domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dying Light — Apocalipse zumbi + parkour = WIN! (Análise)



Anunciado inicialmente como uma sequência do badalado (por bem e por mal) Dead Island, de 2011, Dying Light construiu um hype gigantesco em volta de si mesmo, mais ou menos como o seu "antecessor espiritual" fez.

Desenvolvido pela Techland e distribuído pela Deep Silver — a mesma dupla por trás de Dead Island e Dead Island: Riptide — e lançado em fevereiro de 2015 para PC (tanto para Windows como para derivados do Linux, como o SteamOS), Xbox One PS4, Dying Light é um jogo FPS em mundo-aberto com elementos de survival horror e RPG e tem uma proposta um tanto incomum.

A trama não é original... mas serve e é convincente


No ano de 2014, a cidade fictícia de Harran — supostamente localizada em algum lugar do Oriente Médio — foi assolada por uma epidemia de um vírus extremamente perigoso e mortal, o Vírus Harran (nome dado pelo fato de Harran ter sido o "marco zero" do vírus). O vírus adentrava no hospedeiro, causando convulsões, asfixia repentina, tontura, desmaios e outros sintomas, até se alojar em seu sistema nervoso. Depois de algumas horas após a infecção, o indivíduo passava para um estado irracional, com uma fúria muito grande e com fome eterna, ou seja, os já conhecidos zumbis. A transmissão do vírus é da forma que todos conhecem: saliva e sangue. Uma mordida é o que basta.

A cidade foi posta em quarentena total e situação estava, teoricamente, sob controle. Entretanto, conforme o número de infectados foi aumentando, a mídia tomou conhecimento do fato e, em pouquíssimo tempo, todo o mundo já estava a par do drama que se desenrolava em Harran.

Com o financiamento de vários países, um órgão militar internacional foi criado: o GRE (Global Relief Effort. Algo como Esforço Global). A partir de então, o GRE começou a sobrevoar Harran diariamente, lançando "pacotes" contendo roupas, alimentos, kits de primeiros socorros, remédios e o inibidor do vírus, o Antizin. O Antinzin não curava o infectado, apenas prolongava a "dominação total" do vírus, ou seja, prolongava a transformação, de modo que os usuários do inibidor se tornassem dependentes e tivessem de injetá-lo periodicamente.




O jogador controla o agente americano Kyle Crane, enviado pela GRE assim que o governo começa a estudar a possibilidade de um bombardeamento de Harran. Crane tem a missão de encontrar Kadir Suleiman, um político local que se localiza em algum lugar da quarentena, e recuperar documentos confidenciais de interesse da GRE antes do bombardeamento.

Chegando na cidade, Kyle se depara com alguns sobreviventes membros de uma das facções de Harran e, depois de um breve tiroteio, atrai a atenção dos infectados próximos e é mordido no processo. O agente é então resgatado por um outro grupo de sobreviventes, pertencente à outra facção — conhecidos como Runners. A partir daí, Crane deve trabalhar como um agente duplo, fingindo ajuda aos Runners e, ao mesmo tempo, procurando um modo de completar sua missão.

A mecânica. A parte inovadora e a parte manjada


Logo no começo do jogos, podemos notar a discrepância gritante entre Dying Light e seu primo distante Dead Island. Ao contrário de DA, a jogabilidade de Dying Light é bem fluída, e não travada como antes.

O principal elemento do jogo, que foi o que mais aumentou o hype, é o parkour. Em Dying Light, o jogador pode escalar prédios, saltar obstáculos e correr livremente pelos telhados de Harran ao melhor estilo Mirror's Edge de ser. E é prazeroso fugir de uma horda de zumbis, subir em um telhado e usar todas as suas habilidades de free running durante o game. Tudo pode não ser tão fluído ou preciso como o game da DICE, mas ainda sim é ótimo e é, com certeza, o grande atrativo do game.

