quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Agente da U.N.C.L.E. | O Kingsman de 2015? (Crítica)

E não é que parece que esses filmes de ação-séria-mas-meio-comédia vieram pra ficar?




O Agente da U.N.C.L.E. (The Man From U.N.C.L.E.) é um filme de ação e comédia adaptado da clássica série de TV homônima da década de '60 dirigido por Guy Ritchie — diretor amplamente conhecido por seus trabalhos em Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, 2000), Sherlock Holmes (2009) e sua sequência, Sherlock Holmes: Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, 2011) — e estrelado por nomes bastante conhecidos como Henry Cavill e Armie Hammer.

Napoleon Solo (Henry Cavill) é um agente da CIA que se vê obrigado a trabalhar com o seu inimigo mortal, um espião da KGB chamado Illya Kuryakin (Armie Hammer), quando seus governos se juntam para impedir a terrível organização T.H.R.U.S.H. que recentemente adquiriu um disco rígido contendo informações que detalham o processo de desenvolvimento de perigosas armas nucleares. Basicamente, quem possui esse "HD" manda no mundo.

Mesmo com a história clichê que conta com os mocinhos que precisam salvar o mundo de uma organização terrivelmente maligna, a verdade é que O Agente da U.N.C.L.E. é um filme peculiar.




A trama funciona (talvez porque o filme tem fortes traços de comédia e satiriza bastante os clássicos filmes de espiões, mas funciona). Há o clássico e básico aqui. Mocinhos que não vão bem um com a cara do outro, vilões super-malignos e bastante clichês do gênero que a obra tenta satirizar e homenagear,

O roteiro, de um modo ou de outro, acaba por focar todos os holofotes na relação de amor e ódio entre os personagens de Cavill e Hammer. A química entre os dois é muito boa e convincente, embora, basicamente, todos os outros personagens acabam por se mostrarem bastante fracos e com um desenvolvimento bem ameno. Os únicos importantes de verdade são Solo e Kuryakin.

O longa utiliza bastante daquele sistema um tanto inteligente da trilogia Onze homens e um segredo (Ocean's Eleven), onde durante a maioria do tempo nos são mostrados fatos que decorreram de certa maneira até que algum personagem aparece e explica que, na verdade, não aconteceu exatamente daquele jeito que vimos, e então ele conta o "verdadeiro", por assim dizer, desenrolar das coisas. O problema de O Agente da U.N.C.L.E. é que aqui esse artifício é usado à exaustão, a ponto de te deixar se perguntando: "Vocês não tem mais nenhuma ideia?"




A atuação é bem bacana, ao menos dos dois atores principais. Henry Cavill interpreta o clássico James Bond, o espião mulherengo que dorme com trocentas por dia, enquanto Armie Hammer fica com o cara durão e sério (e explosivo) que, no fundo, é bastante sentimental. Já os outros atores acabam pecando, provavelmente porque tiveram pouquíssimo com o que trabalhar.

Mesmo contando com uma cena de abertura bastante bacana e empolgante, o ritmo não se mantém constante. Durante o segundo ato do filme é difícil se importar com o que está acontecendo, e tudo parece meio arrastado.

Com Guy Ritchie no comando, é quase que óbvio que teríamos uma produção de qualidade. Mas nada é perfeito. Há momentos, durante as cenas de ação, que o diretor (ou o diretor de fotografia) adota esse estilo mais recente de filmar as sequências com câmera balançando e, na edição, tudo é juntado com dois mil e quinhentos muitos cortes por segundo.




Por outro lado, as eventuais cenas de perseguição automotiva são muito bem filmadas. Além disso, a fotografia é bem competente e a paleta de cores usada é bastante branda. O Agente da U.N.C.L.E. é um filme muito bonito.

Por fim, que fique aqui destacada a trilha sonora do filme, que é o seu ponto mais alto, sem a menor sombra de dúvidas. Composta por Daniel Pemberton, a trilha que mescla músicas originais, com direito à guitarras suaves e presentes e flautas e mais um monte de coisas, com músicas licenciadas, como Roberta Flack, Louis Prima e Luigi Trenco e Gianfranco Reverberi (e tem até Tom Zé!). Essa trilha sonora é simplesmente fantástica e um investimento em sua versão em CD parece ser uma ótima ideia, afinal... PUTAQUEPARIUESSATRILHAÉFODA!

No fim de tudo, O Agente da U.N.C.L.E. é um filme divertido, com seus toques de comédia (semelhantes ao que foi usado em Kingsman: O Serviço Secreto) e clichês. Mas seus maiores problemas residem em suas falhas na direção e, principalmente, no desenvolvimento de personagens e no tom inconstante. O longa remete ao excelente Kingsman: O Serviço Secreto, mas não tem o mesmo charme e deixa a sensação de que algo falta. Mesmo com suas sacadas interessantes, o longa não é tão bacana quanto eu esperava, mas também não se mostrou como uma grande decepção.


AVALIAÇÃO: 3/5
"Bom"

Um comentário:

  1. Obrigado por compartilhar a crítica deste filme. Pessoalmente gostei do trabalho de David Beckham em O Agente da UNCLE, ele é um homem muito talentoso. Faz pouco eu também vi o seu trabalho como ator, e a verdade fiquei supresa. Outro dos filmes dele que eu gostei no ano passado é Rei Arthur a lenda da espada filme É um dos melhores filmes de ação , tem uma boa história, atuações maravilhosas e um bom roteiro. Se vocês são amantes dos filmes de Beckham este é um filme que não devem deixar de ver. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados com ele. Recomendo.

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