sexta-feira, 25 de março de 2016

Batman v Superman: A Origem da Justiça | A Trindade finalmente unida num filme que não atende todas as expectativas, mas diverte. (Crítica)



E, finalmente, depois de longuíssimos três anos de espera e ansiedade, eis que os dois heróis finalmente chegaram ao cinema compartilhando tempo de tela no mesmo filme! E então o Universo Cinematográfico da DC começa a tomar forma...
            
Batman v Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice) é dirigido por Zack Snyder (o cara em quem a Warner aposta todas as suas fichas para moldar o DCCU — leia-se DC Cinematografic Universe, ou Universo Cinematográfico da DC), escrito por David S. Goyer e Chris Terrio e traz um elenco gigantesco composto por grandes nomes como Ben Affleck, Henry Cavill, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Jeremy Irons, Amy Adams, Laurence Fishburne, Holly Hunter, Kevin Costner, Michael Shannon e outros!
            
Depois de três anos em produção (após um adiamento de um ano), BvS finalmente chegou aos cinemas com a missão de não só colocar os dois maiores heróis da DC Comics em guerra um contra o outro mas também preparar o terreno para o vindouro filme da Liga da Justiça, apresentando outros heróis e ainda servir como uma sequência para O Homem de Aço, de 2013.
           
Antes de seguir adiante, saiba que nós do Titans Desatualizados fizemos críticas de todos os filmes solos anteriores de Batman e de Superman. Você pode vê-las clicando nos links a seguir:


            
Batman:









            Superman:







            
Sem mais delongas, vamos falar do novo filme!
            
O tema principal do filme é toda a destruição causada pela luta entre Superman (Henry Cavill) e os outros kryptonianos, em especial o General Zod, em O Homem de Aço, e as vidas inocentes perdidas naquele dia. Há muita controvérsia em volta do Azulão, ao tempo que muitos aceitam sua ajuda e outros a temem pelo fato do cara não responder a ninguém além de si mesmo. Em meio a isso, temos o Homem-Morcego/Bruce Wayne (Ben Affleck) que presenciou a Batalha de Metropolis e a destruição de um de seus prédios na cidade, o que custou a vida de dezenas de pessoas. E, é claro, o jovem ricaço Lex Luthor (Jesse Eisenberg) quer mostrar ao mundo que o Superman é extremamente perigoso e não deve ser confiado e, para isso, ele tem um plano que, eventualmente, leva os dois heróis a saírem na porrada.



            
Existem coisas que eu amei no longa e coisas que simplesmente não me agradaram nem um pouco. Começando pelos prós:
           
Batman. Ben Affleck simplesmente destruiu como o Morcegão de Gotham. Ele foi fenomenal em cada um dos três papéis que deveria assumir (veja a crítica do primeiro Batman para entender melhor o que quero dizer) e foi o único até hoje a conseguir tal feito: o Bruce Wayne babaca que é como figura-pública foi ótima, o verdadeiro Bruce Wayne foi incrível e o vigilante mascarado de Gotham foi ameaçador e incrivelmente fodão. Nós finalmente vimos o Batman do jeito que ele deveria ser: um puta bad-ass! E finalmente pudemos ver o Homem-Morcego em cenas de luta ótimas, fazendo jus as tais 127 artes marciais que ele domina. Já era hora... Além disso, pela primeira vez nós vemos o “The World’s Greatest Detective” fazendo um verdadeiro trabalho de detetive (detetive tecnológico, mas detetive mesmo assim!).
            
De longe, Batman foi quem roubou o show (nesta humilde opinião de merda de quem vos escreve) e é, de longe, o melhor Batman live-action que o cinema já ofereceu. O que é ainda mais bacana quando você, dentre seu grupo de amigos, foi talvez o único a apoiar a decisão de Ben Affleck como o escolhido para vestir o manto desde 2013. A sensação de “eu falei, porra!” é impagável.



            
Há um problema, que já é meio recorrente nas versões do Batman no cinema, mas que não me incomodou tanto quanto nas encarnações passadas que é: o Homem-Morcego de Affleck não é apenas o mais brutal de todos (sério, ele marca criminosos com ferro quente, atira arpéus no peito dos caras e perfura ombros!), mas também ele não aparenta mais ter problemas com seus inimigos morrendo. Ao menos nas sequências durante a primeira metade do longa, Batman não se importa em deixar alguns corpos pelo caminho. O problema disso é que o cara tá moendo várias pessoas mas nunca é apresentada uma explicação para tal. É como se o Batman desse universo nunca fizesse questão de manter ninguém vivo, até que, em outras lutas posteriores, ele não mata. É meio confuso.
            
