domingo, 19 de abril de 2015

Mortal Kombat X — Choose your destiny! (Análise)



Depois de uma espera de 4 longos anos, finalmente ele chegou. A tão aguardada sequência do mais que aclamado Mortal Kombat de 2011, hoje temos Mortal Kombat X!

Desenvolvido pela Netherrealm Studios e distribuído pela Warner Bros., sendo lançado no dia 14 de abril de 2015 para Xbox One, PS4 e PC, com versões de Xbox 360 e PS3 prometidas para chegarem nos próximos meses.

Mortal Kombat X dispensa apresentações. Todos sabemos do que a franquia é feita e sobre o que seu sucesso foi calcado: lutas sangrentas e ultra-violentas com muito sangue jorrando e finalizações surpreendentemente absurdas de tanto gore.

Antes de mais nada, é bom ressaltar que a versão de PC do game teve seu lançamento acompanhado de muita polêmica. O jogo estava "injogável" nas suas primeiras 24 horas. Devido ao novo modo de distribuição na Steam, através do download de pacotes (semelhante ao que acontece nos consoles, de modo que o jogo baixa apenas uma parte e o jogador pode começar a jogar enquanto o resto é baixado em segundo plano), muitos jogadores reportaram que não conseguiam executar o game direito graças a arquivos que não baixavam, crashes e quedas bizarras de FPS mesmo em máquinas que ultrapassavam em muito os requisitos recomendados. Alguns patches foram lançados e hoje (19/04) a situação parece ter se estabilizado. Lamentável.




Enfim...

O novo MK segue mais ou menos na linha de seu antecessor, pelo menos quando falamos do modo história, que está de volta e aos mesmos moldes de antes: ele segue contado como um filme através de capítulos onde, em cada um deles, nós jogamos com um personagem diferente. E, falando nisso, vamos ao enredo:

ATENÇÃO: SEGUEM ALGUNS SPOILERS DO FIM DE MORTAL KOMBAT 9

Mortal Kombat X se passa, inicialmente, 2 anos depois de seu antecessor. Shao Kahn foi destruído pelos Elder Gods depois de tentar unir o Reino da Terra com Outworld. Com a saída de Shao, é a vez de Shinnok de invadir a Terra. Shinnok, pra quem ainda não sabe, era um antigo Elder God que foi aprisionado por seus irmãos ao se tornar ganancioso demais e tentar dominar todos os reinos. Ele foi então aprisionado no inferno pelos Elder Gods. Com a ajuda de seu braço direito, o feiticeiro Quan Chi (sim, aquele lazarento) e de seu exército de Netherrealm (ou Inferno, pros íntimos), Shinnok conseguiu se libertar e agora quer continuar com seu plano, e o primeiro reino de sua lista é a Terra.

Logo no início, Johnny Cage, ao lado de Sonya Blade, Kenshi, Raiden e Fujin (o Senhor dos Ventos) lideram a resistência da Terra contra a invasão dos demônios de Shinnok. Eles conseguem derrotá-lo e reaprisioná-lo novamente — dessa vez dentro de um amuleto superpoderoso que ele mesmo criou —, enquanto Quan Chi escapa. Tudo volta ao normal e o amuleto é escondido em algum lugar da Terra, sendo protegido pelas Forças Especiais, os Monges Shaolin e o próprio Raiden, para que Shinnok nunca fosse liberto novamente.




Então a história do jogo pula para 20 anos no futuro e nós somos apresentados à nova leva de personagens. Descobrimos que Johnny Cage não apenas se casou com Sonya Blade e tiveram uma filha — chamada de Cassandra "Cassie" Cage —, como também já se separaram (Sonya se tornou obcecada pelo trabalho e deixou de dar atenção para a família) e Cassie tem problemas com a mãe. Filha de dois dos principais responsáveis pela salvação da Terra, Cassie carrega um mundo de responsabilidades nas costas, se sentindo obrigada a ser alguém importante e fazer a diferença.

Cassie Cage é a líder da "nova geração" de guerreiros da Terra, uma equipe das Forças Especiais formada por Takeda Takahashi, Kung Jin e Jacqueline "Jacqui" Briggs.

Cada um dos quatro personagens é carregado de carisma, com personalidades muito fortes, e trazem um enredo próprio muito bem elaborado.

Takeda é filho de Kenshi. Criado apenas por sua mãe até os oito anos, Takeda foi resgatado por seu pai depois de sua mãe ter sido assassinada pela organização criminosa Red Dragon. Ele foi então entregue aos Shirai Ryu, clã de Hanzo Hasashi (o nosso querido Scorpion), para ser treinado, enquanto seu pai foi buscar por vingança. Takeda cresceu longe de seu pai e teve Scorpion como sua figura paterna. Quando Kenshi apareceu pela primeira vez em 10 anos, a relação entre ambos estava fragmentada por ódio.




