Corrente do Mal (It Follows) é um filme de terror e suspense dirigido por David Robert Mitchell e estrelado por Maika Monroe.
Confesso que nunca havia ouvido falar de Corrente do Mal e muito menos de seu diretor, David Mitchell, e talvez esse fator tenha sido o mais importante no impacto que o filme me causou. O único rosto que me é familiar aqui é o de Maika Monroe, que já havia estrelado o maravilhoso The Guest, mas isso é outro assunto.
Corrente do Mal fala sobre uma espécie de doença sexualmente transmissível que está sendo passada para diversas pessoas e todo mundo que tem essa "doença" é perseguido por uma coisa ou criatura sobrenatural que nunca tem seu nome revelado. Basicamente, se você é um portador dessa doença, você vai morrer.
É gratificante ver um filme como Corrente do Mal em meio a tantos outros terríveis filmes de terror lotados de clichês de Hollywood ou que abordam temas "super interessantes" (perceba a ironia, por favor), como uma boneca aparentemente amaldiçoada, ou pior: um jogo de tabuleiro.
Corrente do Mal não é necessariamente um filme assustador, talvez porque não se utiliza de artifícios baratos para te botar medo, como os famigerados jump-scares, onde algo pula na sua cara quando você menos espera, mas acaba sendo mais irritante do que medonho.
O longa também não é muito original e "suga" muito (ou, no mínimo, se inspira bastante) dos clássicos mais old-school do terror, seja na ambientação ou até na trilha sonora.
Um dos pontos mais fortes desse filme é, sem dúvidas, o fato de ele respeitar sua audiência e não entregar tudo "mastigadinho". Ele preza pela sua atenção, sendo que muitos elementos da história podem parecer ter ficado inexplicados, embora tudo o que era necessário era sua atenção em, por exemplo, elementos do cenário, como fotos, ou na relação entre os personagens, que é muito reforçada pela ótima atuação.
Tendo visto The Guest, não me foi uma surpresa o fato de que Maika Monroe estava ótima nesse filme, ela realmente sabe atuar. Mas os outros personagens também são muito bem interpretados, e até os de menos importância não ficam de fora da qualidade, acreditem ou não.
Outra coisa ótima é a trilha sonora, que é fantástica que parece ser algo remanescente das músicas meio eletrônicas, recheadas de sintetizadores, de John Carpenter dos anos 80, e ajuda bastante em criar tensão, assim como a direção e a direção de fotografia. Corrente do Mal é um filme lindo e o trabalho com as câmeras também é ótimo. Outro destaque vai para a cenografia, que retrata paisagens suburbanas, mais outro resquício do Halloween de John Carpenter.
O longa também tem seus problemas, logicamente. A ausência de algum fator que causa medo constante é uma grande falha, considerando que o filme se auto-intitula, e é taxado, como um filme de terror. O roteiro também tem seus problemas, e algumas cenas não têm o menor sentido, como, por exemplo, um momento onde uma garota, que está portanto a "doença" e está sendo perseguida pela criatura, foge com seu carro e resolve para para dormir numa floresta. Tudo bem por enquanto, até você ver que ela decidiu dormir em cima de seu carro, e não dentro dele, atrás de janelas e portas fechadas. Outro problema, talvez pelo fato do filme estar homenageando os clássicos de terror dos anos 70 e 80, são cenas que são muito inspiradas neles, principalmente em (mais uma vez) Halloween, de Carpenter, onde há uma cena em uma certa sala de aula que é idêntica à do clássico de 1978.
No fim, Corrente do Mal é um ótimo filme de terror e uma obra-prima quando comparado à outras produções atuais, como os terríveis Ouija, Marca do Mal ou até mesmo Assim na Terra como no Inferno (clique para a crítica). Tem seus problemas, sim, mas é bem divertido (embora talvez não devesse ser, pelo menos não no sentido pleno da palavra), presta homenagens ao clássicos e tem até uma ideia bem original. No fim das contas, vale a pena gastar 100 minutos do seu dia para conferi-lo.
AVALIAÇÃO: 4/5
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