domingo, 15 de março de 2015

Êxodo: Deuses e Reis — Um épico problemático. (Crítica)



Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings) é um filme dirigido pelo mestre Ridley Scott e estrelado por lendas da atuação como Christian Bale (Psicopata Americano, Batman: O Cavaleiro das Trevas), Sigourney Weaver (Alien: O 8º Passageiro), Joel Edgerton (Warrior), Aaron Paul (Breaking Bad), Ben Kingsley (A Lista de Schindler, Homem de Ferro 3), entre outros, e retrata para as telonas, é claro, o livro Êxodo, da Bíblia.

ATENÇÃO: Spoilers leves à frente

Agora, sem entrar em méritos de religião, vamos analisar o filme em si:

Antes de mais nada, eu preciso parabenizar Ridley Scott. Como um cineasta, o cara é simplesmente fantástico. Ele que já nos trouxe diversos ícones da ficção científica e que, no auge dos seus quase 80 anos (77, pra ser mais exato), ainda produz um bilhão de filmes. Muito mais filmes do que alguns diretores beeeeem mais jovens por aí e isso é louvável.

"Êxodo: Deuses e Reis" é um pouco problemático. Primeiramente, se tratando da direção, o filme é épico e fantástico. Na mão de Ridley Scott, é impossível um filme sair mal-dirigido. Portanto, "Êxodo" não é exceção. Sua direção é impecável e um momento em que esse fato salta na sua cara é a primeira cena de "batalha", logo no início do filme. A cena, durante toda a sua extensão, é filmada com excelência, tudo graças à mão experiente de Scott.




A atuação, no geral, é boa. Christian Bale faz um ótimo trabalho, por exemplo, mas algumas coisas simplesmente não se encaixam direito. Quero dizer: Joel Edgerton é um ótimo ator (assista "Warrior" se você discorda), mas colocar o cara como Ramsés é tão forçado quanto o papel de Bale como Moisés. E mais, John Turturro como um faraó? Sim. Essas três situações (principalmente a última) fazem o filme perder bastante credibilidade. Ver Turturro sentado no trono cuspindo ordens para os súditos e não rir do fato de tudo isso parecer comédia é bem difícil. De qualquer modo, os destaques ainda sim são Christian Bale (que, por mais que ele não combine com seu papel, a sua atuação ainda é fenomenal), Joel Edgerton e, é claro, Ben Kingsley. Alias, seria bacana também dar destaque para Sigourney Weaver, que finalmente está de volta num filme do Ridley Scott, mas a sua atuação é "whatever" de pequena e irrelevante que nem vale a pena dar mais profundidade.




Mas o meu principal problema com "Êxodo" é o roteiro. Ao longo de duas horas e meia, o filme até tem algumas cenas bem interessantes, e outras cenas bem épicas, pra dizer o mínimo, como a batalha no começo ou a sequência onde os hebreus tentam cruzar o Mar Vermelho. Mas, nesse meio tempo, existe o fato de que Moisés é exilado, conhece uma mulher e começa uma família, e todo aquele principal confronto entre ele e Ramsés simplesmente fica no "pause", e isso é muito chato, principalmente por fazer o filme parecer mais longo de que realmente é.

"Êxodo" não é um filme ruim, mas está longe de ser um grande épico, e isso é até meio triste, considerando que o filme veio do cara que emplacou longas verdadeiramente revolucionários como "Alien: O 8º Passageiro" ou Gladiador. Com atuações sólidas e um roteiro problemático, "Êxodo: Deuses e Reis" não é tão corajoso como Noé, outro filme bíblico do mesmo ano (confira a crítica aqui), mas também não é impactante, nem emocionante, embora até mereça uma assistida.

É até provável que Scott lance uma versão estendida "Director's Cut" que seja muito melhor do que a versão original. Não é como se ele já não tivesse feito isso antes, como no caso do filme Cruzada (Kingdom of Heaven).


NOTA FINAL: 2.5/5

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