nomes como Christian
Bale, Katie Holmes, Liam Neeson, Michael Caine, Gary Oldman,
Morgan Freeman, Cillian Murphy e Ken
Watanabe.
Hoje
em dia você já deve saber que a franquia cinematográfica do Homem-Morcego
basicamente morreu após 1997, quando aquela atrocidade chamada Batman & Robin chegou aos cinemas do
mundo todo. Mesmo que a Warner já estivesse planejando um terceiro filme
dirigido por Joel Schumacher, depois da recepção do quarto longa do Morcego, todo
o projeto foi descartado e por anos eu imagino que a menção do nome “Batman”
pelos corredores da Warner foi proibida.
Mesmo
assim, em 2005, o Homem-Morcego renasceu pelas lentes do diretor de Amenésia e Insônia, um tal de Christopher Nolan, e o resultado, meus amigos,
foi ótimo.
Batman Begins é um filme que segue uma
estrutura narrativa não-linear, ou seja, não segue aquela estrutura básica de
começar no começo da história e acabar no fim dela. Batman Begins, assim como vários outros filmes do diretor, seguem
uma estrutura permeada por flashbacks e flashforwards. Em outras palavras, este
longa não começa onde a história começa, e sim um pouco mais a frente, para
depois voltar ao começo, e então avançar um bocado, e aí voltar novamente...
entendeu?
Begins para mim é a melhor rendição solo
do personagem no cinema até o momento e portanto é, de longe, o melhor da
trilogia Batman do Nolan. No mínimo ele é o mais coerente. Mas calma! Leia o
que eu tenho a dizer antes de me crucificar!
Pois
bem, nesse longa nós vemos, pela segunda vez, a origem do herói (algo que
Hollywood talvez nunca esqueça, já que vamos revê-la em Batman v Superman, mais
ou menos o que acontece com o Homem-Aranha), embora dessa vez com muito mais
detalhes. Vemos o assassinato dos pais do pequeno Bruce, vemos Bruce Wayne (Christian Bale) indo atrás
da Liga das Sombras, após um breve encontro com Henri Ducard (Liam Neeson), onde lá é treinado pelos homens de Ra’s
al Ghul (por acaso, o nome se pronuncia como “Reish” al Ghul, e não “Ráz” al
Ghul, como o filme faz pensar ser por algum motivo estranho), e finalmente
volta para Gotham com a ideia de combater o crime, se tornando um símbolo.
E
esse é um dos melhores pontos da história de Batman Begins: o fato de Bruce não querer inspirar pessoas a fazer
o bem e sim combater o mal. Nesse caso, ele faz isso deixando bem específico
que quer criar um símbolo. Um símbolo de medo.
A
atuação é incrível. Chris Bale merece aplausos por interpretar muito bem três
personagens diferentes, fazendo os dois Bruces perfeitamente. Gary Oldman como Jim Gordon é incrível. Depois desse
Gordon, eu nunca mais consegui imaginar outra pessoa como o personagem. O mesmo
vale para o Alfred Pennyworth de
Michael Caine. Por mais que a interpretação de Michael Gough tenha sido muito
boa, o Alfre de Caine é simplesmente perfeito. E a escolha de Liam Neeson para
interpretar Ra’s al Ghul é uma escolha tão brilhante que não há palavras,
embora seu tempo de tela como Ra’s efetivamente é bem reduzido, assim como o
Espantalho de Cillian Murphy.
Mas,
mesmo sendo um grande filme, Batman
Begins ainda está cheio de problemas. E muitos dos quais só são problemas
dentro do universo do filme. Não entendeu? Eu já explico... mas vamos por
partes.
Primeiramente,
a direção de Nolan é um problema. E não me leve a mal quando eu digo isso.
Chris Nolan é um diretor muito bom de verdade e todas as suas decisões como a
insistência de usar efeitos especiais práticos sempre que possível e sempre
prezar para que seus filmes sejam feitos de modo que possam ser aproveitados da
melhor maneira possível (veja IMAX ao invés de palhaçada 3D, por exemplo) são
características louváveis. E ele também não é um roteirista ruim.
Na
verdade, o maior problema de Nolan, principalmente na sua trilogia Batman, é a
sua inabilidade de capturar cenas de ação e, especialmente, de luta. Mesmo no próprio
Batman Begins, Nolan se utiliza de
recursos como a edição e câmeras inquietas para mascararem tal problema. E isso
se vê, por exemplo, na primeira cena de luta do Homem-Morcego com meia-dúzia dos
capangas de Falcone nas docas de Gotham. No seu subconsciente, você sabe que tá
rolando uma luta, mas, efetivamente, não vê nada de luta. Apenas gritos e pessoas
caindo em meio aos incessantes cortes e movimentos da câmera. De forma que eu
sou obrigado a concordar com o crítico Armond White quando ele diz que, quando
se trata de filmar cenas de ação (e deixe-me enfatizar isso muito bem: QUANDO SE TRATA DE FILMAR CENAS DE AÇÃO),
um diretor como Michael Bay faz isso melhor que Christopher Nolan.
A
atuação, como eu disse, é ótima mas também tem falhas. O Batman de Christian
Bale (e esse ponto já foi abordado múltiplas vezes pela internet afora) não é
lá muito convincente, e sua voz incomoda muito. De certo, eu sei que ele usa
aquela voz de “câncer de garganta” como um artifício para assustar os
criminosos, mas outras versões do herói já fizeram isso de forma muito melhor,
sem a necessidade de chegar na beira do absurdo e quase cômico. A atuação de
Katie Holmes como Rachel Dawes definitivamente
não é boa. Aliás, sua personagem é completamente descartável. Ela só está lá
porque Bruce Wayne tem que ter um interesse amoroso. E só. E isso nos leva ao
roteiro altamente problemático.