O jogo trabalha com safe-houses que precisam ser desbloqueadas ao melhor estilo de Far Cry, onde matamos todos os inimigos e tomamos o lugar, deixando-o seguro e livre de qualquer ataque de algum inimigo. Em uma safe-house, o jogador pode trocar de roupa (sim, existem diversos trajes no jogo que são desbloqueados com o progredir do game), guardar itens em um estoque pessoal e também dormir. Dormindo, o jogador não só recupera todo seu HP como também passa o tempo. Se você dormir durante o dia, você vai acordar durante a noite e vice-versa.




O jogo também trabalha com o sistema de kits médicos e o HP do personagem regenera apenas quando está crítico até um nível ainda baixo. Para recuperar toda a saúde, é necessário usar um kit médico ou dormir.

Por fim, existem três árvores de habilidades para o personagem e elas são divididas em Survivor (Sobrevivente), Agility (Agilidade) e Power (Poder). Para ganhar pontos em cada uma delas, é necessário a realização de atividades repetitivas. Por exemplo: quanto mais inimigos matarmos, mais XP vamos ganhando na árvore de Poder. Quanto mais parkour fizermos, e isso inclui desviar de inimigos, escalar prédios e etc, nós ganhamos XP de Agilidade. Quanto mais tempo ficarmos vivos, quantos mais quests principais ou secundárias completarmos, quanto mais noites sobrevivermos ou quanto mais conseguirmos escapar de perseguições, por exemplo, mais XP de Sobrevivente é adquirido. Esses pontos de XP são acumulados nessas árvores até subirmos de nível, quando então ganhamos um ponto que pode ser usado para desbloquear uma habilidade única da respectiva árvore de habilidades upada.

O arsenal é diversificado


Em Dying Light, o jogador vai lutar contra vários tipo de zumbis e sobreviventes o tempo todo, e para tal, um arsenal diversificado não é uma ideia nada ruim.

Em 90% do tempo, vamos utilizar o variado arsenal de armas brancas. Canos, facas, machados, machadinhas, pedaços de pau, espadas, tacos, cassetetes, martelos e vários outros. De modo que haja rotatividade e o jogador não fique apenas com uma arma pelo resto do jogo, o "matador de zumbis" na mão do personagem tem uma barra de duração que vai diminuindo com o uso da arma, forçando o jogador a consertá-la um número limitado de vezes usando partes de metal coletadas pela cidade  ou jogá-la fora quando ela quebrar.

O jogador vai encontrar durante seu gameplay vários upgrades para essas armas brancas, e esses upgrades podem trazer diversos benefícios diferentes, como aumento no dano da arma, na durabilidade ou no manejo. Existem também os blueprints, ou planos, que permitem o jogador usar o sistema de crafting do game para criar armas novas, combinando armas existentes com outros itens por exemplo. Dentre as criações, é possível adicionar "dano elemental" às armas, como dano de fogo ou dano elétrico, além de venenos e etc.




Há também os itens que te ajudam no jogo, como bombinhas que você pode usar tanto para distrair os inimigos como para tocar fogo numa poça de gasolina, por exemplo. Há garrafas de líquidos condutores e inflamáveis, que podem te ajudar a eletrocutar ou tocar fogo num inimigo, respectivamente. Lanternas ultra-violeta para te ajudarem contra algumas criaturas noturnas, facas e machados que podem ser lançados contra os inimigos, um gancho que pode te ajudar no parkour e vários outros itens.

Existem armas de fogo, que variam desde pistolas comuns até espingardas calibre 12 e rifles de assalto. No entanto elas são raras de se encontrar, principalmente no início do jogo, e mais rara ainda é a munição. E, por mais que essas armas de fogo figurem entre as mais poderosas do game, elas fazem barulho que atraem mais e mais infectados. Eventualmente, o jogador poderá comprar armas de fogo e munições com os mercadores espalhados por Harran, mas elas são extremamente caras.

