E, finalmente, depois de longuíssimos três anos de
espera e ansiedade, eis que os dois heróis finalmente chegaram ao cinema
compartilhando tempo de tela no mesmo filme! E então o Universo Cinematográfico
da DC começa a tomar forma...
Batman v Superman: A Origem da Justiça
(Batman v Superman: Dawn of Justice)
é dirigido por Zack Snyder (o cara em
quem a Warner aposta todas as suas fichas para moldar o DCCU — leia-se DC Cinematografic Universe, ou Universo Cinematográfico da DC), escrito
por David S. Goyer e Chris Terrio e traz um elenco
gigantesco composto por grandes nomes como Ben
Affleck, Henry Cavill, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Jeremy Irons,
Amy Adams, Laurence Fishburne, Holly
Hunter, Kevin Costner, Michael Shannon e outros!
Depois
de três anos em produção (após um adiamento de um ano), BvS finalmente chegou aos cinemas com a missão de não só colocar os
dois maiores heróis da DC Comics em guerra um contra o outro mas também preparar
o terreno para o vindouro filme da Liga da Justiça, apresentando outros heróis
e ainda servir como uma sequência para O
Homem de Aço, de 2013.
Antes
de seguir adiante, saiba que nós do Titans Desatualizados fizemos críticas de
todos os filmes solos anteriores de Batman e de Superman. Você pode vê-las
clicando nos links a seguir:
Batman:
Superman:
Sem
mais delongas, vamos falar do novo filme!
O
tema principal do filme é toda a destruição causada pela luta entre Superman (Henry Cavill) e os outros
kryptonianos, em especial o General Zod, em O
Homem de Aço, e as vidas inocentes perdidas naquele dia. Há muita
controvérsia em volta do Azulão, ao tempo que muitos aceitam sua ajuda e outros
a temem pelo fato do cara não responder a ninguém além de si mesmo. Em meio a
isso, temos o Homem-Morcego/Bruce Wayne (Ben
Affleck) que presenciou a Batalha de Metropolis e a destruição de um de seus prédios
na cidade, o que custou a vida de dezenas de pessoas. E, é claro, o jovem ricaço
Lex Luthor (Jesse Eisenberg) quer
mostrar ao mundo que o Superman é extremamente perigoso e não deve ser confiado
e, para isso, ele tem um plano que, eventualmente, leva os dois heróis a saírem
na porrada.
Existem
coisas que eu amei no longa e coisas que simplesmente não me agradaram nem um
pouco. Começando pelos prós:
Batman.
Ben Affleck simplesmente destruiu como o Morcegão de Gotham. Ele foi fenomenal
em cada um dos três papéis que deveria assumir (veja a crítica do primeiro
Batman para entender melhor o que quero dizer) e foi o único até hoje a
conseguir tal feito: o Bruce Wayne babaca que é como figura-pública foi ótima,
o verdadeiro Bruce Wayne foi incrível e o vigilante mascarado de Gotham foi
ameaçador e incrivelmente fodão. Nós finalmente vimos o Batman do jeito que ele
deveria ser: um puta bad-ass! E finalmente pudemos ver o Homem-Morcego em cenas
de luta ótimas, fazendo jus as tais 127 artes marciais que ele domina. Já era
hora... Além disso, pela primeira vez nós vemos o “The World’s Greatest
Detective” fazendo um verdadeiro trabalho de detetive (detetive tecnológico,
mas detetive mesmo assim!).
De
longe, Batman foi quem roubou o show (nesta humilde opinião de merda de quem
vos escreve) e é, de longe, o melhor Batman live-action que o cinema já
ofereceu. O que é ainda mais bacana quando você, dentre seu grupo de amigos,
foi talvez o único a apoiar a decisão de Ben Affleck como o escolhido para
vestir o manto desde 2013. A sensação de “eu
falei, porra!” é impagável.
Há
um problema, que já é meio recorrente nas versões do Batman no cinema, mas que
não me incomodou tanto quanto nas encarnações passadas que é: o Homem-Morcego
de Affleck não é apenas o mais brutal de todos (sério, ele marca criminosos com
ferro quente, atira arpéus no peito dos caras e perfura ombros!), mas também
ele não aparenta mais ter problemas com seus inimigos morrendo. Ao menos nas
sequências durante a primeira metade do longa, Batman não se importa em deixar
alguns corpos pelo caminho. O problema disso é que o cara tá moendo várias
pessoas mas nunca é apresentada uma explicação para tal. É como se o Batman desse
universo nunca fizesse questão de manter ninguém vivo, até que, em outras lutas
posteriores, ele não mata. É meio confuso.