Jacqui Briggs é filha de Jax Briggs e tem um temperamento parecido com o de seu pai. Apesar de ter tido um relacionamento "tranquilo" com seu pai, Jax passou alguns anos como um espectro, quando sua alma foi reivindicada por Quan Chi depois de sua morte, em MK9, e isso abalou muito a garota psicologicamente. Jacqui é a melhor amiga de Cassie (assim como seu pai era o melhor amigo da mãe de Cassie, Sonya) e é o interesse amoroso de Takeda.

Por fim, Kung Jin é membro da linhagem do grande Kung Lao e também carrega um mundo de responsabilidades nas costas, como a responsabilidades de ser tão grande quanto Lao. Jin também tem confrontos internos por sua orientação sexual. Ele é homossexual e, por isso, acha que nunca teria o respeito dos Monges Shaolin. Em uma cena do game, Raiden diz que Kung Jin deveria seguir os passos de Kung Lao, e ele responde que os Monges não o aceitariam. Ao passo que Raiden então diz: "Eles irão aceitá-lo pelo que você tem no coração, e não por quem o seu coração deseja".

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece na Terra, Outworld é devastada por uma guerra civil que se iniciou com a queda de Shao Kahn. De um lado da guerra está o novo imperador de Outworld, Kotal Kahn — membro de uma raça indígena de guerreiros chamada Osh-Tekk cuja maior fonte de energia provém do Sol. Kotal teve, em um momento de sua vida, contato com os Maias, que o adoravam como um Deus. Já do outro lado da guerra está Mileena, que se diz a herdeira do trono por direito.




Uma coisa é certa: todos os lados citados estão atrás do amuleto de Shinnok, que pode mudar a maré a favor de alguém, ao mesmo tempo em que uma nova guerra, muito mais devastadora do que a anterior, está próxima de explodir. E é aqui que o jogo se inicia.

Mortal Kombat nunca pecou quando se tratava de enredo e dessa vez não foi diferente. A história é muito bem elaborada e se desenrola com perfeição, tendo ainda uma bela ajuda do novo formato adotado para contá-la. À primeira vista, o enredo pode parecer atropelado, com uma certa sensação de urgência onde alguns fatos são apresentados de forma seca e superficial, mas tudo isso é proposital. Em janeiro deste ano, uma série de histórias em quadrinhos composta por 17 volumes e chamada de Mortal Kombat X, foi lançada pela DC Comics. Essa série nada mais faz do que pavimentar o caminho e preparar a história para os acontecimentos do jogo, então muita coisa é explicada lá. Vale a pena dar o mérito ao roteiro dessa série de HQs, desenvolvido por Shawn Kittelsen, e aos desenhos de Dexter Soy, conhecido desenhista que já trabalhou na Marvel e na DC, além da mão do brasileiro Ivan Reis nas artes das capas. Realmente vale muito a pena ler esse pequeno prólogo. As edições estão à venda no site oficial de DC Comics, em versão digital.

A jogabilidade do game continua magnífica e muito fluída. Ainda temos a barra de HP e a barra de X-Ray, implementada em MK9, que é divida em três slots: com um slot cheio temos um potenciador de ataques especiais, os dois slots cheios temos um quebrador de combos e com os três slots cheios temos o X-Ray.




De "novidade" temos a barra de stamina, que foi implementada em Ultimate Mortal Kombat 3 e que agora está de volta. Ela é usada para correr, deixando as partidas mais rápidas e dinâmicas.

As interações com elementos do cenário, herdadas de Injustice: Gods Among Us, figuram pela primeira vez na franquia MK, de forma um pouco reduzida. Ou seja: em Injustice, tínhamos elementos do cenário que eram usados de formas diferentes dependendo do personagem. Um personagem com super força poderia jogar um carro no inimigo, enquanto um personagem mais fraco usaria o mesmo carro para, por exemplo, dar um salto para o outro lado do cenário. Aqui em MKX, é o mesmo para todos os personagens. As interações são, basicamente, jogar alguns objetos pequenos no adversário, como uma caixa ou até um NPC que esteja andando por ali (sim), usar objetos para bater no inimigo, como um vergalhão de ferro ou um martelo, se balançar em alguma corda que esteja pendendo do teto, afogar o adversário em uma fonte, ou usar algum objeto para dar o salto para o outro lado do cenário. Não há transição de cenários e nem destruição dos mesmos, como em Injustice, muito menos os fatalities de estágio, já eternizados por jogos como MK2, MK3 e MK: Dececption.

Graficamente, o jogo está magnifico. Trabalhado na Unreal Engine 3, a modelagem dos personagens é fantástica e a atenção aos detalhes é assombrosa. É possível ver os personagens se sujando, se machucando ou até suando durante e depois da batalha. Em Sky Temple, cenário onde há uma tempestade constante, é possível ver os pingos de chuva ricocheteando no corpo do personagem, escorrendo pelo rosto, molhando o corpo e a roupa. Simplesmente fantástico.




