sábado, 1 de novembro de 2014

A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr - Resenha



Autor: Eduardo Spohr
Editora: Verus
Gênero: Fantasia
586 páginas




A Batalha do Apocalipse: Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo


A Batalha do Apocalipse é um livro de fantasia escrito pelo brasileiro Eduardo Spohr, tendo sua versão original publicada pela primeira vez no ano de 2007 pelo site do Jovem Nerd, em 2009 pelo selo editorial deles, o NerdBooks e, por fim, em 2010 pela editora Verus. O livro não é uma sequência nem uma "prequel" de outra série de livros do autor, Filhos do Éden — iniciada por Herdeiros de Atlântida, continuada em Anjos da Morte e que ainda será terminada no vindouro Paraíso Perdido —, mas faz parte do mesmo universo. Lembrando que "A Batalha do Apocalipse" foi o primeiro livro publicado desse universo de Spohr.

Vale também dizer que o livro já foi publicado na Alemanha, pela editora Roman; em Portugal, pela editora Editorial Presença; e na Holanda, pela editora Luiting Fantasy. Isso é muito bacana!

A trama


Sinopse:

"Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o juízo final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedom, o embate final entre Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heroicas, magia, romance e suspense."


A trama de "A Batalha do Apocalipse" se foca em Ablon, um querubim renegado que foi banido do reino do Céu e condenado a vagar pelo mundo dos homens por se rebelar contra o arcanjo Miguel.

O livro usa a criação do mundo, como descrita na Bíblia, como premissa para criar sua própria mitologia. De acordo com a Bíblia, Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo Ele descansou. E o livro parte daí, afirmando que o Criador adormeceu deixando os arcanjos — Miguel, Lúcifer, Gabriel, Uziel e Rafael — no controle do Universo até que o sétimo dia termine e Ele desperte de seu sono para punir os injustos no Apocalipse. Antes de prosseguir, é bom deixar claro como o Eduardo Spohr fez para explicar essa ideia de "sete dias". De acordo com o livro, a ideia de "dia" não quer dizer necessariamente 24 horas, e sim muitos e muitos anos, ou sete eras, para ser mais preciso.

Entretanto, muitos problemas aconteceram no Céu durante o sétimo dia. Houveram diversas rebeliões no Paraíso, sejam elas disputas por poder ou contra a tirania do arcanjo Miguel contra os humanos. Uma dessas "tretas" culminaram no banimento de um terço dos anjos do céu e do arcanjo Lúcifer para o Sheol (Inferno para nós, mortais) e a expulsão de diversos anjos, condenado a vagarem pelo reino dos Homens até o Fim dos Tempos.

Em resumo, somos apresentados às "aventuras" de Ablon na Terra enquanto espera pelo Dia do Julgamento Final, lidando com anjos, demônios, magos e tudo que há de melhor nas diversas mitologias espalhadas pelo mundo.


A grande sacada de Spohr


Entre várias coisas, o que mais cativou no livro, além da capacidade de criar uma trama recheada de batalhas empolgantes aos níveis de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco (sim), foi a criatividade de Spohr na hora de explicar alguns dos acontecimentos bíblicos. Alguns dos maiores desastres bíblicos, por exemplo, foram obras de Miguel, apenas por inveja dos humanos por terem o livre-arbítrio. Além de conseguir conciliar outras mitologias, como a nórdica, no mesmo universo do cristianismo. Isso também é digno de aplausos.

Outra coisa que Spohr fez e que agradou muito foram as castas dos anjos, cada qual com suas próprias características e personalidades. No total, são sete castas:

Querubins: Anjos guerreiros. Seus poderes são baseados em força percepção, furtividade e rapidez.

Serafins: Nobres, políticos e burocratas. Mestres na persuasão e na manipulação da mente.

Elohins: Vivem no plano físico, geralmente disfarçado de seres humanos, hábeis em se adaptarem a etnias e grupos sociais.

Ofanins: Anjos da guarda. Seres bondosos, que vagam no plano astral ajudando os seres humanos e todos os outros seres amistosos. Carismáticos são capazes de controlar as emoções.

Hashmalins: Torturadores, anjos da punição. Controlam os espíritos e as trevas.

Ishins: Celestes responsáveis por governar as forças elementais: Fogo, terra, água e ar.

Malakins: Sua missão é estudar o universo e a humanidade. Reclusos, podem moldar o tempo e o espaço.


Alguns pequenos problemas


A narrativa de "A Batalha do Apocalipse" é dividida em duas partes: passado e presente. Enquanto a narrativa do presente é recheada de reviravoltas, grandes batalhas e flui muito bem, a narrativa que retrata o passado do querubim não flui muito bem. Também temos batalhas épicas e outras coisas, mas alguns flashbacks são demasiadamente grandes (um deles chega a mais de 100 páginas!). E justamente por conta do tamanho, algumas partes do livro podem se tornar cansativas (acredite em mim, eu abandonei o livro por um tempo por causa disso).

Além disso, há outros "deslizes" — não devem ser considerados problemas de verdade — como o uso de palavras que não fazem muito parte do vocabulário de hoje e nem de quando o livro foi escrito. Palavras como "magnânimo" podem dificultar o entendimento de algumas pessoas à ponto de buscarem um dicionário? Não. Mas nada impedia o autor de simplesmente escrever "generoso". Entretanto, como eu disse, são apenas alguns "deslizes" e não comprometem o andamento da história.

Por fim, eu até poderia comentar aqui alguns fatos que foram apontados em outras críticas que vi pela internet como o modo que Spohr meio que abandonou a onipotência, a onisciência e a onipresença do Criador para dar mais foco aos anjos, mas eu me recuso a fazer isso até porque: puta que pariu, isso é uma obra de fantasia!


Vale a pena?


Sim. Com toda certeza. "A Batalha do Apocalipse" é único em sua proposta e, se isso não é o suficiente pra te fazer olhá-lo com outros olhos, o fato de ainda por cima ser um livro brasileiro o torna quase que obrigatório na lista de qualquer amante de literatura fantástica. Por mais que hajam alguns deslizes e problemas no caminho, com um pouco de insistência, o leitor conseguirá chegar ao fim e ser brindado com um desfecho um tanto esperado, mas ainda sim surpreendente. Você tem que ler "A Batalha do Apocalipse".

E, em breve teremos resenhas de Herdeiros de Atlântida e Anjos da Morte!



Outras capas:


Capa original da NerdBooks

Capa da versão portuguesa

Capa da versão holandesa


 Capa da versão alemã

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