quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) — Vida, existência, dualidade, relacionamentos... (Crítica)



Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) (Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)) traz Michael Keaton, Edward NortonNaomi Watts, Emma Stone e Zach Galifianakis e é sobre um homem chamado Riggan Thomson (Michael Keaton) que costumava ser extremamente famoso por interpretar o super-herói Birdman (ou Homem-Pássaro, em tradução livre) no cinema. Desde que Riggan recusou o reprisar o papel de Birdman para o seu quarto filme, sua carreira vem despencando e sua imagem publica deixou de ser tão forte como antes. Em uma tentativa de retomar sua fama e sua reerguer carreira, ele resolve dirigir, roteirizar e atuar numa peça que é uma adaptação para a Broadway de um texto clássico.

Enquanto testemunhamos Riggan ver seu projeto se desmoronando ao seu redor, o filme começa a nos passar muitas mensagens fortes sobre existência, sobre o lugar de uma pessoa na vida real, sobre como uma pessoa vê a própria vida, sobre dualidade, sobre família, sobre bebida, sobre TUDO! (sério!)

Deixando o roteiro e suas mensagens de lado por um momento, uma das coisas mais importantes desse filme é o modo que ele é filmado com loooooongos takes, de modo que o filme como um todo parece ser um único take, mesmo não sendo. Isso é meio subliminar e sutil, mas assim que você percebe, a sensação é boa! "Boa por quê?" Porque dá a sensação de que o filme é completamente imprevisível.




Mas as coisas mais impressionantes desse filme são as relações entre os personagens. Michael Keaton interpreta o pai da personagem de Emma Stone e a relação dos dois é um tanto "inconvencional". Tanto o personagem de Keaton como a personagem de Stone tiveram problemas pessoais no passado, assim como problemas entre eles. Com destaque para a personagem de Emma, é legal ver como ela lida com seus sentimentos de diversas maneiras diferentes.

Ao mesmo tempo, Edward Norton interpreta um ator substituto para a peça que aparece no último instante e é extremamente arrogante, como se ele fosse o dono do teatro, de tudo. Ele chega meio que tentando tomar a peça para ele. Enquanto ele também lida com problemas, como fato de que ele sente que está interpretando na vida real e sendo ele mesmo/"se sentindo em casa" enquanto está atuando.

O personagem de Keaton, Riggan, constantemente ouve a voz do Birdman em sua cabeça, dizendo coisas que ele deve ou não fazer. Algumas vezes ele ignora, outras não.

Além disso, com o decorrer do longa, nós vemos os personagens se construindo. O filme é feito por personagens com algum tipo de "problema" psicológico que se sentem como se estivessem divididos em duas partes, como se fossem duas metades de uma mesma pessoa.




O filme lida muito com a vida, a existência e seu lugar no mundo e o porquê você estar aqui, tudo através de imagens e sequência metafóricas brilhantes que não precisam de nenhum personagem falando, nenhuma exposição óbvia.

Uma coisa bacana que o filme também lida é com críticos de cinema. Há uma cena entre o personagem de Keaton e uma crítica de cinema onde ele explode, dizendo que os críticos usam aquelas palavras grandes e bonitas e que o único motivo de serem críticos é porque não podem ser atores, ou fracassaram quando tentaram, então eles apenas decidem criticar o trabalho dos outros, mesmo sem ligar, sem ter visto, sem ter se importado!




A atuação desse filme é estupenda, em todos os sentidos da palavra. A performance de Michael Keaton é a melhor de toda a sua carreira, assim como a de Emma Stone. Naomi Watts está perfeita, Edward Norton está melhor que ele já esteve em anos! Eu não vejo Norton tão bem assim desde Clube da Luta, e isso quer dizer algo! E, embora sua performance seja a mais "inferior" dentre as outras, até Zach Galifianakis — que eu achava que seria eternamente lembrado por suas performances engraçadas na trilogia "Se Beber Não Case" ou em "Um Parto de Viagem" — está ótimo aqui!

Por fim, outra coisa que também merece destaque é a trilha sonora, composta apenas de linhas de bateria com uma pegada mais jazz ou blues que também parece de que está sendo bolada na hora, mais uma vez passando aquela sensação arrepiante de imprevisibilidade.

Sendo um filme que trata da vida, de relacionamentos, do psicológico e até mesmo da indústria cinematográfica em si, "Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância)" era um dos filmes que eu mais esperava para esse ano e ele não me decepcionou. É a segunda obra de arte a chegar nos cinemas brasileiros em 2015 e vale cada centavo. O ano começou ótimo e só tem a melhorar. Por tudo que é mais sagrado, você tem que assistir "Birdman".


NOTA FINAL: 5/5

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