Colateral
(Collateral) é um filme de ação dramático
dirigido por Michael Mann e
estrelado por Tom Cruise e Jamie Foxx.
No longa, somos apresentados a Vincent (Tom Cruise), um assassino de aluguel que acaba por tomar
um táxi que é dirigido por Max
(Jamie Foxx), que tem o sonho de abrir a sua própria companhia de limusines.
Vincent força Max a levá-lo ao redor da cidade até cada um de seus alvos ao
longo de uma noite bem merda para Max.
Esse filme é fantástico. Pronto, falei. Não é a toa
que ele é um dos meus filmes favoritos.
O enredo de Colateral funciona muito bem por
diversos motivos. Primeiramente, Tom Cruise é o vilão da história! O quão raro
é isso? A maioria das vezes, Cruise é o herói de tudo, o cara que vai salvar o
dia, e aqui ele é o vilão, o cara que você supostamente deve odiar e
antagonizar. Entretanto...
Gosto de tratar Colateral como tendo dois tipos de
enredo. Um thriller contido e, de certa forma, claustrofóbico, que rola durante
todo o tempo em que os personagens estão dentro desse táxi. Essas cenas são os
momentos em que aprendemos mais sobre os dois personagens, seus passados e suas
vidas pessoais e é nesses momentos que os personagens se desenvolvem. No táxi,
nós vemos como Max e Vincent são completamente opostos, mas, ao mesmo tempo,
possuem similaridades assombrosas. Ambos são pessoas “quebradas” e amarguradas,
que vivem de seus trabalhos, o que te faz pensar “o que esse Vincent faz quando
ele não está matando pessoas?” ou “o que esse Max faz quando ele não está
dirigindo esse táxi pela cidade?”. O diretor até chegou a dar uma pasta a Tom
Cruise com fotos e textos que retravam a infância de Vincent, e isso só mostra
o brilhantismo de Michael Mann em seu trabalho.
Há também a participação de Mark Ruffalo, que mais tarde seria conhecido como Bruce Banner nos
filmes da Marvel. O cara também é um ator incrível e extremamente subestimado,
mas que sabe dar seu show particular de interpretação em quase todos os seus
papéis. Aqui, ele interpreta um detetive da polícia que está investigando esse
caso e ele é, possivelmente, o único cara disposto a acreditar em Max a
respeito de tudo que está acontecendo. Mais uma vez, conforme passa o filme e
nós vamos conhecendo mais o personagem, aquela pergunta volta à tona: “o que
esse cara faz quando ele não tá trabalhando na polícia?”. Caramba! Esse roteiro
é excelente!
O roteirista creditado por Colateral é Stuart
Beatie, o homem que, mais tarde, viria a escrever e dirigir Frankenstein:
Entre Anjos e Demônios (I, Frankenstein, 2014 | Confira a crítica clicando aqui). Por muitos anos, rolou o rumor de que Michael Mann e
Frank Darabont reescreveram o roteiro do filme, mas não foram creditados. Vai
entender o que aconteceu... é melhor acreditar no rumor mesmo.
Mas quem quer que tenha realmente escrito o roteiro
de Colateral tem os meus parabéns, por que é uma composição simplesmente
fantástica de acontecimentos e desenvolvimento de personagem.
Por outro lado, nós temos esse thriller aberto e
“mais livre” durante os momentos em que os personagens saem do táxi para as
ruas de Los Angeles, em boates, becos e ruas desertas e são nesses momentos em
que a ação ocorre.
Colateral é um filme lindo. Sua direção de
fotografia é definitivamente uma das melhores que eu já vi em toda a minha
vida. A vida noturna de Los Angeles é simplesmente lindíssima nesse filme, e há
aquelas pessoas que estiveram na cidade à noite e dizem que ela nunca pareceu
tão linda como em Colateral. O diretor utilizou diversas câmeras em alta
definição de baixo custo, o que resulta no visual único, granulado e cru.
Outra coisa que esbanja o talento de Mann é a
brilhante cena na boate, onde temos um intensivo uso da câmera na mão e ângulos
inusitados. Pessoas passam na frente da câmera durante muitos momentos e você
esquece facilmente que tudo aquilo está sendo filmado e não é você que está lá
na hora... Meu deus!
A trilha sonora é matadora e combina com os momentos
mais marcantes do filme. Ela é ausente quando precisa ser, calma quando
necessária e furiosamente alta, rápida e empolgante nos momentos de mais ação.
Além de ter uma das músicas que mais se destacaram depois do lançamento do
filme, a eletrônica “Ready, Steady, Go!” de Paul Oakenfold.
O desempenho de Tom Cruise aqui é possivelmente o
melhor que eu já vi, e isso é exaltado nos momentos em que Vincent está no
táxi, junto de Max, falando sobre seu passado, sua relação com seu pai e etc.
Todo o suspense que sua atuação cria em torno de seu personagem e a sensação de
que Vincent pode explodir a qualquer momento e matar alguém é simplesmente
fantástico.
Jamie Foxx dá, sim, a sua melhor performance de
todos os tempos e ele é um grande exemplo daquele tipo de ator que, sob uma direção
foda, consegue cativar qualquer um, tanto que seu trabalho nesse filme lhe
rendeu uma nomeação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.
Se você nunca assistiu Colateral, você está perdendo
seu tempo. Na minha opinião, é um dos melhores filmes da década passada e é um
dos meus filmes favoritos de todos os tempos. É um exemplo de direção, direção
de fotografia, roteiro e atuação, tudo num fantástico thriller dramático.
Você tem que assistir Colateral.
AVALIAÇÃO: 5/5
"Extraordinário" |
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