A parte sonora é ótima também. A trilha sonora instrumental continua soberba e a dublagem original é impecável. O jogo está completamente traduzido em português, mas a dublagem localizada é medonha, com erros de tradução grotescos e vozes que não combinam com os personagens, com raras exceções. Há a polêmica que envolve Cassie Cage, personagem que foi dublada pela cantora Pitty e, assim como aconteceu em Battlefield: Hardline, onde o personagem principal foi dublado pelo cantor Roger, do Ultraje a Rigor, aqui não foi diferente. O resultado final é bem ruim.

Ao todo temos 24 personagens, sendo eles: Kung Lao, Jax, Sonya, Kenshi, Kitana, Scorpion, Sub-Zero, Mileena, Quan Chi, Raiden, Reptile, Ermac, Liu Kang, Johnny Cage, Kano e Shinnok, além dos novos Cassie Cage, Jacqui Briggs, Takeda Takahashi, Kung Jin, D' Vorah, Kotal Kahn, Ferra/Torr e Erron Black. Ainda temos Goro, para quem fez a pré-venda do game, e Tanya, Tremor, Predator e Jason, que chegarão por meio de DLCs.

Cada personagem tem três modos de luta diferentes que podem ser escolhidos na hora da seleção do mesmo. Esse sistema lembra vagamente o sistema que era usado nos jogos Deadly Alliance, Deception e Armageddon, com algumas diferenças: os estilos não podem ser trocados no meio da partida e não são como antes, isto é, dois estilos de luta e uma arma branca.

Para facilitar, há o exemplo do Scorpion: há um estilo em que Scorpion vem equipado com duas espadas e seus ataques especiais são relacionados a isso, há outro estilo em que Scorpion domina o fogo e seus ataques especiais são relacionados ao fogo, e há ainda um terceiro estilo onde o personagem pode invocar um demônio para ajudá-lo na batalha, e seus ataques especiais são relacionados a esse demônio.




Cada personagem tem 2 fatalities e alguns brutalities. Os brutalities, entretanto, não são como os de Ultimate Mortal Kombat 3, onde o jogador realiza uma sequência de diversos botões até o personagem começar a bater sozinho e o adversário eventualmente explodir. Aqui, os brutalities são realizados depois de alguns requisitos terem sido cumpridos durante a luta, como no caso de Kenshi.

Para realizar o brutality de Kenshi, o jogador tem que vencer o primeiro round com um "agarrão" e depois vencer o último round com outro "agarrão". Ou também como no caso de Liu Kang onde, durante a luta, é necessário interagir pelo menos três vezes com o cenário e o último golpe do último round tem que ser uma bola de fogo que acerte a cabeça.

Além do modo história, temos o modo arcade clássico, onde o jogador sobe uma torre com 9 personagens aleatórios, enfrenta o boss final como 10º personagem e cada personagem tem um zeramento único separado. Ainda há uma torre de lutadores infinitos, onde o jogador joga com apenas uma barra de HP que não se regenera entre uma luta e outra. Há a volta dos desafios Test Your Might, onde o jogador tem que quebrar objetos que vão ficando cada vez difícil conforme avança mais, e Test Your Luck, onde o lutador tem que lutar com alguns requisitos, como lutar envenenado, com menos HP, etc.

Há o esquema de facções, onde o jogador escolhe uma de cinco facções, sendo elas os Lin Kuei, a White Lotus, a Brotherhood of Shadow, a Black Dragon ou a Special Forces. Essas facções competem online em um ranking mundial através de pontos conseguidos por seus membros jogadores. Dependendo da facção que você se afiliar, você irá receber fatalities exclusivos relacionados à ela.




A Krypt, ou Kripta, está de volta, onde o jogador anda por um cemitério destravando tumbas usando Koins, ou moedas (que podem ser obtidas através de lutas ou desafios). Essas tumbas podem conter fatalities novos, brutalities novos, artes conceituais, músicas, roupas, artes dos fãs, etc. Periodicamente, algum monstro pode atacar você na Kripta, ativando um Quick Time Event. Caso você o mate, você recebe moedas.

Há um novo sistema de punição para jogadores que se desconectam de partidas onlines. Esse método é bem comum nas partidas online, onde jogadores que estão prestes a perder uma luta se desconectam e a derrota não é contabilizada. Agora, quem quiser de se desconectar no meio de uma luta presenciará uma animação onde seu personagem se mata, contabilizando a derrota de qualquer forma. Esse sistema foi chamado de Quitality. Nada mais justo.

Mortal Kombat X é um ótimo jogo de luta, com uma jogabilidade fantástica e um enredo muito bom, melhor ainda quando complementado pelas HQs. Com toda a certeza, valeu a espera de 4 anos desde o último game. Jogue sem moderação.


AVALIAÇÃO: 4.5/5
"Excelente"


0 comentários:

Postar um comentário