Dando seguimento na série especial de críticas de
Jurassic Park, onde nós revisitamos os três anteriores filmes da franquia em
preparação para Jurassic World, que estreia nesse dia 11 de junho, agora vamos
conversar um pouco sobre o segundo filme da saga, O Mundo Perdido: Jurassic
Park.
Tendo estreado quatro anos após o primeiro filme da
franquia, mais precisamente no ano de 1997, O Mundo Perdido: Jurassic Park (The Lost World: Jurassic Park) tem poucas semelhanças com seu
antecessor e muitas diferenças. Para começar, ele também foi dirigido pelo
mestre Steven Spielberg e
roteirizado por David Koepp (mas
dessa vez sem a participação de Michael Crichton) e também foi baseado no
romance homônimo escrito pro Michael Crichton: The Lost World. O elenco também é composto por algumas faces
conhecidas, dentre elas Jeff Goldblum
e Richard Attenborough, e até uma
pequena participação de Ariana Richards e
Joseph Mazzello, mas também traz
muitas faces novas, como Julianne Moore e
Vince Vaughn.
Antes
de mais nada, é bom deixar avisado que, caso você não tenha assistido O Mundo
Perdido: Jurassic Park antes (o que eu duvido muito, considerando que ele já
tem 18 anos de idade), fique sabendo que essa crítica contém alguns SPOILERS do
filme. Você foi avisado.
O enredo dessa vez se passa quatro anos após os
acontecimentos desastrosos do primeiro filme, os dinossauros têm vividos
pacifica e secretamente em outra ilha, vizinha à Isla Nublar, conhecida como
Isla Sorna, ou Sítio B, o lugar onde os dinossauros eram criados antes de serem
enviados para Nublar para serem expostos no Jurassic Park (embora, no primeiro filme, havia um laboratório na primeira ilha onde os dinossauros eram criados... Mas, enfim).
Após o fracasso do parque temático e a morte de
quatro pessoas, o bilionário John
Hammond (Richard Attenborough) foi “exonerado” de seu cargo de diretor da
InGen (empresa responsável pela criação do Parque dos Dinossauros e por reviver
o bichinhos), sendo substituído por seu sobrinho, Peter Ludlow (Arliss Howard),
que planeja organizar uma expedição até Isla Sorna para capturar espécimes e
trazê-las para serem expostos na nova sede do Parque dos Dinossauros na cidade
de San Diego, na Califórnia.
Hammond planeja enviar quatro pessoas à ilha antes
dos mercenários de Ludlow para captarem registros dos animais vivendo em seu
habitat natural, afim de apresentar as evidências ao mundo e tornar Sorna um
santuário proibido para todos, preservando as espécies que lá vivem. Dentre os
membros do time escolhido por Hammond está o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum),
que esteve presente e condenou o Parque dos Dinossauros no filme anterior. Ian
prontamente se nega a atender a proposta de Hammond até que descobre que um dos
outros membros da equipe do bilionário é sua namorada, a paleontóloga Sarah Harding (Julianne Moore) e que
ela já está na ilha. Malcolm resolve, então, ir até a ilha para avisar Sarah
dos perigos de se ficar lá e, consequentemente, trazê-la de volta.
Primeiramente, tenho que confessar que eu não era
muito fã desse filme e sempre fiquei do lado do pessoal que também não o via
como grande coisa até eu o assistir de novo. Recentemente, em preparação para
essa análise e para o vindouro quarto filme, eu revi toda a trilogia clássica e
mudei radicalmente minha opinião sobre o segundo filme. Hoje, eu amo esse longa
com todas as minhas forças, mas também entendo o porquê de tanto
descontentamento por parte do público, mas falo disso depois.
A pergunta principal para escrever o roteiro desse
filme de modo convincente era “como fazer os personagens quererem voltar à ilha
para lidar com os dinossauros que quase os mataram no filme anterior?”. A
motivação de Ian Malcolm foi clara e simples, mas convincente o suficiente. Ele
foi para a ilha para tirar sua namorada de lá.
O Mundo Perdido é um filme fantástico, em muitos
aspectos. Tudo de bom que tínhamos antes está de volta: a direção de Steven
Spielberg e sua grandessíssima habilidade em criar suspense, o excelente
roteiro, a arrepiante trilha sonora de John Williams, e a ótima atuação de
quase todos, se não todos os atores, e toda a abordagem desse filme, que é
muito diferente da do filme anterior.
