domingo, 26 de fevereiro de 2017

Estrelas Além do Tempo | Uma ótima história sobre o racismo e o machismo na NASA dos anos 60. (Crítica — Especial Oscars 2017)

E finalmente chegamos ao fim do nosso especial de críticas de todos os indicados ao prêmio de Melhor Filme da 89ª edição do Oscar. Sem mais delongas, vamos falar um pouco sobre Hidden Figures:





Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures) é dirigido por Theodore Melfi, escrito por Melfi e Allison Schroeder e é baseado no livro de Margot Lee Shetterly, além de trazer um elenco composto por Octavia Spencer, Taraji P. Henson, Janelle Monáe, Kevin Costner, Mahershala Ali, Kirsten Dunst e Jim Parsons. O longa recebeu 3 indicações ao Oscar: melhor filme, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado.

“Estrelas” conta a história de três mulheres negras e sua ascensão dentro da NASA enquanto lutam contra todos os problemas da segregação racial e do machismo que faziam parte do cotidiano geral no início dos anos 60. 

Esta, inclusive, é uma pauta constantemente revisitada pelo filme: racismo. Nesse quesito, o roteiro de Melfi e Schroeder consegue realizar um ótimo trabalho em prender a atenção da audiência, o que torna bastante difícil não simpatizar ou se emocionar ou até mesmo se empolgar com a luta das personagens para conseguirem ter uma voz naquele meio. O tema é tratado ostensivamente durante uma boa parcela do longa e em diversas camadas, o que torna tudo um bocado mais interessante.

No que se trata da atuação, a química entre as três atrizes principais (Henson, Monáe e Specer) é maravilhosa e funciona muito bem. Há um espaço para debate sobre quem deveria ter recebido a indicação ao Oscar — que foi para Spencer — embora a performance de Henson tenha sido, de longe, a mais delicada e repleta de nuances. Kevin Costner, que interpreta o chefão de todo mundo ali, também faz um ótimo trabalho, o seu melhor em muitos anos, inclusive. O mesmo não pode ser dito de outros membros do escalão mais alto do elenco, mas falo mais disso depois.




É impossível não notar, logo no primeiro plano, a beleza da fotografia de Mandy Walker. É interessante ver como a fotógrafa apostou em um visual um tanto moderno para um filme de época — época essa que é muito bem representada, diga-se de passagem —, e seus tons de marrom com toques dos mais variados (dos avermelhados, aos brancos, aos azulados e por aí vai) formam planos realmente bonitos.

Mesmo tendo seus 126 minutos de duração, boa parte do longa passa a sensação de ser meio “corrida”. O roteiro peca em não desenvolver alguns aspectos da narrativa, como a relação entre Jim (Mahershala Ali que, assim como Monáe, também esteve em “Moonlight: Sob A Luz do Luar” e, inclusive, concorre ao Oscar de melhor ator coadjuvante por seu trabalho lá) e Kathy (Taraji P. Henson), por exemplo. Há também o modo um tanto cíclico como ele trata os personagens de Jim Parsons (totalmente deslocado no papel, tanto quanto Neil Patrick Harris estava em “Garota Exemplar”) e Kirsten Dunst. Ambos, em 99% do tempo que estão em tela, estão pelo mesmo motivo de bloquear o progresso das personagens por quaisquer motivos que sejam, algo que fica um tanto cansativo por volta da terceira vez que acontece.

Mesmo com seus problemas, “Estrelas Além do Tempo” ainda é uma boa pedida, tanto por tratar de temas que, incrivelmente, ainda são bastante atuais, meio século mais tarde, quanto por trazer performances bastante fortes do trio de atrizes principais e um enredo muito interessante, mesmo que, por vezes, corrido e mal desenvolvido.


AVALIAÇÃO: 4/5
"Ótimo"

Um comentário:

  1. O drama é construído ao redor de suas protagonistas e é por isso que a atuação delas e também do elenco de apoio é crucial para o sucesso do filme. Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Também adorei 7 Minutos Depois da Meia Noite é um dos melhores filmes baseados em livros, porque tem toda a essência do livro mais sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.

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