segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Regresso | Um filme lindo, mas muito irregular. (Crítica)



O Regresso (The Revenant) é um filme dirigido pelo altamente aclamado Alejandro G. Iñárritu (responsável pelo grande vencedor do Oscar 2015, Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância), que você pode conferir a crítica clicando aqui.) e traz um elenco de peso com Tom Hardy Domhnall Gleeson, capitaneados por ninguém menos que o ator mais menosprezado pela Academia, Leonardo DiCaprio.

Baseado em uma história real, O Regresso segue Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) que faz parte de uma expedição de caçadores que buscam ganhar a vida vendendo peles de animais. Durante a expedição, Glass se separa de seu grupo e é atacado por um urso. Severamente ferido, ele é abandonado à própria sorte pelo seu parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), um grandessíssimo filho da puta que faz da vida dele um inferno. Mesmo com enfrentando todos os problemas imagináveis, Glass sobrevive e parte para uma caçada de vingança.

Já me deixem dizer algo logo de cara: O Regresso tem uma das melhores direções de fotografia que meus olhos já viram desde sempre. Há planos que eu genuinamente não consigo nem imaginar, muito menos entender, como que o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki conseguiu. E o fato de que, aparentemente, todo o filme foi iluminado com luzes naturais como o Sol, a Lua e as fogueiras, sem nenhuma presença de luzes de estúdio, só adiciona ainda mais à estupefação causada pela beleza desse filme. Todo o trabalho de câmeras concebido por Lubezki e Iñárritu é muito incrível. Tome como exemplo a brilhante, linda e ao mesmo tempo brutal cena de ação introdutória, recheada de planos longos e suaves, com uma câmera sempre estável e firme. Arte.




E, nesse aspecto, devo dizer que O Regresso é perfeito. Tecnicamente, o filme é completamente infalível. Mas não é só de fotografia que vive um longa, não é mesmo?

Sendo um filme consideravelmente longo, no auge dos 150 minutos de duração, não seria surpresa se houvessem alguns momentos em que o ritmo diminuísse um pouco. O maior problema é que não são poucos momentos. Eis um chute (consideravelmente) alto: Ao longo de seus 150 minutos, eu chuto que cerca de 90 minutos são dedicados à cartões-postais. Incríveis planos gerais que demonstram paisagens de tirarem o fôlego, mas que, fatalmente, não acontece NADA. Irreverentemente dizendo,  O Regresso é um puta filme chato e esses muitos momentos de montes de nada ocorrendo na tela prejudicam, e muito, o andamento do longa.




A atuação, que alguns dizem ser a que finalmente vai dar ao DiCaprio o careca dourado que ele merece, é boa, mas nada espetacular. No caso do DiCaprio, ela é bem física, e com pouquíssimos diálogos (sendo que grande parte deles nem são em inglês, e sim na língua indígena americana), de modo que o Hugh Glass dele não é desenvolvido e você meio que não se importa com o que acontece com ele. No lado de Tom Hardy, essa atuação acaba caindo no "mumbo jumbo" de atuações dele como Bane, em O Cavaleiro das Trevas Ressurge ou até mesmo Max, em Mad Max: Estrada da Fúria (crítica aqui), onde você precisa de um interprete pra entender o que ele diz, caso contrário você vai se encontrar dizendo "É o quê?" muitas vezes, involuntariamente. Domhnall Gleeson, por outro lado, entrega uma atuação sólida e, de longe, a melhor do bando.

Há momentos em que o roteiro do filme tenta ser bastante surreal, com sequências de sonhos do passado de Glass que são usadas à exaustão e acabam sendo bem chatas.

Antes de finalizar, devo dizer que a sequência do urso é uma conquista incrível. Sem mais.

O Regresso é um filme lindíssimo (forte concorrente ao Oscar de Melhor Fotografia), mas a atenção ao lado artístico acabou deixando de lado a atenção ao roteiro, entregando um filme incrivelmente bonito, mas com um andamento extremamente irregular e uma atuação boa, mas não merecedora de todo o furor como está acontecendo por aí. Ainda sim, parece que o filme é um grande favorito da Academia e que, talvez, acabe levando a maioria dos prêmios indicados. Injusto... mas fazer o quê, né?


AVALIAÇÃO: 3/5
"Bom"

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