Spielberg é um mestre na arte de dirigir um filme e
muitos de seus filmes provam isso. Com O Mundo Perdido não é diferente. Há
muitas cenas que te deixam na beira do seu assento de tão eletrizantes que são,
como toda a sequência em que o casal de T-Rex aparece pela primeira vez para
buscar o seu bebê e, assim que o filhote é devolvido, os “papais” empurram os
trailers onde estão os personagens para a beirada de um penhasco. Toda essa
cena é cheia de tensão e suspense, inclusive no icônico momento que a
personagem de Julianne Moore está deitada no vidro trincado sem se mover
enquanto o mar está lá embaixo, com as ondas batendo da base do penhasco.
Nessa mesma cena, há o momento em que um dos
personagens pega uma corda para jogá-la aos outros e poder puxá-los para cima e
salvá-los. Eddie Carr (Richard Stiff) pega a corda, prende-a
num toco de uma árvore e vai até o trailer para jogar a corda para os outros
personagens, e a câmera acompanha o personagem durante todo o momento. Desde a
hora em que ele pega a corda em sua caminhonete, até o toco de árvore, até
dentro do primeiro trailer até olhar para baixo no segundo trailer pendurado no
penhasco, tudo num só longo take. E isso só mostra o quão genioso é o trabalho
de Spielberg.
Aliás, toda essa sequência em que os T-Rex aparecem
pela primeira vez no filme é fantástica e uma das melhores de toda a trilogia,
rivalizando até com a primeira aparição do T-Rex no primeiro filme.
É claro que esse filme tem algumas falhas,
principalmente aquela cena estupidamente burra onde a filha de Malcolm, que é
uma ginasta mirim, se balança numa barra e chuta um velociraptor por através da
janela.
Ou até mesmo quando os personagens voltam para a
cidade. Não exatamente a cena em que o T-Rex está vagando por San Diego, e sim
o modo como eles chegam no porto. Parece muito apressado, como se muitas cenas entre
a hora que os personagens saem da ilha e a hora em que chegam no porto de San
Diego tivessem sido cortadas.
Ainda assim, é muito legal ver um T-Rex correndo e
devastando as ruas de San Diego, mastigando semáforos e pessoas, meio numa vibe
de King Kong, até.
Os efeitos especiais continuam ótimos,
principalmente porque a equipe resolveu continuar usando os animatrônicos
durante a maior parte do tempo, usando a CGI em poucas cenas.
Agora, por que O Mundo Perdido: Jurassic Park
recebeu tanta antipatia das pessoas? De certa forma, aconteceu a mesma coisa
que houve com Indiana Jones e o Templo da Perdição. Muitas pessoas foram ao
cinema na expectativa de verem um filme semelhante, mas acabaram encontrando
algo completamente diferente. Assim como O Templo da Perdição é diferente de Os
Caçadores da Arca Perdida, O Mundo Perdido é diferente do Parque dos
Dinossauros, mas não do jeito que você pode imaginar. Afinal de contas, ambos
os Jurassic Park’s têm o mesmo tema, que diz que a interação do homem no curso
da natureza não é algo bom.
Primeiro, muitos estranharam o fato de que os
personagens principais eram mais um casal, mas não aqueles que eles já estavam
acostumados. Não tínhamos Sam Neil e nem Laura Dern, mas sim o já conhecido
matemático Ian Malcolm do último filme que não teve uma grande participação e
sua namorada desconhecida pelo público. Aliás, toda a estrutura do filme é
diferente. Ele é um tanto mais sombrio. Logo no início, o filme abre com uma garotinha
sendo atacada por alguns pequenos dinossauros. Outra coisa, o filme se passa,
em sua maior parte, durante a noite... Consegue ver aonde eu quero chegar? O
primeiro filme trazia toda aquela ideia de assombro por parte dos personagens,
por estarem vendo aquilo que era incrível e espantoso. O segundo filme trata
justamente de um personagem que já lidou com aquilo antes, O Mundo Perdido:
Jurassic Park só precisa de tempo para ser compreendido direito, assim como
Indiana Jones e o Templo da Perdição precisou.
O Mundo Perdido: Jurassic Park ainda é um filme
muito bom, quem sabe até tão bom quanto o seu antecessor. A direção de
Spielberg, o roteiro de Koepp e a trilha sonora de Williams mais uma vez
contribuem para uma ótima e excitante aventura ao longo de seus 128 minutos.
AVALIAÇÃO: 4.5/5
"Excelente" |
Mais uma vez, não se esqueçam de passarem aqui no
Titans Desatualizados ainda essa semana para conferirem a crítica do próximo
filme da franquia, Jurassic Park 3, antes que Jurassic World chega aos cinemas.
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