quinta-feira, 2 de julho de 2015

O Exterminador do Futuro: Gênesis — Nem reboot, nem sequência, e sim os dois. (Crítica)



O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator: Genisys) é o quinto filme da aclamada franquia de ficção científica criada pelo mestre louva-a-deus James Cameron. Desta vez, entretanto, a direção fica por conta de Alan Taylor, já conhecido por Thor: O Mundo Sombrio, e traz um elenco composto por nomes muito conhecidos, como o velho (mas não obsoleto) e já querido mestre Arnold Schwarzenegger, Emilia Clarke, Jai Courtney e Jason Clarke.

Agora, esse longa não era o que parecia ser. Acontece que ele não é nem reboot, nem sequência. E sim os dois ao mesmo tempo. Gênesis se passa durante os acontecimentos de O Exterminador do Futuro (o primeiro filme), e em uma espécie de timeline futurística de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, tentando algo como se "adentrar" no meio dos dois filmes ao mesmo tempo em que adiciona coisas novas à eles, e também semi-refutando os outros dois filmes (Exterminador 3: A Rebelião das Máquinas e A Salvação).

Assim como já sabemos pelo que nos foi mostrado há mais de 31 anos pelo primeiro filme, no futuro os humanos travam uma guerra contra as máquinas e, numa tentativa de virar o resultado da guerra, um Exterminador é enviado de volta no tempo para matar Sarah Connor (Emilia Clarke), a mãe do futuro salvador da humanidade, John Connor (Jason Clarke), enquanto os humanos enviam Kyle Reese (Jai Courtney) para impedir que isso aconteça. Entretanto, aqui, uma versão mais antiga do T-800, interpretado mais uma vez por Arnold Schwarzenegger, já está lá para proteger Sarah Connor e já havia ensinado a mulher a ser uma guerreira. Basicamente, uma grande corporação está prestes a lançar um aplicativo, chamado de Gênesis (Genisys), que irá matar todos os humanos que puder e começar, mais uma vez, a inevitável revolução das máquinas. Pode ser que essa explicação tenha parecido meio rasa, mas fato é, uma grandessíssima parte do filme (quase o filme inteiro, pra falar a verdade) já foi mostrada por todos os trailers e, caso você não viu nenhum dos trailers, eu vou lhe fazer o favor de não de dar os spoilers desnecessários, fique tranquilo, porque, por exemplo, todas as cenas de ação, com exceção da última, estão nos trailers, isso é extremamente estúpido e é o tipo de marketing que deveria ser evitado a todo custo.




Enfim, eu sempre fui um grande fã dos dois primeiros filmes da franquia, que eu não só considero ótimos e divertidos longas de ficção científica como também importantíssimos para o cinema, principalmente na área de efeitos especiais (práticos, como animatrônicos, ou em computação gráfica). Exterminador: Gênesis tenta, de todas as formas, se conectar com esses dois primeiros filmes da franquia e desesperadamente tenta te assegurar de que ele faz parte da saga (mais ou menos como aconteceu com Jurassic World) e, em alguns momentos, é até interessante, pelo fato do longa tentar explicar alguns detalhes que ficaram sem solução no primeiro filme, por exemplo. Mas o que Gênesis adiciona à timeline é confuso, enrolado e às vezes nem faz sentido.

Mais uma vez o longa recicla a mesma história de sempre, à que envolve sempre Sarah Connor e John Connor e isso já deu o que tinha que dar há muito tempo. Não é possível que não tenha acontecido nada mais durante a timeline de Exterminador do Futuro que não podia ter sido usado no filme, para ser um pouquinho mais original.

Não só a base da história é reciclada como muitas cenas do primeiro filme são completamente recriadas, plano por plano, e outras cenas que supostamente seriam originais são remanescentes de algumas que já apareceram nos outros longas.

A direção não tem nada de especial, mas tem problemas. Nas cenas de ação tudo é feito de cortes secos e isso incomoda. Não existe mil cortes por segundo, como nos filmes de Olivier Megaton, por exemplo, nem câmera balançando, mas não é muito agradável ver. A fotografia também não ajuda. O filme é recheado do efeito lens flare, popularizado por J.J. Abrams (e um dos principais problemas dos novos filmes de Star Trek), e aqui também é inconveniente. Por fim, os efeitos especiais são "excruciantemente" óbvios, e isso também não é bom.




Os personagens não são tão carismáticos como costumavam ser, no fim das contas. No começo, Emilia Clarke parecia estar simplesmente imitando o que Linda Hamilton já havia feito como Sarah Connor. Com o tempo era melhora, mas só ela. Entretanto, em muitos momentos, tanto Emilia quanto Jason Clarke demonstram claramente que estão atuando e isso não é bom. Quando um ator não consegue, através de sua atuação, te manter envolvido de tal modo que você esqueça que está vendo algo ensaiado, é sinal de problema. Jai Courtney, mais uma vez, não adiciona nada ao papel, e é impressionante ver como o cara tá em todos os grandes filmes e parece ser sempre o mesmo.

A melhor parte do filme, no fim das contas, é o T-800 de Arnold Schwarzenegger. Arnie está ali arrebentando no seu papel, é curioso ver que o personagem de maior carisma dentre todos os outros é um robô.

No final de tudo, O Exterminador do Futuro: Gênesis acaba por ser, em uma palavra, "bonzinho". Arnie é ótimo em seu papel como o T-800, mas as tentativas do filme de se conectar de todas as maneiras possíveis com os dois primeiros longas, recriando cenas, plano por plano, além do uso de um Schwarzenegger mais novo feito de CGI, é estranha e falta originalidade e a história rechaçada pela bilionésima vez também não ajuda, além das adições acabarem complicando e confundindo ainda mais (e eu achava que a timeline de X-Men era confusa). O longa carece de cenas memoráveis, por ser parte de uma saga que se construiu em cima de cenas espetaculares, como a última cena de perseguição ou a primeira aparição do Exterminador, ambas de Exterminador 2.

Acaba que O Exterminador do Futuro: Gênesis sofre de um problema semelhante ao seu antecessor, A Salvação, e eu não posso, em sã-consciência, recomendar este longa por ele (também) ser "bonzinho" como um filme de ação qualquer, considerando que ele é um Exterminador do Futuro, e um título dessa saga que seja menos do que ótimo é inadmissível.

Ao menos, daqui três anos, os direitos da franquia voltarão para James Cameron, então quem sabe...


AVALIAÇÃO: 2.5/5
"Regular"

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