domingo, 10 de abril de 2016

Homem-Aranha 2 | O raro tipo de sequência. Daquelas que é melhor que o filme anterior. (Crítica)



Continuando com nossa saga de críticas dos filmes do Cabeça de Teia, só pra relembrar, enquanto Capitão América: Guerra Civil não chega. Se você não sabe, há dois dias eu falei sobre o primeiro filme do personagem, que chegou aos cinemas lá em 2002. Clique aqui para ler.
            

Atenção: Caso você ainda não tenha assistido ao filme, saiba que a crítica a seguir está repleta de spoilers! Você foi avisado...
            

Lançado dois anos após o seu antecessor de extremo sucesso, em 2004, Homem-Aranha 2 (Spider-Man 2) foi novamente dirigido por Sam Raimi, escrito por Alvin Sargent e trouxe, basicamente o mesmo elenco de antes, com uma mudança de vilão e outras pequena adições: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Rosemary Harris, Alfred Molina e J. K. Simmons.
           
Depois do sucesso do ótimo filme de 2002, era natural que os fãs ficassem ainda mais desesperados pela sequência. Considerado por muito como ainda melhor que seu antecessor, Homem-Aranha 2 foi um sucesso arrebatador de crítica e bilheteria e, embora não tenha feito TANTO sucesso quanto o primeiro longa, ele angariou diversos novos fãs e envelheceu tão bem quanto um vinho.



           
Seguindo os acontecimentos de Homem-Aranha, o novo longa se foca, principalmente, em desenvolver o personagem de Peter Parker (Tobey Maguire) muito mais como uma pessoa comum do que como o herói mascarado. Você se importa muito mais com o personagem e tem muito mais simpatia. Ele apanha e, com o perdão da palavra, se fode o filme inteiro. Suas notas estão caindo e ele está muito mal na faculdade. Ele não consegue descobrir como se aproximar da mulher que ama, Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), sem a colocar em perigo por causa de sua vida dupla, ao mesmo tempo em que ele está saindo com um outro cara, com planos de se casar. Seu melhor amigo, Harry Osborn (James Franco), o culpa parcialmente por sua dor, pois ele acredita que o Homem-Aranha matou seu pai e Peter é o responsável por tirar fotos do herói para o Clarim Diário.
            
Sério. A vida de Peter Parker aqui é uma merda. Como nessa cena extremamente triste onde, numa festa de gala, Harry, quando bêbado, confronta Peter sobre o motivo dele não divulgar a identidade do Homem-Aranha e, segundos depois, Parker percebe que Mary Jane aceitou se casar com o filho de J. Jonah Jameson (J. K. Simmons). Até o seu relacionamento com sua Tia May (Rosemary Harris) não é só flores depois que ele finalmente lhe conta como ele estava no lugar e foi, mesmo que parcialmente, responsável pela morte de seu tio Ben.
            
Mantendo a tradição do filme anterior de quase sempre fazer as melhores escolhas possíveis quando se trata de escalar atores, Alfred Molina simplesmente destrói tudo com sua interpretação de Otto Octavius, o Doutor Octopus.



            
O mesmo pode ser dito, novamente, da direção de Sam Raimi. Agora ainda mais autoral, Raimi comanda o longa com maestria invejável e estilo sempre presente. Tome como exemplo a ótima cena da cirurgia de Octavius no hospital. Ela é filmada como se fosse um longa de terror, e toda a atmosfera que cria ajuda a representar o monstro que o personagem se tornou.
            
Peter Parker é um personagem fascinante aqui. Depois de ele, literalmente, desistir de ser o Homem-Aranha (com direito a uma cena bastante tocante de um diálogo como seu tio, num momento que é como um sonho ou uma visão), a sequência seguinte dele vivendo a vida simplesmente como um cidadão normal, acompanhado com a canção “Raindrops Keep Fallin’ On My Head” ao fundo é genial e original, perfeita. Sam Raimi, senhoras e senhores.
            
Todas as cenas de ação entre o Teioso e o Dr. Octopus são ótimas, seja ela a cena no banco (onde o Aranha não deixa seu espírito mais fanfarrão de lado, com “Here’s your change!”) que culmina numa luta do lado de fora do prédio, ou a brilhante sequência no trem que nunca fica contida, se dando a liberdade de jogar ambos os personagens para fora, criando situações mais diversas e empolgantes, com seu ótimo desfecho demonstrando a solidariedade dos passageiros após o herói impedir o acidente. Os efeitos especiais também são bastante superiores aos do filme anterior e envelheceram muito melhor, além de ainda funcionarem muito bem hoje em dia.



            
O longa não é perfeito, claro. O roteiro apresenta todos os problemas que me incomodam. A cena do prédio em chamas, por exemplo, é completamente desnecessária e quase uma versão mais pobre da cena do longa anterior. Mary Jane põe Peter pra baixo com muita frequência em uma raiva exagerada, como se o cara tivesse matado a mãe dela e não perdido a encenação de sua peça. Ao mesmo tempo, o roteiro tem suas ótimas cenas, como aquele monólogo da tia May para Peter onde ela fala sobre como a cidade precisa do Homem-Aranha e o filme deixa sugerido que ela, no mínimo, suspeita que seu sobrinho é o herói.
            
Mesmo não estando livre de problemas, Homem-Aranha 2 não só é o melhor filme do herói já feito até o presente momento como também é um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos. Os personagens são desenvolvidos ainda mais, Alfred Molina faz um trabalho impecável como o vilão e o longa está tão repleto de cenas ótimas e história visual, sem a necessidade de falas, como o último plano do longa, que enquadra Mary Jane observando Peter indo salvar o dia. Ainda é um excelente filme que, como dito, envelheceu tão bem quanto um bom vinho.



AVALIAÇÃO: 4.5/5
"Excelente"

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