domingo, 16 de novembro de 2014

Prince of Thorns, de Mark Lawrence - Resenha



Autor: Mark Lawrence
Editora: Darkside Books

Gênero: Fantasia, Medieval
355 páginas



Prince of Thorns


Prince of Thorns é o primeiro livro da Trilogia dos Espinhos (The Broken Empire Trilogy) — continuada em King of Thorns e finalizada em Emperor of Thorns — e foi escrito pelo autor norte-americano Mark Lawrence, tendo sua edição original publicada pela primeira vez no ano de 2011 pela editora Ace/Voyager. No Brasil, o livro foi publicado pela primeira vez no ano de 2013 pela editora Darkside Books, mantendo seu título original.

A trama


Sinopse:

"As estradas do Império Destruído. Um cenário abandonado há milênios pelos enigmáticos Construtores. É nessa nova era medieval que o Príncipe Honório Jorg Ancrath se vê obrigado a amadurecer para saciar seu desejo de vingança e poder.

Jorg testemunhou o brutal assassinato da rainha-mãe e de seu irmão caçula, ainda criança. Jogado à própria sorte em um arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele, e sua alma. Quatro anos depois, o Príncipe dos Espinhos lidera uma irmandade de assassinos. E sua única intenção é vencer o jogo. O jogo que os espinhos lhe ensinaram."


"Prince of Thorns" nos apresenta ao Honório Jorg Ancrath, o Príncipe de Ancrath e herdeiro do trono que vê sua mãe e irmão mais novo serem assassinados em sua frente a mando de um conde de um reino vizinho. Numa tentativa desesperada de salvá-lo, o capitão da guarda que os escoltavam jogou Jorg em um arbusto. Esse arbusto, no entanto, era um arbusto de roseira-brava e lá ele ficou, imobilizado pelos espinhos enquanto via sua mãe e seu irmão William sendo mortos a sangue-frio pelos homens do Conde Renar.

Quatro anos depois de ser resgatado pelos homens de seu pai e fugido de Ancrath, Jorg lidera uma irmandade de assassinos, devastando vilarejo e causando as maiores maldades imagináveis enquanto busca vingança pelo que aconteceu há quatro anos.

Personagem principal forte e muito bem construído...


"Prince of Thorns" é um livro complicado de se entender. A trama é narrada em primeira pessoa pelo próprio Jorg e, embora a trama não seja grande coisa, afinal de contas é mais um buscando vingança pela morte de sua família, uma das coisas que mais chama a atenção conforme viramos as páginas é a personalidade de Jorg.

Mark Lawrence conseguiu criar um personagem de personalidade muito forte. Jorg é um sociopata (e também psicopata, louco, assassino, pirado, maluco, perturbado) que não mede esforços para conseguir o que quer. Isso quer dizer que, se tiver de matar pessoas próximas dele para conseguir algo, ele o fará. Passará por cima de mil pessoas se for preciso, sejam elas mulheres, crianças, amigos ou familiares.  Durante a narrativa, nós vemos Jorg fazendo coisas impressionantes, absurdas e até mesmo cruéis e as únicas coisas que vão tentar te impedir de odiá-lo completamente são: o motivo dele estar fazendo isso e o fato de você saber o que ele pensa.

Quando se trata da construção do personagem principal, pelo menos, Mark Lawrence merece palmas e mais palmas.

... mas num mundo problemático.


E, se Mark Lawrence faz um trabalho excepcional na hora de criar Jorg, o mesmo não pode ser dito dos personagens à sua volta. A outra larga gama de personagens não tem quase nenhum carisma e quase nada sabemos de suas personalidades ou até mesmo características. Alguns personagens recebem uma pequena descrição sobre sua personalidade antes dos capítulos, através do ponto de vista do próprio Jorg, mas outros nem ao menos têm essa honra. De outros personagens além de Jorg que eu simpatizei, por exemplo, apenas o seu pai, Rei Olidan Ancrath, se sobressai.

