terça-feira, 12 de abril de 2016

Homem-Aranha 3 | Aquele tropeção que matou a franquia. (Crítica)



Seguindo em frente com nossa saga de posts sobre o Cabeça de Teia, chegamos ao último filme da trilogia de Raimi. Vamos lá:
            

Atenção: Caso você ainda não tenha assistido o filme, saiba que a crítica a seguir está repleta de spoilers! Você foi avisado...
            

Lançado três anos após o segundo filme, em 2007, Homem-Aranha 3 (Spider-Man 3) foi novamente dirigido por Sam Raimi e escrito por ele em conjunto com seu irmão Ivan Raimi e Alvin Sargent, o responsável pelo roteiro do filme anterior. O elenco se manteve o mesmo com alguns novos nomes, composto por Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Rosemary Harris, J. K. Simmons, Thomas Haden Church, Topher Grace, Bryce Dallas Howard e James Cromwell.
            
Mesmo que Homem-Aranha 2 não tenha se saído tão bem quanto o primeiro filme na bilheteria — arrecadando “apenas” US$ 783 milhões contra os US$ 821 milhões do antecessor —, foi muito mais bem-aceito pela crítica especializada e pelos fãs. E por ambos os motivos, a Sony encomendou uma sequência. E a ideia de rever o Aracnídeo nas telonas pela terceira vez após ver dois ótimos filmes parecia incrível. O problema é que o resultado passou longe de tal.



            
O que recebemos nos cinemas, lá em 2007, foi um desastre bagunçado. Homem-Aranha 3 está repleto de momentos que não fazem sentido e cenas que causam vergonha alheia até na mais sem-noção das pessoas.
            
Sam Raimi, que foi ativamente contra a ideia de inserir mais de um vilão nos dois filmes anteriores, pareceu estar bastante confortável enquanto escrevia, junto de seu irmão e Alvin Sargent, um roteiro que incluía o Homem-Areia (que acabou sendo usado no fim, interpretado por Thomas Haden Church) e o Abutre. E mesmo com o vilão voador descartado, ele abraçou a ideia do produtor Avi Arad (uma das figuras mais controversas do cinema e quase um inimigo dos fãs do material original das tantas adaptações em que esteve envolvido) de inserir o vilão Venom (Topher Grace) que, por ser muito conhecido, traria ainda mais público pro longa. Além disso, todo aquele arco que o diretor construiu nos últimos dois filmes para Harry Osborn (James Franco) precisava ser fechado e, assim como nos quadrinhos, o personagem inevitavelmente se tornaria o novo Duende Verde, completando o trio de vilões do longa.
            
Ao longo de seus não-longos-o-suficiente 139 minutos, além da necessidade de apresentar mais duas novas origens (de Venom e do Homem-Areia), ainda existem trilhões de outras histórias secundárias no filme. Temos o romance despedaçado de Peter (Tobey Maguire) e Mary Jane (Kirsten Dunst), temos o drama de Mary Jane após perder seu emprego, temos a vingança de Harry que, eventualmente, leva a um acidente e sua consequente perda de memória, e marca o retorno do triangulo amoroso de Peter/Mary Jane/Harry, além da aparição de Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard), causando um segundo triângulo amoroso com Peter/Gwen/Mary Jane (!!!). Fora isso, temos o relacionamento de Flint Marko/Homem-Areia com sua filha doente, temos o ódio de Eddie Brock/Venom por Peter/Homem-Aranha e, ainda por cima, o filme volta no tempo enquanto tenta inserir Flint Marko como um novo suspeito no assassinato do tio Bem.



            
Personagens que eram bacanas nos filmes anteriores são completamente destruídos nesse novo longa. Peter se transforma num imbecil completamente alheio a tudo ao seu redor, sem conseguir notar que há algo de errado com Mary Jane ou sem nem ao menos questionar por que diabos sua roupa está preta. Os únicos personagens que se mantém interessantes e não completos estúpidos são a tia May e a própria Mary Jane.
            
Os dois novos vilões são completamente descartáveis e são mais “pedras no sapato” do Aranha do que vilões. O único que é minimamente interessante é o Duende de Harry, mas apenas porque ele foi desenvolvido durante dois filmes antes de chegar aqui, e quando finalmente chega, tem toda sua história interrompida por uma péssima ideia que alguém teve durante a produção de “ei, vamos deixar ele com amnésia!”.
            
É claro que o filme tem seus momentos de brilho, como a trilha sonora de Christopher Young — que substituiu Danny Elfman no terceiro longa — que, embora não seja tão boa quanto as dos filmes anteriores, ainda é ótima. O nascimento do Homem-Areia é uma ótima sequência, assim como a remoção do simbionte na igreja, a luta entre Peter e Harry na casa dos Osborn e a luta entre o Homem-Aranha em sua roupa preta e Homem-Areia no metrô, além da união das forças de Harry e Peter no fim. Há também a terceira aparição de Bruce Campbell na trilogia, que também é hilária.



            
Entretanto, mesmo com seus breves momentos de glória, Homem-Aranha 3 não se sai bem quando colocado na balança. Seus efeitos especiais computadorizados são muito mais presentes e porcamente trabalhados. E é muito triste ver um dos maiores vilões do herói, Venom, ser tão mal utilizado e estar no filme por uns 20 segundos.
            
Pelo menos eles não repetiram nada disso, não é mesmo O Espetacular Homem-Aranha 2?
            
Homem-Aranha 3 não é aquele filme terrível como Batman e Robin ou Quarteto Fantástico (qualquer um deles), por exemplo, porque tem seus genuínos momentos de qualidade, embora escassos. Mesmo assim, não existem nada de muito notável aqui e é uma pena que, depois de dois grandes filmes, o fechamento da trilogia seria tão abaixo da média assim.
            
E pensar que eles estavam planejando um quarto filme com Gata Negra, Abutre, Carnificina e o Lagarto, mas Raimi não conseguiu engolir o roteiro dessa vez e saiu do projeto, forçando a Sony a repensar a franquia...



AVALIAÇÃO: 1.5/5
"Ruim

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