Existem também diversas armadilhas que podem te ajudar a combater inimigos, como carros explosivos ou cercas elétricas, e armadilhas que te ajudam a se livrar de uma perseguição, como armadilhas de som, que causa um ruído alto o suficiente para atrair os zumbis e tirá-los de sua cola.

Também há uma variedade considerável de inimigos!


Os inimigos no game são bem variados. Entre os infectados existem os Virals, que estão entres os inimigos mais comuns. São aqueles zumbis recém-transformados, que podem correr e escalar prédios atrás de você e são atraídos pelo som. Quando você dispara uma arma, quase sempre são eles que surgem atrás de você.

Os Biters são os zumbis clássicos e os mais comuns de se encontrar no game. Lentos e burros, eles são patéticos sozinhos, mas em horda podem ser perigosíssimos. Há uma variação dos Biters, chamados de Gastanks, que são o mesmo inimigo, mas vestidos em uma roupa especial e que carregam um cilindro nas costas. Atacando o cilindro causa uma explosão que causa dano aos inimigos próximos e ao jogador, além de fazer barulho e atrair outros infectados.

Os Goons são grandes, fortes e lentos e geralmente carregam vergalhões de concreto que usam para atacar tanto sobreviventes quanto até mesmo outros zumbis que se aproximarem demais. Eles são muito agressivos e matá-los é bem difícil inicialmente, considerando principalmente o dano que causam com seus ataques. Não são tão comuns quanto os Biters ou os Virals.




Existem os Demolishers, que são maiores e ainda mais agressivos que os Goons, eles atacam usando a força-bruta e conseguem correr atrás do jogador. Quando um inimigo está fora do alcance, um Demolisher pode arrancar pedaços de concretos do chão e lançá-los para atingi-los. Seus ataques são muito fortes e enfrentá-los é bem difícil, principalmente no início. Felizmente, cruzar com um Demolisher é um tanto raro.

Os Bombers são inimigos frágeis que tentam se aproximar dos sobreviventes para poderem explodir, causando dano massivo à todos ao seu redor. Quando mortos, eles também explodem. O barulho da explosão atrai infectados. Não são nem tão comuns e nem tão raros, pelo menos de início. Com o progredir da história, vão se tornando mais comuns.

Os Toads são outros inimigos frágeis. Eles saltam grandes distâncias e sempre tentam manter distância dos sobreviventes, atacando de longe com um cuspe ácido que diminui a saúde do jogador progressivamente. Assim como os Bombers, não são nem tão raros nem tão comuns de início, mas vão se tornando mais comuns com o progredir da história.

Os Screamers são inimigos extremamente raros. São crianças transformadas, que aparecem sempre em lugares fechados, simulando um choro de criança para atrair suas presas. Quando ameaçados, gritam muito alto, atordoando o jogador e atraindo outros infectados.

Durante a noite, todos (e eu digo TODOS) os infectados se tornam mais resistentes e mais perigosos, e outros infectados surgem para caçar. Os Bolters são infectados que só surgem à noite, são raros e só aparecem em lugares específicos pela cidade e são extremamente frágeis, fugindo do jogador quando perturbados. Eles nunca atacam e se alimentam apenas de cadáveres.




E, o pior de todos eles, os Volatiles. Volatiles só aparecem de noite e são, literalmente, pesadelos personificados. Eles vagam pela cidade aos montes e são atraídos pelo som, assim como os Virals. São extremamente rápidos, extremamente resistentes e, de longe, os mais perigosos de todos os inimigos. Quando avistam o jogador, eles primeiramente vão gritar alto o suficiente para atrair qualquer outro infectado que estiver por perto, inclusive outros Volatiles, e vão perseguir o jogador até o infinito e um pouco mais longe. Eles são sensíveis à luz do sol, portanto usar uma lanterna ultra-violeta ou uma flare pode te fazer ganhar alguns segundos de respiração. É altamente recomendado nunca atacá-los, já que as chances de você sair vitorioso de um confronto são quase nulas. Dá até um gelo na espinha quando uma perseguição tem início (sério!).