Nolan
é um cara que é muito mais cérebro do que coração, de forma que raramente um de
seus romances dá certo e convence. Isso somado à inabilidade de David S. Goyer
de escrever personagens femininas que sirvam pra alguma coisa só prejudica o
resultado final de Begins. Afinal de
contas, como eu disse, Rachel Dawes é completamente inútil (e, de vez em
quando, até idiota) e o romance dela e de Bruce não é nem um pouco efetivo.
Mesmo assim, esse não é o único problema do roteiro.
Para
uma trilogia que tanto se calca no realismo e tenta trazer aos cinemas uma
versão realista do Homem-Morcego, tem muita coisa burra nesses roteiros (e eu
não digo isso só pelo fato de que um cara vestido de morcego pulando pelos
telhados da cidade já é irreal o bastante). E Batman Begins não é exceção. Exemplos:
Os
Wayne resolvem levar seu filho, que tem um medo mortal de morcego, à sua
primeira ópera... sobre morcegos. E a família, que é a mais rica da cidade,
resolve deixar a ópera pelos fundos num beco que é popularmente conhecido como
Beco do Crime.
Durante
seu tempo preso, Bruce Wayne sabe chutar tanta bunda que os guardas da prisão
têm de jogá-lo na solitária para proteger os outros presos. Onde ele aprendeu a
lutar tão bem se ele ainda não havia ido treinar com a Liga das Sombras? Em
outro lugar antes disso? Talvez, mas o filme nunca mostra tal. Erro de roteiro.
A
compra de um hotel não requer contratos nem nada disso, basta enfia um cheque
no bolso de um dos funcionários.
O
plano dos vilões não é lá muito brilhante: vamos infectar a tubulação de água
de Gotham com um veneno que precisa ser INALADO para ter algum efeito. Depois
vamos roubar uma super-máquina da Wayne Enterprises que evapora água e teremos
uma cidade alucinando! PROFIT!
Inclusive,
se os vilões vêm adicionando o veneno na água de Gotham (que aliás nunca iria
passar por aquele cano embaixo do Arkham naquela velocidade porque a falta de
pressão faria com essa água não fosse a lugar nenhum. Ela deveria estar
jorrando pra fora do cano) há semanas, como é deixado bem claro, o filme
realmente espera que eu acredite que absolutamente ninguém reportou aos
hospitais ou à polícia ver alguns gnomos e demônios depois de ferver água ou
usar um evaporador?
Além
disso, esse veneno precisa decidir o que quer fazer com as pessoas. Após
exposição, Bruce Wayne ficou em coma por dois dias. Carmine Falcone foi à
loucura. Jonathan Crane também ficou louco mas voltou à lucidez em poucas horas
sem o antídoto e a Rachel, do nada, corria risco de vida.
Além
de outros problemas como uma assistente da promotoria de Gotham descer do trem
num beco escuro sabendo que vive em Gotham, e os membros da Liga das Sombras —
um grupo de ninjas vigilantes extremamente treinados — que são nocauteados por
um velho mordomo usando um taco de golfe.
O príncipe
bilionário de Gotham retorna após 7 anos em que foi presumido como morto. Na
mesma época, um vigilante misterioso surge e ninguém, absolutamente ninguém,
faz a conexão?
E,
por fim, talvez o maior problema: o Batman mata (e não só nesse filme). “Ah,
mas você não falou isso nas suas críticas de Batman e Batman: O Retorno!”
Eu
realmente não falei, mas eu vejo isso como um problema muito maior na trilogia
do Nolan justamente porque o personagem enfatiza, mais de uma vez, que ele não
quer e nem vai matar ninguém (toda a treta com a Liga das Sombras acontece
justamente porque ele não quis matar o assassino) e sabe o que acontece no fim?
Ele mata o Ra’s al Ghul. “Não vou te matar, mas também não tenho que te salvar.”,
adivinha só Batman: foi você quem danificou os controles do trem e mandou o Jim
Gordon ir destruir a ponte. Você matou ele e Gordon foi cúmplice.
E
eu sei que muitos desses erros são extremamente pequenos, mas para uma trilogia
que recebe tanta atenção justamente por sua abordagem mais realista do
personagem, eu os considero bastante imperdoáveis.
Aliás
(e isso é só comigo, veja bem), existe certa infidelidade aos quadrinhos: o
Maior Detetive do Mundo não faz quase nenhum trabalho de detetive, Lucius Fox (Morgan Freeman) é quem cria
todos os apetrechos tecnológicos do herói e não o próprio Bruce Wayne (que
deveria ser um gênio).
Batman Begins não é um filme ruim, mas
está um tanto longe de ser maravilhoso. A direção é descuidada e o roteiro é meio
furado, mas o filme ainda é uma ótima obra. As atuações são ótimas e grande
parte da ideia por trás do Batman de Nolan funciona muito bem. E a trilogia só
tende a melhorar... não é? Não? Ok.
AVALIAÇÃO:
4/5
"Ótimo" |
Um filme simplesmente perfeito.Os filmes devem sempre ter uma história que capte o espectador, e Dunkirk tem uma historia muito interessante, acho que sem dúvida seu êxito se deve ao o trabalho dos atores, a direção e a trilha sonora, pois é extraordinário e consegue nos comover, sobre tudo um de meus atores preferidos, sem dúvida é um dos melhores filmes com o ator Cillian Murphy, tambem Chirstopher Nolan é responsável do um excelente filme com bons efeitos especiais, o que não me surpreende, pois em outras ocasiões já demonstrou ser um dos melhores de todo Hollywood, espero ansiosamente seu próximo projeto.
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