Outra coisa que eu gostei bastante no Morcegão foi a decisão que o roteiro tomou para garantir ao personagem uma voz ameaçadora para intimidar criminosos que não acabasse se tornando meio cômica e tosca, como o que aconteceu com o Batman de Christian Bale, na trilogia de Christopher Nolan. Aqui, o herói utiliza um minúsculo microfone, preso na parte de dentro de sua máscara, acoplado a um modulador de voz. Ótima sacada.
            
O resumo do novo Batman é: assim como Heath Ledger, Ben Affleck calou a internet.



            
Os outros dois membros da Trindade também não decepcionam. Henry Cavill continua muito bem vestindo o manto do Superman (tá certo que ele não é nenhum Christopher Reeve, mas ele manda bem) e Gal Gadot como a Mulher-Maravilha é ótima. Além disso, o Alfred de Jeremy Irons é ótimo. Aqui ele não age como a tradicional figura paterna de Bruce Wayne, e sim mais como um velho amigo, e eu gostei dessa pequena mudança.
           
Quase todas as sequências de ação, algo que Zack Snyder sabe fazer muito bem, são fantásticas. E isso inclui a tão esperada luta entre os dois heróis do título. Resumida em uma palavra: espetacular. É. Acho que “espetacular” serve.
            
Entretanto, ao mesmo tempo que o longa é bonito, ele é extremamente bagunçado.
            
Quase todos os filmes de Zack Snyder são visualmente agradáveis e, todos (sem exceção) são feitos para impressionar e, assim como em O Homem de Aço, aqui não é diferente. O diretor parece ter uma séria dificuldade em balancear o visual com um enredo convincente e aqui o roteiro não ajuda muito. Escrito pelo nada mais que mediano David S. Goyer e o ótimo Chris Terrio, o roteiro é bastante confuso e muitas vezes não sabe o quer. De início, o filme tem um tom bastante adulto e político, mas a segunda metade de seu segundo ato e o seu terceiro ato basicamente jogam tudo pela janela e o filme se transforma num orgasmo visual de destruição e efeitos especiais computadorizados absurdos de exagerados e excessivos.



            
O roteiro também não sabe o que fazer com Lois Lane (Amy Adams), por exemplo. Ela, assim como no filme do Azulão, está em todo lugar o tempo inteiro, mas sem nenhum motivo para tal além do fato dela ser a Lois.
            
E, assim como Vingadores: Era de Ultron, o longa também sofre por ter que adicionar cenas que não se fazem necessárias em seu contexto fechado, mas que o farão assim que as sequências e a necessidade de um “Universo Expandido” foram chegando aos cinemas. O e-mail que Wayne envia para Diana é simplesmente o jeito mais preguiçoso e desleixado que o roteiro poderia encontrar para introduzir os outros futuros membros da Liga da Justiça.
            
Os trailers do longa realmente revelam muito mais coisas do que deviam. Aliás, o segundo vilão do filme, o Apocalipse, é desperdiçado sem dó. Inclusive, se você viu as supostas “reações iniciais” de fãs que viram o filme em sua pré-estreia que disseram que o Apocalipse não aparece apenas nos últimos 15 minutos de filme e que você poderia ficar tranquilo, saiba que elas estão certas... ele aparece nos últimos 20 minutos.
            
Por fim: Lex Luthor. Eu sinceramente não sei o que pensar do vilão. Houveram momentos em que eu o achei genuinamente ameaçador e quase insano, mas um vilão muito eficiente. Em outros momentos, eu me perguntava o porquê de ele ser basicamente uma fusão do personagem de Nicolas Cage em Os Vigaristas, de 2003, e uma versão mais “malvadinha” de seu papel como Mark Zuckerberg em A Rede Social, de 2010, com todos os seus maneirismos e sua inabilidade de lidar com outras pessoas.
            
Batman v Superman: A Origem da Justiça é um filme visualmente muito satisfatório, embora dependa demais da computação gráfica e tenha um roteiro extremamente bagunçado, com uma edição que ajuda ainda menos, cortando e mudando o foco entre Metropolis e Gotham, um personagem e outro com muita frequência. No fim das contas, não é um grande filme e é inevitavelmente decepcionante, principalmente por causa do nome que carrega. Poderia ser melhor e nós merecíamos mais, mas, infelizmente, não foi bem assim. Ainda assim, vale a pena assistir e é, no fim das contas, uma experiência única.

AVALIAÇÃO: 3/5
"Bom"

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