Alguns personagens são apresentados no começo da história, embora algumas de suas características físicas, por exemplo, são ditas 30, 50 ou até 100 páginas depois! Para você ter uma ideia, alguns personagens da irmandade de assassinos de Jorg existem e estão presentes ao lado do personagem principal desde o início, mas nós só vamos ouvir falar dos nomes deles ou alguma característica só uma centena de páginas depois! Personagens morrem sem nem mesmo terem sido apresentados, como "E então Fulano acabou morrendo. Ele era tal pessoa de tal lugar". Pois é.

Uma coisa que pode ser considerada um problema para alguns é que todas as falas do livro são feitas com aspas ao invés do característico travessão. Não foi um problema para mim e sim um desconforto, mas é tudo questão de costume e em pouco tempo você já se adapta.

A narrativa do livro também é meio confusa. Em uma frase, por exemplo, que vemos logo no início, temos isso: "O Irmão Burlow não é estúpido. Sua papada se mexe quando ele fala, mas ele não é estúpido".

A questão é: o autor deveria citar as características dos personagens? Sim! Mas ele deve fazer isso inserindo uma característica numa frase completamente fora desse sentido? Não! Mas é isso que Mark Lawrence faz, mais de uma vez!

Os capítulos da obra são extremamente curtos, coisa de quatro à sete páginas e raramente algum passa disso. Mark Lawrence não perde muito tempo descrevendo cenários, pessoas ou acontecimentos — sendo as cenas de lutas as partes mais descritas —, o que dá uma certa fluidez à narrativa. Exceto quando o autor exagera demais! Em determinado momento, Jorg e seus assassinos saem de um castelo para irem até outro em uma viagem de mais de 100 quilômetros, à pé, e essa jornada é feita em questão de uma página! Porra, Mark Lawrence!

Pra finalizar por aqui, tenho que dizer também que a parte final da narrativa é um tanto corrida, ainda mais do que o resto do livro, embora o final seja um tanto surpreendente.

A incrível edição da Darkside Books


Falando um pouco do livro em si, tenho que dizer que essa foi a primeira vez que peguei um livro da Darkside e, sinceramente, fiquei impressionado com o que vi. O livro inteiro é muito, mas muito bonito. Com acabamento em capa dura — com uma ótima sensação de capa emborrachada ou aveludada —, uma linda contracapa vermelha, uma bela página preta ilustrada com um desenho no ínício de cada capítulo, letras capitulares e páginas costuradas no livro, a edição brasileira de "Prince of Thorns" é um colírio para os olhos. Realmente, palmas pra editora!

Já no quesito diagramação, eu encontrei apenas UM erro de concordância, nada que incomode ou prejudique a narrativa. Apenas um deslize do revisor.

Vale a pena?


Sinceramente, eu não sei direito. Na internet à fora, eu vi diversas pessoas rasgando elogios a "Prince of Thorns", dizendo ser um livro fantástico, Mark Lawrence sendo um dos melhores autores da literatura fantástica moderna, ao lado de nomes como Brandon Sanderson, Joe Abercrombie, Robin Hobb e até George R.R. Matin, veja bem! E, no fim das contas, o que eu vi nem foi tudo isso.

Com uma narrativa simples, um tanto clichê e rápida, mas confusa, "Prince of Thorns" é mais um livro medieval em meio à tantos outros. Se você tiver alguma outra opção, como "As Crônicas de Gelo e Fogo", "Mistborn", "As Crônicas de Artur" ou "A Roda do Tempo", vá atrás desses.

No mais, se você gosta de livros de fantasia medieval, "Prince of Thorns" é mais uma opção dentre muitas outras e você talvez se divirta, pelo menos graças ao tema abordado. Mas se nem desse tema você gostar, provavelmente não vai ser "Prince of Thorns" o responsável por te trazer à essa temática.



Outras capas:





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