sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sétimo Filho — Mais uma adaptação caça-níquel. Mais um fracasso. (Crítica)



Desde o fim da trilogia O Senhor dos Anéis ou da saga Harry Potter, Hollywood vem tentando emplacar outras adaptações literária-cinematográficas. Ultimamente, qualquer romance que faça um considerável sucesso e pareça ter potencial para um filme, ele quase que imediatamente vai parar nas telonas. E quase sempre o resultado é um fracasso, seja ele de bilheteria ou por causa de tanta decepção. Fato é que poucas adaptações de livros hoje em dia conseguem se salvar. Até mesmo adaptações de romances épicos muito conhecidos vindas de diretores renomados (leia-se O Hobbit) não conseguem escapar.

Sétimo Filho (Seventh Son) é outra tentativa de hollywoodiana em emplacar um épico literário nos cinemas. Dirigido por Sergei Bodrov e trazendo um elenco de peso que conta, inclusive, com os vencedores do Oscar, Jeff Bridges e Julianne Moore, além do indicado à estatueta Djimon HounsouBen Barnes (conhecido por interpretar o Príncipe Caspian nos dois últimos filmes d'As Crônicas de Nárnia) e Kit Harrington (o Jon Snow de Game of Thrones).

O filme é baseado numa série de livros escritas por Joseph Delaney, chamada As Aventuras do Caça-Feitiço, e nos conta a história de Thomas Ward (Ben Barnes), o sétimo filho do sétimo filho que se torna aprendiz do Caça-Feitiço Mestre Gregory (Jeff Bridges). Quando a bruxa mais perigosa do mundo, Mãe Malkin (Julianne Moore), se liberta de sua prisão e ameaça lançar a Terra às trevas, Thomas Ward é a única esperança que resta. Durante o filme, nós vamos acompanhar a "épica e empolgante" jornada de Thomas, enquanto ele é treinado por John Gregory para se tornar um Caça-Feitiço e poder salvar a humanidade da magia negra da bruxa.




Pode-se até dizer que a história de Sétimo Filho tem potencial, mas ela é explorada de maneira rasa e péssima. Ao longo do filme, vemos Ward e Gregory em sua jornada para os domínios da Mãe Malkin, enfrentando espíritos, ogros e sabe-se-lá-o-que mais, enquanto presenciamos o desenvolvimento da relação Mestre-Aprendiz.

Com diálogos fraquíssimos e atuações bem ruins, nenhum personagem se desenvolve o suficiente para o espectador ao menos se interessar. Supostamente, deveríamos presenciar a evolução do personagem Thomas, indo de um rapaz fraco e meio indefeso num mundo cruel e desconhecido para um grande herói, mas isso nunca acontece no desenrolar da trama, principalmente graças à atuação quase que de mal-gosto de Ben Barnes. Vemos um relance do que poderia ser um herói na reta final do longa, mas é algo que parece ter sido simplesmente enfiado às pressas sem o menor desenvolvimento de roteiro. Ainda há um romancezinho entre o personagem principal e outra garota que, embora se encaixe na trama (afinal, o herói precisa ter um par amoroso, é regra), não convence nem um pouco, talvez devido à péssima atuação da garota e a cara de pastel de Tom toda santa vez que ambos estão compartilhando tempo de tela.

E não pense que as atuações ruins param por aí, não. Até porque, durante o filme, eu me perguntei o que deu na cabeça dos vencedores do Oscar quando eles aceitaram participar dessa adaptação. Será que perceberam o potencial do roteiro? Ou será que apenas queriam se aventurar no filme do gênero? Seja lá qual for o motivo, a atuação de ambos é de doer. Afinal, ver dois atores que atuam quase que no automático se rebaixarem às caras e bocas forçadas como Jeff Bridges se rebaixou, ou aos recursos de risadas maléficas com direito a eco, dignas de um filme B, como Julianne Moore fez é bem triste. Aliás, não estranhe se se pegar indagando consigo mesmo como Djimon Hounson foi indicado ao Oscar e hoje fez o que fez nesse filme.




A parte técnica talvez seja o ponto mais positivo do longa, mas também não está salva dos problemas. Embora a ambientação seja muito bacana durante boa parte do filme e embora nada de ruim salte na sua cara como é o caso de Crepúsculo, por exemplo, muitas vezes vamos presenciar efeitos especiais de baixa qualidade, que oscilam como aqueles que podem serem vistos em Noé. A diferença aqui, entretanto, é que, enquanto em Noé os efeitos oscilam entre o bom e o ruim, aqui temos CGIs que oscilam entre o bem mais-ou-menos e o ruim extremo. Aliás, há alguns trechos onde a famosa técnica do Chroma Key é utilizada como era na década de 60, lá nos filmes de James Bond. Feio.

Por fim, o diretor indicado ao Oscar duas vezes, Sergei Bodrov, dirige na "safe-zone" e não ousa muito, preferindo usar ângulos básicos e simples para filmar suas cenas, algo que provavelmente "capou" o efeito épico que o filme deveria ter causado.

Com roteiro, atuações e efeitos muito fracos, Sétimo Filho é mais uma daquela adaptações caça-niqueis de livros que acabam por cair no abismo do fracasso como Instrumentos Mortais ou Eragon. Alias, dizem por aí que o filme pega do livro apenas os nomes dos personagens, o resto é tudo inventado. É tipo Dragon Ball: Evolution, embora não tão ruim. 

Como disse Fabio Jordão, do Tecmundo, Sétimo Filho é "um épico sem a parte épica", e ele não podia estar mais certo. Essa é uma adaptação de um romance épico que esquece de ser épica e vira filme da Sessão da Tarde. Assista por sua conta e risco.


NOTA FINAL: 1/5

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