Outra
coisa que eu gostei bastante no Morcegão foi a decisão que o roteiro tomou para
garantir ao personagem uma voz ameaçadora para intimidar criminosos que não
acabasse se tornando meio cômica e tosca, como o que aconteceu com o Batman de
Christian Bale, na trilogia de Christopher Nolan. Aqui, o herói utiliza um minúsculo
microfone, preso na parte de dentro de sua máscara, acoplado a um modulador de
voz. Ótima sacada.
O
resumo do novo Batman é: assim como Heath Ledger, Ben Affleck calou a internet.
Os
outros dois membros da Trindade também não decepcionam. Henry Cavill continua
muito bem vestindo o manto do Superman (tá certo que ele não é nenhum
Christopher Reeve, mas ele manda bem) e Gal Gadot como a Mulher-Maravilha é ótima. Além disso, o Alfred de Jeremy Irons é ótimo. Aqui ele não age como a tradicional
figura paterna de Bruce Wayne, e sim mais como um velho amigo, e eu gostei
dessa pequena mudança.
Quase
todas as sequências de ação, algo que Zack Snyder sabe fazer muito bem, são
fantásticas. E isso inclui a tão esperada luta entre os dois heróis do título.
Resumida em uma palavra: espetacular. É. Acho que “espetacular” serve.
Entretanto,
ao mesmo tempo que o longa é bonito, ele é extremamente bagunçado.
Quase
todos os filmes de Zack Snyder são visualmente agradáveis e, todos (sem
exceção) são feitos para impressionar e, assim como em O Homem de Aço, aqui não é diferente. O diretor parece ter uma
séria dificuldade em balancear o visual com um enredo convincente e aqui o
roteiro não ajuda muito. Escrito pelo nada mais que mediano David S. Goyer e o ótimo
Chris Terrio, o roteiro é bastante confuso e muitas vezes não sabe o quer. De
início, o filme tem um tom bastante adulto e político, mas a segunda metade de
seu segundo ato e o seu terceiro ato basicamente jogam tudo pela janela e o
filme se transforma num orgasmo visual de destruição e efeitos especiais computadorizados
absurdos de exagerados e excessivos.
O
roteiro também não sabe o que fazer com Lois
Lane (Amy Adams), por exemplo. Ela, assim como no filme do Azulão, está em
todo lugar o tempo inteiro, mas sem nenhum motivo para tal além do fato dela
ser a Lois.
E,
assim como Vingadores: Era de Ultron,
o longa também sofre por ter que adicionar cenas que não se fazem necessárias
em seu contexto fechado, mas que o farão assim que as sequências e a
necessidade de um “Universo Expandido” foram chegando aos cinemas. O e-mail que
Wayne envia para Diana é simplesmente o jeito mais preguiçoso e desleixado que
o roteiro poderia encontrar para introduzir os outros futuros membros da Liga
da Justiça.
Os trailers do longa realmente revelam muito mais coisas do que deviam.
Aliás, o segundo vilão do filme, o Apocalipse, é desperdiçado sem dó. Inclusive,
se você viu as supostas “reações iniciais” de fãs que viram o filme em sua
pré-estreia que disseram que o Apocalipse não aparece apenas nos últimos 15
minutos de filme e que você poderia ficar tranquilo, saiba que elas estão
certas... ele aparece nos últimos 20 minutos.
Por
fim: Lex Luthor. Eu sinceramente não sei o que pensar do vilão. Houveram
momentos em que eu o achei genuinamente ameaçador e quase insano, mas um vilão
muito eficiente. Em outros momentos, eu me perguntava o porquê de ele ser
basicamente uma fusão do personagem de Nicolas Cage em Os Vigaristas, de 2003, e uma versão mais “malvadinha” de seu papel
como Mark Zuckerberg em A Rede Social,
de 2010, com todos os seus maneirismos e sua inabilidade de lidar com outras
pessoas.
Batman v Superman: A Origem da Justiça é
um filme visualmente muito satisfatório, embora dependa demais da computação
gráfica e tenha um roteiro extremamente bagunçado, com uma edição que ajuda
ainda menos, cortando e mudando o foco entre Metropolis e Gotham, um personagem
e outro com muita frequência. No fim das contas, não é um grande filme e é inevitavelmente
decepcionante, principalmente por causa do nome que carrega. Poderia ser melhor
e nós merecíamos mais, mas, infelizmente, não foi bem assim. Ainda assim, vale
a pena assistir e é, no fim das contas, uma experiência única.
AVALIAÇÃO: 3/5
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