Finalizando essa série especial de críticas de
Jurassic Park, onde nós revisitamos os três anteriores filmes da franquia em preparação
para Jurassic World, que estreia nesse dia 11 de junho, agora vamos conversar
sobre o último da saga até então: Jurassic Park III.
Após mais quatro anos de espera, em 2001 os fãs
finalmente puderam conferir o terceiro filme da franquia, Jurassic Park III, que desta vez não foi dirigido por Steven Spielberg
e sim por Joe Johnston, com roteiro
de Michael Crichton, Alexander Payne, Jim Taylor e Peter Buchman
e, embora Crichton esteja tenha participado na criação deste roteiro, esse foi
o primeiro filme que não foi diretamente baseado em nenhum romance específico
do autor, diferente de seus dois antecessores. O elenco é composto pela volta
de Sam Neil e Laura Dern, além de novos atores, como William H. Macy, Téa Leoni,
Alessandro Nivola e Trevor Morgan.
Antes
de mais nada, é bom deixar avisado que, caso você não tenha assistido Jurassic
Park III antes (o que eu duvido muito, considerando que ele já tem 14 anos de
idade), fique sabendo que essa crítica contém alguns SPOILERS do filme. Você
foi avisado.
Dessa vez, Alan Grant (Sam Neil) está de volta e, apesar de ter tido um encontro não muito
amigável com dinossauros no filme retrasado, ele continua a desenvolver teses e
estuda-los. Desesperado para obter fundos para poder prosseguir com sua
pesquisa sobre a inteligência dos velociraptores, Grant aceita a oferta de Paul e Amanda Kirby (William H. Macy e Téa Leoni), um casal de milionários
que desejam fazer uma excursão pela ilha Isla Sorna e querem a companhia de
Grant na aventura.
Durante a viagem,
porém, Grant descobre que Paul e Amanda não são nem milionários e nem a ida à
ilha é uma excursão, e sim uma tentativa de encontrar o seu filho de 12 anos, Erik (Trevor Morgan), que desapareceu
nos arredores de Sorna enquanto voava de parapente com um amigo da família, há
oito semanas.
O terceiro “episódio” na franquia marca o ponto onde
a série começou a realmente decair — tanto no aspecto técnico quanto na direção
e, principalmente, no roteiro — para muitas pessoas, inclusive este que vos
escreve.
O roteiro de Jurassic Park III se aproveita de
muitos aspectos já utilizados nos dois filmes passados. Por exemplo, a
motivação de Alan Grant para voltar à ilha dos dinossauros é dinheiro A
motivação de Alan e Ellie para ir até a ilha (sem saber o que esperar) no
primeiro filme era dinheiro. Em O Mundo Perdido, a motivação de Ian Malcolm
para voltar à ilha era resgatar a sua namorada. Dinheiro foi reutilizado no
terceiro filme pelo simples motivo de que os roteiristas são meio preguiçosos,
afinal de contas, se você notou quando eu disse ali em cima, David Koepp, o
roteiristas dos dois filmes anteriores, não participou no roteiro de Jurassic
Park III.
Mas para frente, nós vamos ser apresentados a um
personagem que tem uma “bolsa da sorte”, assim como Sarah Harding, a namorada
de Ian Malcolm em O Mundo Perdido, também tinha. Entende o que eu quero dizer?
Há coisas que já foram usadas antes nos outros dois filmes que são simplesmente
feitas novamente, do mesmo jeito, no terceiro filme.
Entretanto, é bacana ter a volta de Sam Neil como
Alan Grant, afinal de contas ele já era um personagem que todos gostavam. E, ao
menos de início, os roteiristas dão a devida atenção ao seu personagem e se
mantém fiel ao que já havia sido feito antes, no primeiro filme. Semelhante
àquela cena em O Parque dos Dinossauros em que Grant provoca o garoto que
desdenhou de sua explicação de como era um velociraptor, nesse filme nós temos
outro “momento Grant”, quando o filho mais novo de Ellie está brincando com
dois dinossauros de brinquedo que são herbívoros. Grant então chega para o
garotinho e diz que aqueles dinossauros são herbívoros e eles não brigariam
entre si, e então demonstra para o garoto, com dois dinossauros carnívoros,
como seria realmente. E esse é, sim, o velho Alan Grant que todos conhecemos.
Inclusive, há um easter egg bacana aqui. Os dois
dinossauros que Grant usa para demonstrar para o garoto são, na verdade, um
T-Rex e um Espinossauro de brinquedo que, mais para frente, suas versões reais vão
literalmente brigar entre si, na ilha.
Outro dos problemas do roteiro, que acabou ficando
sem sentido do produto final, é o fato de que Alan Grant e Ellie Sattler estão
separados, por algum motivo. Algo bem estranho, considerando que o casal estava
muito bem no primeiro filme. Enfim...