Por fim, durante a noite existe um tipo de infectado especial, o Night Hunter, que é controlado pelo jogador num modo multiplayer contra outros jogadores, mas vou entrar em detalhes mais adiante.

Existem também os inimigos humanos, que nada mais são do que outros sobreviventes. Eles podem estar armados tanto com armas brancas como com armas de fogo. Lutar contra um humano armado com uma arma branca é bastante difícil no começo do jogo, já que eles desviam ou aparam seus ataques, te perseguem e/ou lançam facas quando você está fora de alcance. Humanos armados com armas de fogo são extremamente perigosos em qualquer parte do jogo e é sempre bom evitá-los e, se for necessário um confronto, não hesite em usar armas de fogo também.

Os modos cooperativos e competitivos do multiplayer


Existem dois modos multiplayer, um deles é o modo cooperativo para até 4 jogadores, onde todos assumem Crane e podem progredir pela campanha principal. É bem divertido, mas pode tirar sua atenção do enredo, por exemplo.

E existe o modo competitivo, chamado de "Be a zombie" (ou Seja um zumbi) onde você, literalmente, controla um infectado (nesse caso o Night Hunter, que eu falei ali em cima) e invade o jogo de outro jogador para caçá-lo durante a noite, bem bacana mesmo. Ah, caso você não desative a "invasão zumbi" no menu de pausa, outros jogadores também podem invadir o seu jogo.

Visual e som


Tanto visualmente quanto sonoramente, o jogo é incrível. Graficamente falando, o jogo é muito bonito. A ambientação é espetacular e bem variada, desde as ruas e os telhados de Harran quanto os interiores de casas, prédios, laboratórios, esgotos, fábricas e etc. Harran é muito grande e bem diversificada, e o nível de detalhamento é bem alto também.

Já no lado do som, o game também não faz feio. Os sons dos ataques corpo à corpo, dos tiros e das explosões são muito bons. Os sons dos zumbis também são bem bacanas e, dependendo do local e da sua imersão, podem te assustar imensamente. O som ambiente dos lugares também é fantástico. Ruídos ao longe, ecos de grunhidos e gritos de infectados só adicionam à imersão.




A dublagem é boa, embora existam alguns personagens cuja voz não combina. Já a dublagem brasileira é bacaninha. Tem bastante nomes conhecidos mas parece meio preguiçosa. Por sinal, o jogo está todo com opções em português brasileiro, desde textos até falas.

O game é bem violento graficamente. O sangue jorra pra todo lado o tempo inteiro. Ver decapitações, desmembramentos ou cabeças explodindo é muito comum.

No quesito bugs, por incrível que pareça, não existem muitos. Há alguns delays de renderização de vez em quando ou até alguns pop-ins. O maior problema mesmo é que, pelo menos no PC, o jogo costuma dar algumas engasgadas para qualquer coisa, como iniciar uma cutscene ou até mesmo durante algumas lutas. Essas engasgadas podem tanto ser quase instantâneas como podem durar desde meio segundo à um segundo e não é problema do seu computador não. É problema de otimização mesmo.

Vale a pena?


Dying Light é um jogo muito divertido em várias situações, seja pelo prazer de matar zumbis ou a empolgação de fugir de uma horda usando suas habilidades de parkour. O game deixa para trás todos os principais problemas de Dead Island e cria sua própria identidade, com um enredo mais convincente e personagens mais memoráveis que você não vai esquecer depois de um mês. Os modos cooperativos e competitivos adicionam ainda mais à bagagem de diversão que o jogo proporciona. Com uma campanha que dura até umas 13 horas e que, somada aos extras, pode acarretar num tempo de jogo de até umas 30 horas, Dying Light merece uma chance!


AVALIAÇÃO: 4/5
"Ótimo"


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