Além disso, no avião que os personagens estão usando
para ir até a ilha, depois de vermos que Billy
(Alessandro Nivola) também tem uma “bolsa da sorte”, como eu já disse antes,
presenciamos essa que talvez seja a cena mais idiota de toda a franquia, talvez
até mais do que a filha ginasta de Ian Malcolm chutando um velociraptor para
longe em O Mundo Perdido: Alan Grant tem um sonho em que ele está sozinho no avião
com um velociraptor. O dinossauro o encara e DIZ “Alan! Alan!” e então o
personagem acorda...
Por que essa cena existe?! Nunca saberemos! Mas
sabemos que ela é terrivelmente idiota e desnecessária.
Os outros personagens, além de Grant, também são bem
idiotas durante a maior parte do filme. Os Kirby são interessantes a princípio,
mas na ilha nós vemos que eles são estúpidos e que o roteiro não ajudou muito.
Até porque ver a personagem de Téa Leoni gritando e se debatendo depois de ver
um cadáver é interessante nos primeiros segundos, depois fica chato e
irritante. Até mesmo o personagem de William H. Macy não é interessante, com
todas aquelas piadas sem graça.
Outro problema que me incomoda bastante é o fato de que o roteiro espera que eu engula a história de que Erik, um garoto de 12 anos, sobreviveu na ilha povoada por dinossauros por 8 SEMANAS! Quero dizer: no filme anterior, um exército armado até os dentes foi morto e os sobreviventes foram forçados a deixarem a ilha em 2 ou 3 dias, mas Erik conseguiu sobreviver sozinho por 8 semanas?! Não. Apenas não.
Outro problema que me incomoda bastante é o fato de que o roteiro espera que eu engula a história de que Erik, um garoto de 12 anos, sobreviveu na ilha povoada por dinossauros por 8 SEMANAS! Quero dizer: no filme anterior, um exército armado até os dentes foi morto e os sobreviventes foram forçados a deixarem a ilha em 2 ou 3 dias, mas Erik conseguiu sobreviver sozinho por 8 semanas?! Não. Apenas não.
Num aspecto técnico, mais precisamente se tratando
de efeitos especiais, a equipe desse filme resolveu fazer o contrário do que
fizeram anteriormente e decidiu usar mais dinossauros em CGI do que em animatrônicos.
Há sim, alguns animatrônicos, mas estes são brutalmente inferiores aos dos dois
filmes anteriores. O Espinossauro, por exemplo, quando não é representado por
computação gráfica, é completamente mecânico e definitivamente se parece com um
robô meio hidráulico, o que, provavelmente, não era a intenção da equipe.
Há também aqueles momentos de close-up nos
dinossauros e, ao contrário do que era feito nos dois filmes anteriores, onde
cerca de 95% dos closes eram feitos em animatrônicos, para esconder as
imperfeições da computação gráfica, aqui os closes são nos dinossauros
computadorizados, e você claramente pode ver todos os problemas da modelagem em
3D do filme. Tudo isso te faz pensar onde Stan Winston, o supervisor de efeitos especiais em todos os três filmes, estava com a cabeça.
Essencialmente, Jurassic Park III não é um filme
muito variado. Ao longo de seus 92 minutos (!), tudo que vemos são os
personagens fugindo de algum dinossauro até conseguirem escapar, para terem
alguns segundos de paz e começarem a fugir de outro monstro. E é só isso.
Aliás, é estranho o filme ter apenas 92 minutos, quando seus antecessores tinham
mais de 120 minutos de duração.
Dito isso, Jurassic Park III não é um filme
terrível. O roteiro tem incontáveis problemas, embora os citados sejam os mais gritantes... Entretanto, o filme tem sim algumas cenas legais, como o encontro dos personagens
com o T-Rex que, embora não seja tão épico quanto as duas vezes anteriores, ainda
é bem bacana. A primeiríssima aparição do Espinossauro, quando ele mata o
primeiro mercenário na pista de pouso, é bem interessante. Por fim, a sequência
onde os personagens são encurralados por vários velociraptores e Alan Grant
utiliza uma espécie de apito que simula o som feito por um desses dinossauros para
atrair a atenção deles para outro lugar. A cena é bacana, mas, quando você para
pra pensar, é tosca também.
Enfim, Jurassic Park III não é horrível, mas não
chega nem aos pés de seus dois antecessores, talvez pela saída de Spielberg do
posto de diretor ou da saída de Koepp como um dos roteiristas. Pode até ser aquele
filme que entretém numa tarde chata, por exemplo, mas de maneira nenhuma ele é
uma sequência digna.
AVALIAÇÃO: 2/5
"Medíocre" |
Por fim, essa série especial de Jurassic Park
acabou, mas não se esqueça de passar aqui no Titans Desatualizados nos próximos
dias para conferir a crítica de Jurassic World, que nós esperamos que seja
fantástico!
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